O Protagonismo de Mato Grosso no Agronegócio Brasileiro

Por Marcelo Sá
Equipe SNA

Mato Grosso sempre se destaca na liderança da produção agrícola nacional, com números impressionantes, sempre acima da média, sendo a economia que mais cresceu no país nesse século. Segundo o IBGE, o PIB do estado cresceu num ritmo quase três vezes maior do que o restante do Brasil. A pandemia, naturalmente, causou uma queda brusca, mas já em 2022 o ritmo de crescimento retornou aos patamares anteriores. E nada leva a crer que isso deve mudar, com a economia mato-grossense já ocupando a 12ª colocação no ranking nacional, três posições acima de vinte anos atrás.

Essa pujança resulta, naturalmente, do agronegócio, que representa 56,6% do PIB estadual. A agropecuária tem ampliado seu destaque, contribuindo para Mato Grosso dobrar a sua participação na média nacional. Com efeito, outros índices também refletem esse cenário positivo, com a taxa de desemprego sendo a quarta menor das unidades da federação (3,5%) no último trimestre do ano passado, e mais baixa ainda que a média dos países do G7, que ficou em 3,7% no mesmo período.

A safra de grãos, ponto forte da produção, hoje é seis vezes maior do que há vinte anos, e em 2023 a produtividade das lavouras deve ficar atrás apenas da de Santa Catarina e do Distrito Federal, com a soja registrando uma safra recorde, com boa parte dela sendo exportada.

As exportações de soja do Mato Grosso totalizaram 17.295 milhões de toneladas no período de janeiro a maio de 2023. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o volume é 3% superior ao exportado pelo estado no mesmo período de 2021 e corresponde a 35,28% das exportações brasileiras no acumulado de 2022. A produção de milho também aumentou, sobretudo em comparação a outros concorrentes como Argentina, Estados Unidos e a conflagrada Ucrânia.

A topografia fornece boa extensão de terras planas para o cultivo e acomodação de maquinário de grande porte, além das chuvas regulares e ampla luminosidade que favorece a fotossíntese das plantas. Essa conjunção de fatores naturais, aliada ao trabalho incansável dos produtores, viabilizou um crescimento que alavancou, para além das lavouras e pastagens, os setores de indústria e serviços, que avançaram mais na comparação com a média brasileira e de outros estados. Entre as atividades que se destacam estão, segundo o IBGE, as de gestão de resíduos e descontaminação; seguros e financeiras, além de científicas.

A Usina Teles Pires, instalada no rio homônimo, é capaz de fornecer energia para atender até 3,5 vezes a população estadual, após investimento de quase R$ 4 bilhões. Inaugurada em 2015, faz parte da recente leva de instalações que abastecem um território com cada vez maior demanda, não só da atividade agropecuária, mas o de comércio, que também supera o restante do País em volume de vendas e expansão.

Isso reflete o fluxo de profissionais de outras áreas que chegam às cidades atraídos pela prosperidade do agronegócio, buscando oportunidades e visando atender a nova clientela, mais profissionalizada e assessorada, o que leva até mesmo prestigiadas bancas de advocacia a abrir filiais na região. As preocupações dos novos produtores vão de ESG (ambientais, sociais e de governança) a compliance (controles de integridade e transparência).

Apesar do otimismo para 2023 e para os próximos anos, o estado ainda esbarra no desafio logístico que aflige o agronegócio há décadas. Há expansões planejadas das malhas ferroviárias e rodoviárias, para alcançar os polos mais ao Norte do estado, como Sinop. Assim, o escoamento da soja seria menos demorado, mas ainda assim distante dos principais portos como Paranaguá (PR) e Santos (SP).

Uma alternativa é a Ferrogrão, que ligaria Sinop ao porto fluvial de Miritituba, no rio Tapajós. O projeto da ferrovia, de 933 quilômetros e avaliado em R$ 8,3 bilhões, consolidaria um novo corredor para exportação, mas esbarrou em questões ambientais e teve sua tramitação suspensa.

Outras soluções seguem planejadas e algumas já em fase de implementação, mas a curto prazo o estado ainda terá que vencer o gargalo estrutural de escoamento, sem perder seu protagonismo arduamente conquistado, trazendo desenvolvimento para os lados de dentro e de fora das porteiras, com um potencial de crescimento ainda muito grande e benéfico para o estado e o País.

 

 

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