Para 2016 e 2017 a salvação da economia de MT está creditada ao agro

Se em anos de bonança a agropecuária mato-grossense exerce importante papel na economia local como grande gerador de empregos e de indicadores econômicos e sociais positivos, imagina como o setor deverá ser demandando, a partir de agora, quando o Brasil vive momentos de insegurança em relação à economia, momento esse já intitulado de crise e deve, se os ajustes do governo federal derem certo, durar até 2017. Até lá, Mato Grosso, maior produtor de grãos e fibras do país, detentor do maior rebanho de bovino e um forte concorrente na oferta de aves e suínos, terá realizado duas safras agrícolas e se o clima ajudar, o peso dos problemas do país poderá ser menos sentido pela população e pelo poder público local.

O primeiro impacto positivo do segmento para o Estado está nas projeções de crescimento da economia para Mato Grosso e para o Brasil. Enquanto para o país o mercado estima retração do Produto Interno Bruto (PIB), um importante indicador local, o Valor Bruto da Produção (VBP) – que afere o valor das principais produções agrícolas do Estado dentro das propriedades – deve fechar com elevação de 3,7%, avolumando R$ 45,34 bilhões contra o contabilizado no ano passado, R$ 43,73 bilhões. Em relação à renda gerada pelo campo, 73% da estimativa de R$ 45,37 bilhões para 2015 virão da agricultura, sendo 51% originada exclusivamente pela soja.

“Temos de rezar muito para que o clima seja suficiente para o bom desenvolvimento das lavouras {de soja}, caso o contrário teríamos o pior dos mundos, pois o custo elevado não seria compensado pela baixa produção”, avalia o consultor Paulo Rabello de Castro.

Como analisa, Mato Grosso fica na ponta menos vulnerável enquanto ele recebe a compensação por uma taxa de câmbio desvalorizada que traz uma renda em reais favorecendo a queda em dólares das commodities agrícolas. “A perda de poder aquisitivo da população mato-grossense também é evidente na medida em que a inflação está correndo na frente de qualquer reposição salarial. Mesmo uma classe média, em Mato Grosso, está sendo prejudicada por uma taxa de inflação que incluiu uma carga tributária extra em forma de aumentos sobre os preços da energia elétrica e da gasolina, por exemplo. A inflação de custos devora a renda, devora o poder aquisitivo”. Em um cenário de muita incerteza em nível de Brasil, Rabello é enfático ao dizer que o agronegócio traz diferenciais positivos ao Estado. “Nós temos de conviver agora com o desafio de trabalhar para ganhar menos o que invoca redução dramática de custos, elevação de produtividade e reza”.

Presidente do Sistema Famato, Rui Prado, acredita que a recuperação da economia brasileira virá do agronegócio, mas pondera que há, nesse momento ainda, muita incerteza e nebulosidade. “Contar com a boa performance do agro é algo ainda prematuro em relação a nova safra [2015/16], já que o crédito oficial anunciado pela União ainda está sendo liberado de forma muito tímida e há ainda entraves como a imposição de aceite de seguro rural para a concessão dos recursos de custeio”. Como destaca, será um ano-safra bastante delicado. “O produtor terá de buscar produtividade para tentar passar de um ano para o outro, momento pede cautela”. Em função desses fatores pontuais, ele destaca que ainda é cedo para projetar o comportamento da economia estadual em 2016. “Um bom rendimento por hectare ameniza a pressão dos custos de produção e esse efeito do campo irá impactar de forma positiva o Estado”.

O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio, diz que Mato Grosso pode vir a se sobressair dessa crise por ter uma condição única que é a de produzir alimentos. “Nosso pulo do gato, não necessariamente será o salvador de pátria no próximo ano, mas nos seguintes, que é a produção de carnes e a integração lavoura-pecuária, esse último com vários exemplos de sucesso onde estão conseguindo integrar as atividades e obter renda satisfatória”. Como acrescenta, quando se tem uma produção diversificada em um momento de crise fica muito mais fácil de o produtor se proteger. Para Celidonio, produção de carnes está focada na de frangos e de suínos.

E a projeção feita pelo superintendente do Imea está validada com o recente anúncio de investimentos feito pela BRF (antiga Sadia) para suas plantas no Estado. Serão injetados R$ 1,1 bilhão em cinco unidades frigoríficas em Mato Grosso, entre elas duas ampliações, com a cifras focados no processamento de aves e suínos.

Como frisa o governador do Estado, Pedro Taques, quem sobrevive em momentos de crise não é o mais forte, e sim, o que tem mais capacidade para se adequar às dificuldades. “Aqui não falamos em crise, falamos em oportunidades. Vamos deixar a crise lá fora e aqui ninguém vai chorar, vamos vender o lenço para quem está chorando”.

 

Fonte: Agrolink

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