Embora não seja propriamente uma surpresa, o Brasil saiu oficialmente da recessão. O IBGE anunciou na manhã desta quinta-feira (1° de março) que a economia cresceu 1% no ano passado.
Nos dias anteriores à divulgação, o mercado estava prevendo algo ligeiramente maior, entre 1,1% a 1,3%.
A publicação do PIB de 2017 põe fim ao declínio da produção, que somou 8,2%, a partir de 2014. Mas a economia está longe de se recuperar da queda provocada pelas barbeiragens da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em 2016, o PIB havia recuado 3,5%.
Em valores correntes, o PIB brasileiro do ano passado foi de R$ 6.6 trilhões. O PIB mede o total da produção de bens e serviços.
Henrique Meirelles, Ministro da Fazenda, afirmou que, apesar de apenas 1%, “a atividade econômica cresceu bastante”, se comparada aos números negativos do ano anterior. “O fato de a economia ter voltado a crescer significa uma recuperação muito forte ao longo do ano”, disse.
Em termos setoriais, o crescimento do PIB mais uma vez foi puxado pela agropecuária, que cresceu no ano passado 13%. É o efeito prático da supersafra agrícola, que reduziu no País o preço dos alimentos, e o melhor resultado da série histórica iniciada em 1996.
O setor foi responsável por 0,7% do crescimento total do PIB. Com relação a 2016, ele cresceu no ano passado 29,5%, um aumento prodigioso, com 240 milhões de toneladas de grãos.
O setor de serviços cresceu apenas 0,3%, enquanto a indústria, apesar da recuperação demonstrada nos dois últimos trimestres, permaneceu praticamente estagnada.
Mas a produção industrial demonstrou um pequeno dinamismo no último trimestre de 2017, com alta de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Se a comparação for feita com o último trimestre de 2916, o crescimento terá sido de 2,7%.
Outro dado relevante está no crescimento muito pequeno da renda per capita. Ela aumentou em apenas 0,2%, chegando, já descontada a inflação, para R$ 31.587,00.
Por outro corte dos números agora divulgados, o consumo das famílias cresceu 1%. Pode parecer insuficiente, mas a percentagem demonstra que as pessoas voltaram a comprar. O varejo, segundo o IBGE, cresceu no ano passado em 2%, puxado pela venda de móveis e eletrodomésticos. Em 2016, o consumo das famílias havia recuado 4%.
O consumo das famílias representa perto de 60% do PIB, e sua dinamização sinaliza a possibilidade de crescimento da economia como um todo em 2018, com previsões em torno de 3%.
A qualidade do crescimento é importante pelos efeitos no mercado de trabalho.
Ainda na quarta-feira (28 de fevereiro), o IBGE havia divulgado sua pesquisa sobre o tema. Por ela, o desemprego, no último trimestre de 2917, ficou em 12,2%, o que significa 12.7 milhões de brasileiros sem trabalho.
Por esses dados, ao longo de um ano a economia gerou apenas 200.000 empregos, o que é irrisório para se pensar em crescimento sustentável.
Além disso, permanece alto o chamado “desemprego por desalento”, que atinge pessoas que, desanimadas, cessaram de procurar uma colocação. Nesse contingente estão perto de 5 milhões de brasileiros.
A pesquisa do IBGE também indicou que entre os empregados há 1 milhão que começou a trabalhar por conta própria, boa parte deles por não ter conseguido colocação formal com carteira assinada.
Fonte: Diário do Comércio