Com a atual escassez de crédito para os produtores rurais, as Operações de Barter, ou seja, a aquisição de máquinas e insumos (sementes, defensivos e fertilizantes) em troca de produtos agrícolas (commodities), estão cada vez mais em alta no agro. De modo geral, a negociação envolve um produtor, uma trading como intermediária e uma empresa de insumos.
De acordo com o vice-presidente da SNA, Helio Sirimarco, o sistema é vantajoso porque funciona como “válvula de escape”.
“No momento, o produtor rural quer driblar os juros altos, as dificuldades de crédito, e quer evitar os riscos das variações no câmbio e nas commodities”, salienta.
NEGOCIAÇÕES
Recentemente, a New Holland aprovou a negociação de máquinas agrícolas (colheitadeiras) em troca de sacas de soja (acordo até então inédito), com a participação da Cargill.
“O valor dessas máquinas no mercado pode atingir quase R$ 1 milhão”, ressalta o vice-presidente da SNA. No caso da New Holland, as máquinas foram destinadas a produtores da Bahia, Goiás e Mato Grosso.
Já a Basf estima que cerca de 35% de seu faturamento no Brasil tenha como origem as Operações de Barter.
Analistas estimam que as vendas utilizando o sistema de negociação por troca deverão ultrapassar, este ano, mais de R$ 20 milhões.
Em declaração ao jornal Valor Econômico, Jefferson Kohler, gerente de Marketing da New Holland, afirmou que a procura por essa modalidade é alta.
“Geralmente, os produtores estão interessados em pagar 10% de entrada em sacas e o saldo, por meio do Finame Agrícola, mas já houve casos de 40% do valor ser negociado por Barter.”
PARTICIPAÇÃO
Para negócios avaliados em até US$ 250 mil, com um avalista e uma Cédula de Produto Rural (CPR) relativa ao volume de soja, o produtor poderá participar do sistema de troca. Além disso, a hipoteca da terra será oferecida como garantia caso as negociações ultrapassem US$ 250 mil.
No caso da soja, no entanto, as cotações vão continuar a garantir o Barter. Para Sirimarco, com a forte demanda, interna e externa, e com as atuais condições climáticas nos Estados Unidos, a tendência é que as cotações em Chicago se estabilizem.
“Com o dólar mantendo a sua atual tendência, os preços internos não devem sofrer alterações significativas, mantendo-se nos níveis atuais. Por essa razão, os produtores não deverão ter problemas em continuar utilizando a oleaginosa para garantir as operações.”
Por equipe SNA/RJ