Os dois lados da compra da Monsanto pela Bayer

A compra da Monsanto pela Bayer, anunciada ontem após meses de negociação, fortalece ainda mais a concentração de mercado ocorrida nos últimos anos no agronegócio. Com a operação, somada à compra da Syngenta pela ChemChina e à fusão entre Dupont e Dow Agroscience, nasce uma nova configuração global no setor de insumos agrícolas – concentrada em poucas companhias.

O negócio entre a alemã Bayer e a americana Monsanto criará uma empresa que dominará mais de um quarto do mercado agrícola no mundo, combinando sementes e químicos. Enquanto a multinacional americana é líder no mercado de sementes transgênicas, a alemã está na ponta do mercado de defensivos.

Juntas, as companhias se transformarão em um gigante mundial com volume de negócios anual de US$ 25.8 bilhões e quase 140 mil funcionários no mundo todo. Por mais um ano, pelo menos, as duas empresas seguirão com vida própria – até que o negócio seja legalmente efetivado.

Os efeitos da operação, com boa parte do valor pago em dinheiro e não com troca de ações, ainda são avaliados de formas distintas pelo mercado.

Enquanto produtores temem ficar de mãos amarradas na hora de negociar com apenas um fornecedor de insumos, especialistas acreditam que a composição dos produtos das duas empresas resultará em pacotes tecnológicos mais completos.

“A concorrência dessas empresas sempre se acentuou nos investimentos que fazem em pesquisa e inovação. A fusão entre elas deverá estimular ainda mais investimentos nessas áreas, o que é benéfico para a agricultura” – aponta Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para os produtores, a operação é vista com incerteza: “Quando empresas se unem, diminui a concorrência no mercado, o que não é bom” – avalia Glauber Silveira, presidente da Câmara Setorial da Soja.

Há também quem classifique o negócio como “casamento dos infernos”. Na Alemanha, sede da Bayer e onde a sociedade se opõe aos transgênicos, a operação poderá resultar numa mudança de ideologia da União Europeia em relação aos materiais geneticamente modificados.

 

 

Fonte: Zero Hora

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