Apesar da safra e importações recordes, a disponibilidade do trigo está ficando cada vez mais escassa A principal causa é o aumento da demanda, principalmente de pães congelados, de pré-misturas, de pães industrializados e de massas. Mesmo assim, o preço do produto não deslancha no mercado e a Consultoria Trigo & Farinhas aponta quatro “motivos principais”.
“Este aumento da demanda já fez os preços do trigo em grão subirem cerca de 20% no RS desde o início da safra até agora e 17% no Paraná. No mesmo período Chicago já subiu 12% e o dólar subiu mais 4,4%. Mas, há espaço para subir mais. Então, porque o mercado está travado? Por quatro motivos principais”, indica a T&F.
O primeiro é o preço das farinhas (comum e inteira), que não se alteram desde o dia 06 de fevereiro último e os das farinhas, bem como da especial e de panificação, que caíram 13,51% no mesmo período. “O que está aumentado, devagar, é o volume e não são os preços dos produtos finais nas gôndolas dos supermercados. As indústrias estão absorvendo as diferenças”.
Outro motivo são os fretes, que já subiram muito: a entrada da colheita do milho safrinha no Centro-Oeste está esvaziando a oferta de fretes de médias e longas distâncias. Muitos caminhões do Paraná indo para MS e MT para levar milho das lavouras para os silos. Mesmo que subam na ponta compradora, são pressionados pelo frete que mantém baixos os valores da ponta vendedora.
Mais um fator, ressalta a T&F, é que os moinhos estão abastecidos, pois a supersafra de 6.7 milhões de toneladas trigo de 2016/17, somada à importação recorde de 6.9 milhões de toneladas está deixando os moinhos razoavelmente supridos. Por terem aumentado os seus estoques, podem fazer agora pressão contra os aumentos.
Por fim, a abundância de milho inibe a demanda de farelo de trigo. Os altos preços do trigo em abril de 2016 foram puxados, principalmente pela falta de milho no mercado interno. Neste ano este fator está ausente, porque estamos colhendo uma safra razoavelmente abundante do produto, que se traduz em preços muito baixos.
“E o milho tem uma vantagem extra para ração que o trigo não tem: óleo (que se transforma em energia). Se poderia dizer que o trigo tem proteína, mas o trigo que vai para ração é o que tem menos proteína (máximo de 10,5%, contra 12,5% ou mais do que vai para panificação)”, disse o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco.
Fonte: Agrolink