O avanço do cultivo do trigo no Cerrado

A cultura do trigo tem se mostrado uma ótima alternativa para os produtores do Cerrado, pois permite a implantação de um sistema de cultivo sustentável, além de proporcionar rentabilidade e diluição de custos. Nos últimos anos, o cultivo nas regiões quentes apresentou um crescimento muito significativo.

Em 2019, mais de 135.000 hectares de trigo foram plantados no Brasil Central (Minas Gerais, Distrito Federal e municípios goianos), com destaque para o Estado de Goiás, que em 2018 tinha uma área de 14.000 hectares e em 2019 chegou a 42.000 hectares, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Este aumento foi possível graças ao manejo e ganho tecnológico de cultivares adaptadas com maior nível de resistência as doenças de difícil controle, como a Brusone. As condições climáticas locais, como a baixa ocorrência de chuvas na fase reprodutiva, reduzem a incidência de doenças, como a Giberela.

A rotação de culturas é muito importante em todas as regiões, e no Cerrado não é diferente. O trigo se coloca como opção capaz de proporcionar maior cobertura de palha, além da possibilidade de diversificação no uso de princípios ativos utilizados no controle de ervas daninhas, pragas e doenças.

O trigo produzido nessas regiões mais quentes também é reconhecido como de alta qualidade industrial, especialmente de cultivares classificadas como pão/melhorador. Outra vantagem do trigo do Cerrado é o período de colheita, que ocorre em uma janela onde normalmente os moinhos estão desabastecidos.

Como a sua época de semeadura é antecipada, quando comparada com as principais regiões produtoras da América do Sul, torna-se mais competitivo no mercado. Além disso, está mais próximo dos grandes centros consumidores, especialmente no caso de Minas Gerais.

Nestas regiões, o trigo vem sendo produzido em sistema irrigado e em sequeiro. Nas zonas de irrigação, o crescimento de área é mais lento devido à grande competitividade com culturas de maior valor agregado. No entanto, a produtividade chama a atenção.

É muito comum colher mais de 100 sacas por hectare no sistema irrigado, fazendo com que a sua produtividade seja considerada uma das mais altas para a cultura no país.

Já o trigo de sequeiro vem ganhando espaço importante, devido ao grande número de áreas ociosas nesta região. Além de todos os benefícios agronômicos, oferece a oportunidade de busca de maior rentabilidade, pois os custos são mais baixos.

O desafio é o período de semeadura, pois a maior parte das áreas ocorre no mês de março. Nesta época, é aproveitada a umidade do final da janela das chuvas que comumente se encerra em abril, porém, com condições perfeitas para a incidência de uma das doenças mais agressivas da cultura do trigo, a Brusone.

A pesquisa está avançando gradativamente e alguns programas de melhoramento vem trazendo opções mais seguras com relação ao nível de resistência às doenças. O importante no sistema de sequeiro é que o agricultor escolhe cultivares que consigam enfrentar este desafio, trazendo a segurança de colher trigo em anos, com ou sem epidemias.

 

Agrolink

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