O Banco do Brasil anunciou ontem que vai garantir R$ 101 bilhões para operações de crédito rural na safra 2016/17, que oficialmente começou no dia 1º de julho.
O montante é um pouco inferior aos R$ 110.5 bilhões disponibilizados em 2015/16, já que incluiu menos recursos para operações de investimento, por conta da demanda ainda retraída, e também considera menos contratações a partir das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
Paulo Caffarelli, presidente do BB, destacou que, do valor total à disposição do setor na temporada recém-iniciada, R$ 61.1 bilhões serão destinados à agricultura empresarial, 12% mais que no ciclo passado.
Outros R$ 15.3 bilhões estarão disponíveis para médios produtores enquadrados na linha Pronamp, um aumento de 7% na mesma comparação.
O banco também reservou R$ 14.6 bilhões para agricultores familiares no âmbito do Pronaf, conjunto de linhas de financiamento voltadas para a categoria, 8% mais do que na safra passada.
Assim, o BB continuará na liderança nos desembolsos de crédito rural no País, como acontece tradicionalmente.
No total, o governo do presidente interino Michel Temer reservou R$ 185 bilhões para crédito rural em 2016/17, ante os R$ 187.7 bilhões inicialmente programados para 2015/16.
“Mesmo em um momento difícil para a economia, estamos em um país com vocação para a agricultura – e não há demanda do setor que o banco não vai conseguir cumprir”, disse Caffarelli.
Antes de apresentar o plano à imprensa, o executivo revelou seus detalhes, no Palácio do Planalto, a Temer e ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
O presidente do BB também detalhou que, do total alocado tanto para agricultores empresariais quanto para familiares na temporada 2016/17, R$ 71.1 bilhões serão destinados a operações de custeio e comercialização e R$ 19.9 bilhões para as de investimento.
Essas linhas contam com juros controlados pelo governo, portanto mais baixos que os praticados no mercado.
Dentre as linhas de financiamento do Plano Safra 2016/17, o BB vai destinar R$ 1 bilhão para o Programa de Armazenagem (PCA), R$ 3.8 bilhões para o Moderfrota (que financia maquinário agrícola) e R$ 2.2 bilhões para o Programa para Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que incentiva práticas de cultivo ambientalmente corretas.
O vice-presidente de Agronegócios do banco, Osmar Dias, afirmou que R$ 10 bilhões do total que o banco vai ofertar em 2016/17 serão levantados a partir da emissão das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), dos quais R$ 6 bilhões a juros controlados de 12,75% ao ano. As LCAs são títulos financeiros isentos de Imposto de Renda.
Dias aproveitou o anúncio de ontem para contestar a versão de milhares de agricultores espalhados pelo país que se queixaram de rigor excessivo na análise de crédito para empréstimos na safra 2015/16. Segundo ele, o nível de inadimplência nos financiamentos ao setor continua baixo em 0,9%.
O BB encerrou a temporada passada com desembolsos totais R$ 84.6 bilhões, 23% mais que em 2015/16 em termos absolutos e montante, se deflacionado, 13% superior. E encerrou junho com uma carteira de crédito no agronegócio de R$ 180 bilhões.
Pode ter sido uma das últimas entrevistas de Dias como vice-presidente do BB. Em tempos de mudança no banco, por conta da troca de governo, o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, disse que foi convidado para ocupar o cargo.
Fonte: Valor Econômico