As exportações brasileiras de carnes bovina, suína e de frango tiveram um faturamento 8,9% maior em 2017 na comparação com o ano anterior, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento (Mapa).
O resultado é superior ao observado em 2016, quando as exportações cresceram menos de 1% frente a 2015, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec). A queda do consumo interno e a crescente demanda do mercado chinês são as principais razões do crescimento observado em 2017.
Segundo a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), a China importou 300 mil toneladas de carnes bovina, suína e de frango do país a mais em 2017 em relação a 2016. China e Hong Kong foram o destino de 58,1% da carne bovina exportada pelo Brasil no ano passado. O mercado chinês ainda foi responsável por 39,7% das exportações mineiras de carne de boi, segundo a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
As exportações de carnes no estado também cresceram 25% em 2017, puxadas principalmente pela carne bovina, que teve aumento de 68,7% no ano passado em comparação com 2016. “Os atrativos da carne mineira para a China são o preço e a qualidade”, explica o superintendente de Abastecimento da Seapa, João Ricardo Albanês.
“A China tem como característica, além de um grande mercado consumidor, servir de entreposto para outros países no seu entorno”, diz a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso.
Outra motivação para o aumento das exportações foi a queda do consumo no Brasil. “A saída dos frigoríficos em um ano de crise econômica, que afetou as vendas no Brasil, foi buscar mercados aquecidos internacionais”, avalia o vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco.
“Internamente, 2017 foi um ano difícil para o mercado da carne. O consumidor, diante da crise, diminuiu a demanda e fez substituições por carnes mais baratas ou ovo, buscando opções de proteína mais econômicas. Isso influenciou o aumento das exportações”, afirma Aline Veloso.
A coordenadora ainda aponta como mais uma motivação da exportação o aumento do valor médio da tonelada de carne de boi em 2017 na comparação com 2016. No ano passado, o preço médio da tonelada foi de US$ 4.069,64, enquanto a média de 2016 foi de US$ 3.840,96.
Já no mercado brasileiro, o preço da carne bovina tem caído no atacado. Segundo a Scot Consultoria, nas duas primeiras semanas de 2018, o preço médio dos atacadistas no Brasil recuou 2%. De acordo com a consultoria, a queda dos preços no atacado está atrelada à demanda retraída dos consumidores, que está fazendo frigoríficos e supermercados diminuírem as encomendas e manterem os estoques baixos.
Sem impacto
O vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco, salientou o bom resultado das exportações de carne em 2017 apesar da operação Carne Fraca, deflagrada em março do ano passado.
Mercado busca acordos com Mercosul e União Europeia
Mercosul e União Europeia são o alvo do mercado de carne brasileiro em 2018, segundo a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso. Além deles, Aline cita que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também procura abrir mercado em países como Coreia do Sul, México e Japão.
Um possível acordo de exportação de carne para os dois blocos de países também é citado pelo vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco. “Estamos negociando acordos comerciais com os dois grupos. Mas também com a Inglaterra diretamente, que está saindo da UE”, explica o dirigente.
Para Sirimarco, a exportação de carne para o Estados Unidos está dificultada por questões comerciais. “Eles competem com a gente pelo mercado da China. Por isso, já tentaram criar barreiras para a carne brasileira”, diz.
Ranking dos maiores países importadores de carne bovina
Brasil
China e Hong Kong: 58,1%
Rússia: 8,2%
Irã: 5,6%
Egito: 4%
Outros 61 países importadores: 24,1%
Minas Gerais
China e Hong Kong: 39,7%
Irã: 9,2%
Egito: 8,7%
Rússia: 8%
Outros 130 países importadores: 36,4%
Fonte: O Tempo