PDOA: sistema inédito no Brasil viabiliza embarque de ovinos no MS

Horacio Tinoco
Horácio Tinoco sobre PDOA: ‘Criamos este sistema porque analisamos os entraves encontrados pelos ovinocultores e donos de frigoríficos de transportarem a carga’

 

Ovinocultores do Mato Grosso do Sul têm encontrado mais facilidade na hora de embarcar animais para o abate, do Estado para frigoríficos regionais mais próximos e até para outras localidades do país, por meio da implantação do sistema de Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate (PDOA), criado pela Federação da Agricultura e Pecuária do MS (Sistema Famasul).

O programa contou com as parcerias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Associação Sul-matogrossense de Caprinos e Ovinos, Câmara Setorial da Ovinocultura, Secretaria Estadual de Produção e Turismo e Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz).

O sistema já funciona há um ano, em uma propriedade rural localizada entre os municípios de Campo Grande e Sidrolândia, em espaço cedido gratuitamente por um produtor local que também cria ovinos.

“Antes, o ovinocultor tinha 12 cabeças para negociar, por exemplo, mas ficava inviável embarcar um número tão pequeno. Agora, ele leva quantos animais quiser até a PDOA e o frigorífico busca a carga, no dia e horário combinados”, explica o médico veterinário do Sistema Famasul Horácio Tinoco.

“Dependendo do número de animais, o valor do frete é dividido entre todos os produtores ou pode ser gratuito, conforme negociação com a empresa de destino”, ressalta Tinoco.

Ele também destaca que o envio dos ovinos para abate, entre a chegada à propriedade e o embarque para os frigoríficos, demora em torno de oito horas.

“Pela legislação brasileira, os animais só podem permanecer no local, antes de seguir para o abate, por apenas três dias.”

Chegando à PDOA, os ovinos são pesados, registrados e inspecionados por um médico veterinário cadastrado pelo Iagro.

“Os animais são marcados por cores e registrados como sendo de propriedade de determinado produtor, por exemplo. No frigorífico, é realizada outra inspeção e o pagamento é efetuado diretamente ao ovinocultor, sem intermediários”, garante Tinoco.

Além da inspeção do estado de saúde dos animais, um funcionário da Sefaz do Mato Grosso do Sul verifica as Guias de Trânsito Animal (GTAs) e a nota fiscal.

“Estes documentos são necessários para que a carga siga até o frigorífico de destino, sem desvios de rota.”

SAÚDE ANIMAL

A saúde dos animais é um dos pontos mais importantes dessa cadeia logística, destaca Tinoco.

“Como são ovinos de várias unidades produtoras, cada qual com suas especificidades, é necessário garantir que eles estejam saudáveis. Se algum deles não estiver, aquele ovino é separado dos demais e o proprietário é comunicado sobre a situação: ou ele busca de volta, se for o caso de ter uma pata quebrada, por exemplo, ou o animal pode ser sacrificado.”

Para que não haja discrepâncias no processo de seleção, geralmente os animais embarcados têm idade e peso semelhantes, entre outras características.

“Por causa do novo sistema de embarque, muitos ovinocultores têm procurado a Famasul para obter outras informações, especialmente sobre manejo animal, porque ele quer participar da PDOA.”

De acordo com Tinoco, o programa veio em bom momento para criadores que foram recentemente prejudicados com a suspensão do abate de ovinos pelo frigorífico mais próximo do Mato Grosso do Sul (localizado em São Paulo). No último embarque, realizado no dia 2 de maio, foram registrados 120 animais de três produtores, com média de peso entre 39 e 40 quilos, cruzamento de raças e acabamento de carcaças que garantem a qualidade do produto.

DESEMPENHO

Após um ano de implantação, já foram feitos cinco embarques via Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate, somando aproximadamente 600 cabeças.

“Criamos este sistema porque analisamos os entraves encontrados pelos ovinocultores e donos de frigoríficos de transportarem a carga, especialmente por causa das condições da estrada”, ressalta o veterinário da Famasul.

Ranqueado entre os dez maiores produtores de ovinos do Brasil, com rebanho de 478 mil cabeças, o Mato Grosso do Sul conta, por enquanto, com apenas uma unidade de PDOA. Segundo Tinoco, outros proprietários rurais do Estado já se mostraram interessados em montar uma unidade própria em sua fazenda. Quem quiser orientação basta entrar em contato com a Famasul pelo site www.famasul.com.br, pelo telefone 67 3320-9700 ou pelo e-mail famasul@famasul.com.br.

Por equipe SNA/RJ

 

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