Patriotismo Agroambiental: Projeto Agro Verde Oliva capacita recrutas do exército e fortalece o agro em Alegrete (RS)

Projeto Agro Verde Oliva em plena ação – Foto: Exército Brasileiro

O Brasil ocupa a 10ª posição no ranking mundial dos maiores produtores de arroz. Em nível nacional, o Rio Grande do Sul lidera a produção do cereal (70%), seguido por Santa Catarina (10%) e Tocantins (7%), conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A produção de alimentos com qualidade e sustentabilidade do Agro brasileiro também se faz presente na rotina das instituições do Estado, articulando, a um só tempo, os seus aspectos agroambientais, os valores da cidadania e os sentimentos de amor à pátria, a caracterizar o “patriotismo agroambiental”, nas palavras de Frederico Price Grechi, diretor jurídico da SNA.

O projeto visa inserção de militares no mercado de trabalho, após seu retorno à vida social, quando finalizado seu último ano de engajamento na instituição – Foto: Exército Brasileiro

Nesse contexto, com a alta demanda de mão-de-obra qualificada para o cultivo de arroz em um ambiente onde o agronegócio é fortalecido, o Exército Brasileiro, por meio do 6° Regimento de Cavalaria Blindado (6º RCB), em Alegrete (RS), Organização Militar subordinada a 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (2ª Bda C Mec), deu início ao projeto Agro Verde-Oliva para inserção de militares no mercado de trabalho, após seu retorno à vida social, quando finalizado seu último ano de engajamento na instituição.

O projeto

A ação foi resultado de uma parceria entre o Exército Brasileiro, a Associação dos Arrozeiros de Alegrete, a prefeitura municipal, a consultoria AgroGente, o Sindicato Rural da localidade, o Instituto Riograndense de Arroz (IRGA), além de produtores de arroz de Alegrete e de cidades do seu entorno.

Em 2022, 6º RCB era comandado pelo Coronel Gustavo Lopes da Cruz, que via naquela região, onde, praticamente, 90% do PIB vem do agro, uma oportunidade de reinserção dos soldados ao mercado de trabalho, quando findasse seu período no serviço militar.

“Diante daquele cenário totalmente envolvido no agronegócio, idealizei, juntamente com parceiros, cursos relacionados à agricultura. A maneira encontrada foi qualificá-los para terem plenas condições de ingressarem no mercado de trabalho, após sua saída do quartel. Assim começou o projeto Agro Verde-Oliva”, explicou o Coronel Gustavo Lopes da Cruz.

Aula de cultivo de arroz – Foto: Exército Brasileiro

Gustavo Flores da Cunha Thompson Flores, presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete (AAA) e coidealizador do projeto, em conversa com Cel. Gustavo Lopes, levantou a hipótese de realizar os cursos na área do Centro Hípico, pertencente ao 6º RCB, o que só viria a acontecer no segundo ano do Agro Verde Oliva, devido a espera pela liberação da Licença Ambiental.

“Montamos a parte didática e grande parte da diretoria da nossa associação se dispôs a aulas sobre mecanização, aplicação de defensivos, fundamentos da lavoura, dentre outros; de maneira que o participante aprendesse todo o processo de cultivo do arroz, bem como sobre a pecuária.

A pleno vapor

No ano seguinte, foi encerrada a fase de teste e iniciada a etapa embrionária com plena execução do projeto. No contexto da reinserção no mercado de trabalho, fruto de todo o aprendizado que o serviço militar proporciona aos jovens que ingressam nas fileiras das Forças Armadas, diversas capacitações foram oferecidas e emitidos diplomas de motorista, segurança e outras áreas em que os soldados atuavam no quartel no seu cotidiano, além da nova capacitação para o agro.

Momento de instruções sobre manuseio de maquinário pesado – Foto: Exército Brasileiro

“Por exemplo, um motorista de blindado recebia um diploma de operador de máquinas pesadas, tanto pela experiência adquirida no Exército, complementada pelas aulas práticas em maquinário pesado nas concessionárias de parceiros na cidade, como ainda tinham ainda aulas teóricas no auditório do próprio regimento. Estes, tornavam-se aptos a operar colheitadeiras, plantadeiras, entre outras”, informou o Cel. Lopes da Cruz.

A primeira turma, finalizada no início deste ano, formou 20 soldados que estão, atualmente, trabalhando em propriedades rurais de produtores de arroz e, totalmente, qualificados para acompanharem o processo completo de produção, de acordo com o site alegretetudo.com.

Segundo o presidente da AAA, neste ano o projeto está qualificando 11 participantes que ainda estão na ativa. A partir de janeiro de 2025, começam as baixas de alguns soldados, porém eles estarão prontos para trabalhar com a agricultura, a pecuária ou mecanização geral, se assim quiserem”.

Apoio coletivo

A comunidade local, como um todo, abraçou a ideia também pelo viés social desta ação. Todo o arroz produzido é doado para instituições que acolhem pessoas em situação de vulnerabilidade social e/ou alimentar e nutricional. Uma atitude que vai de encontro à Agenda Social “ESG” (Environmental, Social and a Governance).

Além fronteiras

“É nossa pretensão que o projeto seja replicado em outros estados e passe a integrar uma das capacitações do projeto Soldado Cidadão, realizado pelo Ministério de Defesa com o objetivo de qualificar, profissionalmente, os recrutas que prestam o Serviço Militar Obrigatório, complementando sua formação cívica-cidadã e facilitando o seu ingresso no mercado de trabalho, após o período obrigatório junto às Forças Armadas”, reforçou o idealizador do projeto e integrante do Exército nacional.

No momento

O atual comandante do 6º RCB de Alegrete, Coronel Carlos Artur Cestari Correa da Cunha, informou que o projeto tem capacidade de formar até 30 militares por ciclo. “No ano passado, aquele Regimento adquiriu licença ambiental para realizar as aulas práticas em sua própria área de instrução, que mede 21 hectares; lembrando que trata-se de uma terra não utilizada para instrução militar”.

Para o Cel. Cestari Correa da Cunha, a lavoura de arroz é uma das mais complexas, exigindo bastante capacitação. “É uma cultura desafiadora, mas acredito que ao final deste projeto, o aprendizado poderá ser facilmente replicado para outros tipos de lavoura, como a de soja ou a fruticultura”, finalizou.

Por Larissa Machado
larissamachado@sna.agr.br
*Imagens cedidas pelo Exército Brasileiro

 

 

 

 

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