O agronegócio e as incertezas: artigo de Antonio Alvarenga no Jornal do Commercio

O país está mergulhado em um ambiente de incertezas. O agronegócio sofre, mas segue firme. As estimativas mais recentes indicam que a safra de 2013 será excepcional, com 185 milhões de toneladas de grãos – um crescimento de 11 % em relação a 2012. Alcançaremos um recorde de 83 milhões de toneladas de soja, que fará do Brasil o maior produtor e fornecedor mundial deste alimento.

O desempenho de nosso agronegócio garantirá, mais uma vez, os tropeços dos demais setores e os desacertos de nossa titubeante política econômica.

O superávit da balança comercial estará assegurado com a receita das exportações de soja, carne, café, açúcar, celulose, madeira e tantos outros produtos que saem de nossas terras.

O Brasil cumpre sua vocação natural e consolida uma posição de destaque como um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo, com papel fundamental na equação global de segurança alimentar.

Poucos países como o Brasil conseguem conciliar uma exuberante produção de alimentos com indicadores elevados de sustentabilidade e preservação ambiental. Nosso desafio é manter o crescimento da produção agropecuária sem aumentar os impactos ambientais. Neste caso, a pesquisa, a tecnologia e a inovação são fundamentais.

Nos últimos anos, nossa produção e produtividade cresceram de maneira extraordinária, graças ao conhecimento e ao trabalho incansável de nossos pesquisadores.

Hoje dispomos de tecnologia avançada e adotamos práticas de uso racional dos recursos naturais. Mas não podemos nos acomodar. É preciso investir mais em pesquisas, visando à adoção de tecnologias de alta precisão. A cooperação entre o setor público e o privado é de grande importância para o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras.

O maior gargalo do agronegócio brasileiro está em nossa deficiente infraestrutura de armazenagem, transporte e exportação. Recentemente foram lançados programas governamentais específicos para viabilizar os pesados investimentos necessários a fim de superar o problema. No entanto, o notório ímpeto intervencionista do atual governo assusta empreendedores e investidores.

Nossos produtores rurais são verdadeiros heróis. Enfrentam riscos e incertezas superiores aos demais setores da economia. Precisam acompanhar as flutuações dos mercados de commodities e do câmbio. Gerenciam uma complexa logística de produção, armazenagem, transporte e comercialização. Sujeitam-se às intempéries climáticas, pragas e doenças das plantas e dos animais. São obrigados a cumprir os mais diversos dispositivos legais, que se alteram e multiplicam, nas esferas fundiária, ambiental e econômica – muitas vezes incoerentes e conflitantes entre si, gerando insegurança.

Esta insegurança prejudica a vida de todos, sobretudo daqueles que necessitam tomar decisões empresariais. Há muitos investidores interessados em aportar recursos em nosso agronegócio. No entanto, a falta de regras estáveis paralisa o empreendedor.

O agronegócio vai bem, apesar de tudo. Poderia ser muito melhor.

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