Pará: desafio é agregar valor à produção agropecuária

Dono do quinto maior rebanho bovino do país, líder na produção de dendê, açaí, abacaxi, cacau, pimenta-do-reino e mandioca, e 11º produtor de grãos, o Pará enfrenta o desafio de agregar valor à sua produção agropecuária, disse Giovanni Queiroz, titular da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap).

A produção do setor, medida pelo conceito das contas regionais, acrescentou R$ 14.5 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do estado em 2015 – dado mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa). Sua fatia no produto estadual se elevou de 11,89% para 12,24%, saindo de pouco mais de 7% no final da década passada.

A presença da agropecuária no estado, segundo dados trabalhados pela Tendências Consultoria Integrada, é mais relevante do que na média do país, que registra uma contribuição ao redor de 5% para a agropecuária na formação do PIB, e mesmo quando comparada a outras regiões onde o agronegócio é mais ativo. No Centro-Oeste, a produção agropecuária sustenta ao redor de 10% do produto total.

Em valores atualizados até outubro deste ano pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base no Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), o Valor Bruto da Produção da agropecuária deverá seguir praticamente a mesma tendência experimentada pelo restante do país, recuando 4,9% no estado, de R$ 13.932 bilhões para R$ 13.245 bilhões. Mas terá acumulado um salto de 68,6% desde 2008, superando em mais de duas vezes o crescimento de 29,3% anotado pelo valor bruto da agropecuária brasileira em igual intervalo.

A participação do Pará, ainda modesta, avançou de 2% em 2008 para 2,6% no valor bruto total do setor em todo o país neste ano, puxado pela pecuária, que apresentou elevação real de 83% no período, frente a 57% para a receita bruta das lavouras.

A pecuária contribuiu com pouco mais de 54% para o crescimento, com participação especial da exploração de bovinos, que viu sua renda bruta mais do que dobrar desde 2008, saltando de R$ 2.641 bilhões para R$ 5.585 bilhões neste ano. Isso correspondeu a 86,6% da receita da pecuária como um todo e a 42,2% do valor bruto total da agropecuária estadual. Para comparação, a criação de bovinos no país deverá responder neste ano por 13,5% do valor gerado pelo campo.

Entre 2007 e 2016, a produção de dendê aumentou 71%, para 1.49 milhão de toneladas, com o valor da produção saltando 160%, até R$ 382.5 milhões segundo o IBGE. O estado produziu, no ano passado, 1.08 milhão de toneladas de açaí, o que gerou uma receita nominal de R$ 3.91 milhões. Em volume, o IBGE registrou incremento de praticamente 8% frente a 2015, mas a renda bruta do produtor recuou 3,9% na mesma comparação.

Até o final dos anos 1980, o rebanho bovino paraense, estimado pelo IBGE em algo ao redor de 6.2 milhões de cabeças, representava pouco mais de 4% de todo o efetivo nacional, saindo de uma participação ainda mais modesta até meados dos anos 1970, em torno de 1,5%.

O rebanho quase triplicou desde 1990, passando a somar 17.4 milhões de animais em 2004, recuou para menos de 15.4 milhões de unidades em 2007 e avançou mais 33,4% desde então, atingindo praticamente 20.5 milhões de cabeças no ano passado, o maior na região Norte. “A relevância da pecuária na matriz econômica paraense está expressa na sua participação de 26% do PIB do setor primário”, disse Queiroz.

Segundo o secretário, o avanço na criação bovina nos últimos dez anos foi quase quatro vezes mais intensa do que o aumento médio de 9,25% acumulado pela pecuária brasileira, elevando a fatia do pará no rebanho total para 9,4%. O desempenho contribuiu para consolidar o estado como polo de produção de proteína animal e de exportação de carne bovina e animais vivos.

As exportações do agronegócio paraense interromperam, neste ano, a tendência de baixa observada desde 2015, o que resultou numa redução de 30% entre 2014 e o ano passado, saindo de US$ 2.028 bilhões para US$ 1.40 bilhão. Entre janeiro e outubro, as vendas externas ultrapassaram o valor exportado nos 12 meses e 2016, somando US$ 1.450 bilhão.

Os embarques de carne bovina e de bois vivos cresceram 32% e 47,5% em relação aos primeiros dez meses do ano passado, alcançando, pela ordem, US$ 291.8 milhões e US$ 159.3 milhões, o que representa em conjunto 31,1% das exportações totais do agronegócio.

O Pará respondeu por 76,1% de toda a venda externa de bovinos vivos realizada pelo país entre janeiro e outubro deste ano. Em número de cabeças, o Pará exportou 224.400 animais até outubro, aumento de 51,5% frente ao mesmo intervalo de 2016.

A liderança, no entanto, coube à soja em grão, com exportações de US$ 432.4 milhões, um terço a mais do que nos dez meses iniciais de 2016. Não por acaso, a produção estadual do grão representou 60,7% de toda a colheita realizada pelo Pará, somando 1.64 milhão de toneladas para uma produção total de 2.7 milhões de toneladas de grãos. Em dez safras, a produção da soja aumentou quase 700%.

 

Fonte: Valor Econômico

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp