Paralisação dos caminhoneiros: prejuízo com frutas e hortaliças é de R$ 773 milhões

Os setores de frutas e de hortaliças calculam prejuízos de cerca de R$ 773 milhões com produtos estragados e vendas não realizadas, tanto no mercado interno como no externo. A soma é composta por R$ 567 milhões de perdas em hortaliças e de R$ 206 milhões em frutas, segundo as associações nacionais de produtores.

Ainda que a greve termine nas próximas horas, o total do prejuízo deve continuar a repercutir com a derrubada dos preços das mercadorias. A perda de qualidade dos alimentos faz os preços caírem. Centenas de carretas contendo perecíveis ainda estão retidas nas estradas.

“Esse estoque de oferta parado, sofrendo danos, está arriscado a ter cancelado seu pedido, o que levará à necessidade de uma renegociação de venda e consequente redução de preços”, disse o presidente da Abrafruta (Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados), Luiz Roberto Barcelos.

O exportador de limão Waldyr Pronicia, da Bahia, é um dos produtores que está com cargas travadas no bloqueio de caminhoneiros. “Estou com duas cargas paradas na rodovia BR 324 desde segunda-feira (21/5) tentando chegar a Santos para embarcar para o exterior e outras oito na fazenda prontas para despachar, esperando caminhão chegar”, disse.

Com exportação para países de toda a Europa, o produtor esta semana se viu obrigado a descartar três toneladas de limão, encaminhadas para o lixo por falta de refrigeração. Ao não embarcar a mercadoria negociada com os europeus, o produtor terá de arcar com multas pelo não cumprimento do contrato de venda e entrega.

“A multa é o menor dos problemas, pois dá para recuperar depois. O pior é ocorrer quebra de contrato, ou seja, o fim da relação com o cliente. Estamos tentando mostrar que lidamos com um problema totalmente fora de nosso controle”, afirmou o produtor.

O Nordeste brasileiro é o maior produtor e exportador de frutas do país. A produção é concentrada na região do Vale do Rio São Francisco. O setor de frutas fatura cerca de R$ 18 bilhões por ano no Brasil.

Mamão, manga e uva são os mais prejudicados pela paralisação, devido à fragilidade dos produtos. A produção está distribuída por todo o país, mas se mostra mais atingida em localidades como Mossoró (CE), São Joaquim (SC), Petrolina (PE), regiões com atividade econômica concentrada na fruticultura e cuja população local também sofre os efeitos da crise.

Só o efeito sobre os exportadores de frutas é estimado em R$ 6 milhões durante os cinco dias de greve nas estradas. O preferido do mercado externo é o melão, seguido de uva, manga e limão. “O contêiner não consegue chegar às fazendas para coletar as mercadorias, nem percorrer o trajeto até o porto para embarque”, disse Luiz Roberto Barcelos, presidente da Abrafruta.

Apesar dos problemas provocados na cadeia produtiva com a mobilização dos transportadores, os agricultores apoiam a manifestação. E o anúncio feito pelo presidente Michel Temer nesta sexta-feira (25/5) de que o governo usará força armada para desobstruir estradas indignou os produtores de hortaliças.

“Um grande número de agricultores reagiu à declaração, declarando apoio à causa dos caminhoneiros, inclusive fechando rodovias”, declarou o diretor da Ibrahort (Instituto Brasileiro de Horticultura e Hortaliças do Brasil), Luciano Vilela.

No setor de hortaliças, o impacto está sendo considerado “desastroso” pela Ibrahort, principalmente pelo fato de 90% dos agricultores serem familiares. A cadeia de produção do setor, que inclui 12 tipos de cultura, movimenta cerca de R$ 29.5 bilhões, segundo a entidade.

“Nosso prejuízo ultrapassa milhões. Perdemos R$ 200.000,00 por dia na região da Grande São Paulo, pois além de não conseguirmos escoar os produtos para os pontos de varejo, enfrentamos depredação de nossos veículos”, disse o presidente da Aphortesp (Associação dos Produtores de Hortifrutis do Estado de São Paulo), Marcio Hasegawa.

 

Fonte: Globo Rural

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