A queda nas temperaturas e a ocorrência de geadas neste outono já trazem consequências negativas para o cultivo de cana-de-açúcar em algumas importantes regiões produtoras do País. De acordo com estimativas da Canaplan, as questões climáticas deverão ter impacto relevante para esta safra, principalmente, no Centro-Sul do País.
Em seu último encontro, realizado em abril com os principais produtores de cana do País, a empresa projetou uma banda de flutuação para a safra deste ano, que deve oscilar entre 555 milhões de toneladas a 580 milhões de toneladas. “O que estamos observando é que, principalmente por conta das geadas e da pouca chuva, é que ficaremos muito próximos ao piso das estimativas e bem abaixo da safra do ano passado, que foi de 596 milhões de toneladas”, explica Caio Carvalho, diretor da Canaplan.
O executivo conta que alguns produtores estão reportando quebras na safra de 10% até 12%. “Alguns já comentaram que uma quebra de 5% seria um percentual bem razoável”, acrescenta ele. Além da redução nos volumes, outro ponto que preocupa é a qualidade da cana-de-açúcar desta safra.
“O frio seco, sem chuva e com geadas, atingiu principalmente o Centro-Sul do País, onde os canaviais já estavam envelhecidos. Isso significa que poderemos ter problemas na qualidade desta cana. Em alguns casos, pode ocorrer o que chamamos de ispporização, ou seja, a cana fica seca, como um isopor”, relata Caio Carvalho.
Na avaliação do diretor da Canaplan, esta safra deve ser mais voltada para a atividade alcooleira e menos para a produção do açúcar. Isso porque, diz ele, países asiáticos estão investindo de forma pesada em subsídios para a produção do açúcar, o que deixa o preço do produto menos atraente no mercado internacional.
De acordo com o último relatório da Conab, divulgado em maio, a área a ser colhida no Brasil de cana-de-açúcar destinada à atividade sucroalcooleira, na safra 2018/19, deverá atingir 8.613,6 mil hectares, representando redução de 1,3% em relação ao ocorrido no exercício anterior.
Se confirmada, será a segunda queda consecutiva na área a ser colhida. As Regiões Norte, Sul e Sudeste devem ter redução na área, enquanto a Região Centro-Oeste e a Sudeste devem manter a área total a ser colhida.
Já a produtividade média estimada pela Conab para a temporada 2018/19 é de 72.671 kg/ha, bem próxima da alcançada nas duas últimas safras, que foi de 72.623 kg/ha na safra 2016/17 e 72.543 kg/ha na safra 2017/18.
De acordo com o órgão, o envelhecimento das lavouras, a baixa taxa de renovação, a falta de investimento em algumas regiões e a redução do pacote tecnológico têm mantido as médias brasileiras inferiores a 80.000 kg/há. Mas diante das intemperes observadas pela Canaplan, estas estimativas de produtividade devem ser revisadas nos próximos meses.
Equipe SNA/Rio