O levantamento mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, prevê um recorde na safra estadual de grãos de verão, “alavancada pelo desempenho das lavouras de soja, milho e feijão”. A colheita está na fase inicial e o Deral estima que sejam colhidas 23,3 milhões de toneladas, volume 15% acima do mesmo período do ano passado, quando foram colhidas 20.2 milhões de toneladas.
Norberto Ortigara, secretário estadual de Agricultura, disse que “apesar da economia desorganizada e o sentimento de desalento, o produtor investiu muito em tecnologia, porque tem a convicção do seu negócio, da sua atividade, que é a agricultura e a pecuária”. Ele acrescentou que, devido às condições melhores de clima, “o resultado é extremamente positivo, com expectativa de safra recorde”.
Na avaliação de Ortigara, a partir do avanço e consolidação da colheita, a produtividade das lavouras pode melhorar ainda mais. “Se houver bom clima durante o andamento das três safras cultivadas no Paraná, poderemos atingir o volume de 40 milhões de toneladas de grãos em 2017, o que será outra marca recorde”, disse.
Soja
No levantamento de janeiro, o Deral estimou a produção recorde de 18.3 milhões de toneladas de soja. Se essa expectativa se confirmar a safra será 11% maior do que no ano passado, quando o volume colhido atingiu 16.5 milhões de toneladas.
O Marcelo Garrido, chefe da conjuntura agropecuária do Deral, observa que o aumento da produtividade se deve às boas condições climáticas e aos investimentos dos produtores em tecnologia.
Segundo ele, a colheita começou de forma lenta porque o plantio no ano passado atrasou em função do clima frio. “Mas a partir desta semana, a tendência é de aceleração e muitas máquinas estarão em campo para a colheita em praticamente todo o Estado”, disse.
O Deral calcula que 14% da produção de soja a ser colhida já foi vendida, ritmo mais lento que no ano passado, quando nessa mesma época 34% da safra estava comercializada. Garrido comenta que o produtor está capitalizado e não está ansioso por vender antecipadamente. “Ele acredita que o preço ainda pode melhorar”, disse.
Atualmente a soja no Paraná está sendo comercializada em média por R$ 67,00/saca, valor 5,64% abaixo do registrado em igual período do ano passado (R$ 71,00/saca). Garrido alerta que este ano a conjuntura está diferente, com prenúncio de excesso de oferta e muita especulação com relação a perdas em lavouras de soja na Argentina.
Milho
A colheita da safra de verão de milho no Paraná está no início, em menos de 1% da área estimada pelo Deral em cerca de 500.000 hectares, que é 21% maior que a semeada no ciclo passado. A produção deve alcançar 4.4 milhões de toneladas, volume 33% maior que o colhido no ano passado.
O Deral calcula que 4% da área do milho de segunda safra já está semeada e deve atingir o recorde de 2.3 milhões de hectares. A expectativa é de produção também recorde de 13.5 milhões de toneladas.
Os analistas do Deral comentam que a comercialização está fraca neste ano, devido aos preços menores, abaixo do que o produtor esperava. O cereal está sendo comercializado, em média, por R$ 26,00/saca. O valor é 13,3% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado (R$ 30,00/saca).
Na opinião de Edmar Gervásio, do analista do Deral, a tendência é de que a queda se acentue com ao avanço da colheita. “O produtor está com expectativa de obter um preço melhor, mas por enquanto a tendência não aponta para isso”, disse.
O técnico lembra que deverá haver safra cheia em todo País, este ano, que vai levar a uma recomposição dos estoques de milho, de 20 milhões de toneladas no Brasil, dos quais 3 milhões de toneladas no Paraná.
Além disso, a expectativa é de recuperação e normalização no abastecimento e na oferta de milho, o que deverá pressionar ainda mais os preços em torno do preço mínimo do grão que é de R$ 19,21 a saca/60 kg.
Fonte: Globo Rural