Carlos Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), considera extremamente importante a parceria firmada com o Banco do Brasil, que prevê investimentos no Programa Soja Plus para a prestação de assistência na área de gestão econômica, social e ambiental das propriedades rurais que produzem soja.
Maior financiador brasileiro de safras, o BB “está aderindo a um programa de aculturamento do nosso produtor rural, na medida em que ele está recebendo conhecimentos adicionais para se colocar em um patamar mais interessante do comércio internacional da commodity soja”, disse Lovatelli.
O termo de cooperação mútua foi assinado com a Abiove e Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), na presença do presidente da entidade, Ricardo Tomczyk, em solenidade realizada em São Paulo. Além de Lovatelli e Tomczyk, Osmar Dias, vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, também participou da solenidade.
Para o presidente da Abiove, a participação do BB “é um fator importantíssimo de controle da eficiência Soja Plus, porque o produtor que se destacar, ornando o programa completo ao cumprir as normas exigidas pela legislação, vai ganhar a total simpatia do Banco do Brasil, traduzindo-se em condições de crédito favorecidas ou em atendimento em volume de créditos adicionais, porque é de todo interesse do banco que o agricultor produza dentro da lei, que plante bem e que tenha um bom resultado”.
“É interessante a chegada de novos parceiros de peso para dar envergadura ao programa (Soja Plus)”, destacou Tomczyk, da Aprosoja-MT. O BB ainda vai colaborar na produção de conteúdos técnicos em materiais de treinamento, inclusive sobre os produtos e serviços disponibilizados pelo banco ao produtor rural, com especial atenção aos destinados à adequação socioambiental da propriedade. Também vai utilizar sua estrutura e equipes para apoiar cursos, treinamento e dias de campo realizados pelo programa.
“O Soja Plus é uma iniciativa que valoriza a agricultura brasileira, ao viabilizar a melhoria contínua das propriedades rurais. A participação do Banco do Brasil no programa reforça nosso compromisso com ações que apoiam, de forma efetiva, a evolução dos produtores rurais no sentido da sustentabilidade”, avaliou Dias (BB).
De acordo com ele, o Soja Plus ensina ao produtor que ele tem um caminho diferente a seguir e pode levá-lo a ter uma relação melhor com o seu funcionário, com o meio ambiente e ainda implantar uma nova gestão para “tocar” sua propriedade.
“Acredito que o papel do Banco do Brasil seja participar, da melhor forma possível, primeiro indo até o Banco Central, indo ao governo, facilitando e negociando adaptações às linhas de crédito para o programa. Essa é uma tarefa que nos cabe, uma vez que o banco tem hoje uma participação de aproximadamente 65% do crédito agrícola no Brasil”, detalhou Dias.
“Além disso, colocaremos à disposição 250 técnicos distribuídos pelo País, para possam acompanhar o projeto e disseminar suas técnicas. A intenção é melhorar a gestão das propriedades, para que elas se modernizem cada vez mais”, reforçou o vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do BB.
EXPANSÃO
Para o presidente da Abiove, a parceria com a instituição financeira estatal também inaugura uma nova etapa na agenda do Soja Plus, que tem planos de expansão para outros Estados produtores. O programa começou em Mato Grosso (1º produtor nacional), em 2011, se estendendo para o Mato Grosso do Sul (5º maior), Minas Gerais (6º) e Bahia (7º).
“O Soja Plus é demandante e precisa de mais pessoas, de técnicos para levar às propriedades as capacitações, e o que precisa ser feito de melhorias para elas se adequarem às exigências da legislação brasileira”, pontuou Lovatelli.
“A intenção é estender o projeto para outros Estados o mais rápido possível, pelo menos dois ou três nos próximos dois ou três anos. Com a vinda do Banco do Brasil, que certamente também vai nos dar uma ajuda financeira no processo, ao menos é o que esperamos para apressar e desenvolver o Soja Plus nos Estados restantes. Hoje, no Brasil, cerca de 17 Estados produzem soja, sete são responsáveis por mais de 90% da produção brasileira. Então, tudo isso vem a acelerar o processo”, salientou o presidente da Abiove.
Ele comentou que cada Estado tem seus regionalismos e históricos, mas a receptividade, ao Soja Plus, é excelente. “Uns veem o programa com um pouco mais de atenção e cuidado; e outros já estão se precipitando no processo, porque já entenderam que o Soja Plus é bom”, afirma Lovatelli. Além disso, ele destacou que está havendo “uma tentativa muito grande de interferência na performance qualitativa de nosso produtor rural por parte dos certificadores internacionais, dos europeus principalmente”.
EUROPA
“Hoje, nosso ‘antimarketing’ é a Europa, por ser um continente muito exigente no que diz respeito aos aspectos ambientais. A nossa proposta de um programa absolutamente brasileiro, dentro das possibilidades do nosso produtor, que tem uma legislação extremamente pesada em cima dele, tanto trabalhista quanto ambiental, faz com que o Soja Plus tenha a preferência dessas certificações internacionais que se baseiam, muitas vezes, em dados ou prerrogativas que não correspondem com a realidade brasileira”, disse o presidente da Abiove.
O Soja Plus é divido em três fases: a primeira é de mobilização dos produtores por meio de palestras e informações gerais sobre o programa; a segunda é a de realização dos cursos; e a terceira, da assistência técnica nas fazendas, quando é aplicado o “check list” com os indicadores socioambientais.
Sua metodologia de trabalho está alicerçada em cinco módulos de gestão aplicada à propriedade rural: saúde e segurança ocupacionais, melhores práticas de produção e adequação ambiental; viabilidade financeira e econômica; qualidade do produto e responsabilidade social. Os produtores participantes recebem diversas ferramentas para a melhoria da gestão das propriedades rurais.
Uma delas é o manual ilustrado sobre construções rurais, além de vídeos aulas com os procedimentos seguros em diferentes locais e situações, como oficinas mecânicas e transporte de funcionários; uso correto de tratores agrícolas (pulverizadores e colheitadeiras); construções de aceiros para prevenção de incêndios; trabalho em altura e em ambientes confinados, entre outros.
Os produtores que participam do programa também recebem 60 placas informativas sobre saúde e segurança, kits de primeiros socorros, blocos carbonados para controle de entrega de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e documentos, além de fichas para registros de atividades.
Desde a criação do Soja Plus, já foram realizados cursos e oficinas de campo para 4.630 produtores rurais voltados para o cumprimento da rigorosa legislação social brasileira; oferecidos 81 cursos de 16 horas/aula para 1.620 produtores; distribuídas 75 mil placas de orientação para prevenção de acidentes; e 800 propriedades rurais foram beneficiadas com visitas técnicas regulares, realizadas pelos supervisores de campo.
Por equipe SNA/SP