A oferta restrita de leite no País voltou a elevar os preços ao produtor brasileiro em abril, de acordo com levantamento da Scot Consultoria. O valor médio pago aos produtores pelo leite – entregue em março – foi de R$ 1,042 por litro, valorização de 3,29% sobre o mês anterior, quando já havia subido 2,66%, segundo o levantamento.
Rafael Ribeiro, analista da Scot, afirmou que a oferta de leite neste início de entressafra está em queda em decorrência da falta de chuvas em importantes regiões produtoras, como Triângulo Mineiro e Brasil Central, o que afetou as pastagens que alimentam o rebanho leiteiro. Para agravar o quadro, os custos dos grãos, usados na suplementação da alimentação do rebanho estão em alta. Isso também impacta a produção, disse Ribeiro.
Segundo o índice de captação de leite da Scot, em março a captação caiu 2,1% em relação a fevereiro, na média nacional, e dados parciais mostram que deve ter havido recuo de outros 2% em abril.
Diante da retração na oferta, a cotação aos produtores só não é maior porque o consumo está fraco, reflexo da crise econômica no País. “Se a demanda estivesse normal, poderia ocorrer alta mais expressiva”, disse.
Embora os preços aos produtores estejam em alta, as margens dos pecuaristas estão apertadas, pois os custos subiram mais ainda. Segundo a Scot, entre abril de 2015 e abril deste ano os custos de produção aumentaram 26,2%. Na mesma comparação, os preços ao produtor tiveram alta (em termos nominais) de 14%, informa a consultoria.
Os preços do leite longa vida também subiram, mas a valorização é mais expressiva no atacado que no varejo, conforme o levantamento da Scot. Enquanto no atacado paulista, o litro saiu de R$ 2,38 em março para R$ 2,44 em abril, no varejo, a alta foi de R$ 0,06, para R$ 3,05 por litro. “No varejo, a alta é menor em razão da demanda desaquecida”.
Para Rafael Ribeiro, a tendência é que os preços pagos aos produtores sigam firmes nos próximos meses, mas a entrada de lácteos importados no mercado doméstico pode limitar as altas.
Ele acrescenta que o desempenho da produção de leite no Sul do País, onde pastagens de inverno são usadas na alimentação, também vai influenciar os preços.
Pesquisa da Scot com cerca de 150 laticínios mostra que 73% esperam alta no pagamento de maio ao produtor e 27% acreditam em manutenção dos preços.
Fonte: Valor Econômico