Estimular a produção, industrialização e comercialização de grãos de café de categorias superiores no Brasil. Este é o principal objetivo do Projeto de Lei nº 1713/15, que já está tramitando no Senado. O novo PL deve criar a Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade, no país.
“A proposta é definir uma política de Estado, que ultrapasse os períodos dos governos, garantindo recursos e mecanismos permanentes para quem já investe ou quer investir no setor”, explica o deputado federal Evair Vieira de Melo, autor do projeto e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O texto estabelece que alguns pontos sejam permanentes nas decisões do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), tais como crédito para produção, industrialização e comercialização; pesquisa agrícola; desenvolvimento tecnológico; assistência técnica a extensão rural; seguro rural; formação de mão de obra qualificada; associativismo, cooperativismo e arranjos produtivos locais; certificações de origem, social e de qualidade dos produtos.
Para José Milton Dallari, diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), primeiramente, é preciso convencer o cafeicultor de que a qualidade é importante para a prática de preços futuros do grão.
“Se ele acreditar nisso, ele busca qualidade, afinal, não é um projeto de lei que vai convencê-lo. O que importa mesmo é a renda, que possibilita os investimentos”, comenta.
NOVA CAMPANHA
No Dia Nacional do Café, comemorado em 24 de maio, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) lançou uma nova campanha de marketing, com o mote “Café com qualidade é café certificado”, com foco na divulgação das certificações e selos de qualidade, associando o consumo de café a uma vida saudável.
Criada pela agência Z+Rio, a campanha será custeada pela entidade e suas associadas e está orçada em R$ 2,15 milhões, sendo 70% destinados às ações junto ao público feminino, e 30% aos jovens. Vai explorar, principalmente, as mídias sociais e os principais portais da internet, focando em dois públicos: as donas de casa da classe C, na faixa dos 25 aos 45 anos, e os jovens, das classes AB, de 18 a 24 anos.
Para os jovens, que são atraídos, especialmente, pelas cafeterias, a campanha está divulgando o café como uma bebida natural e saudável, ressaltando os benefícios da bebida para a saúde. Já para as mulheres, que têm grande poder de decisão de compra, a proposta é informar que café com qualidade é café certificado.
“Jovens e mulheres estão consumindo mais café e a campanha da Abic pode contribuir para melhorar o consumo de café de qualidade e certificado no mercado brasileiro”, acredita o diretor da SNA.
De acordo com a Abic, o consumo per capita anual brasileiro é de 84 litros de café, produto presente em 98,5% dos lares. No ano passado, indústria brasileira processou 21,2 milhões de sacas de 60 kg.
Segundo expectativa divulgada na semana passada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo interno de café no Brasil deve ficar praticamente estável em relação ao ciclo 2016/2017. O volume deve ser de 20,66 milhões de sacas de 60 quilos.
COLHEITA
O Brasil deve colher 42,1 milhões de sacas de 60 quilos de café na safra 2017/18, que começa em julho. O volume representa uma queda de 7%, o equivalente a menos quatro milhões de sacas, em relação à temporada anterior, conforme previsão divulgada no começo desta semana em relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em português).
A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de queda de 0,5% na área total cultivada, que deve ficar em 2,2 milhões de hectares, sendo 341,4 mil hectares em formação e 1,9 milhão de hectares em produção. Há previsão de queda de 4,1% na área em produção, por causa da bienalidade negativa para o café arábica.
Problemas climáticos para o café conilon, como seca e má distribuição de chuvas nos três últimos anos, no Espírito Santo, também contribuíram para a redução na área de produção. Em razão dessa bienalidade negativa, o volume de café produzido no país, na safra 2017, deve ser de 45,5 milhões de sacas de 60 quilos do produto, segundo levantamento da atual safra, divulgado dia 18 de maio, pela Conab.
A queda é creditada à bienalidade negativa das lavouras de café tipo arábica, quando a colheita é normalmente menor. No ciclo atual, essa espécie deve atingir 40,5 milhões de sacas, 11% a menos em relação a safra 2016/17.
Por sua vez, Dallari aposta em uma colheita maior na safra 2017/18: “Em razão dos bons preços do café, o produtor pode investir na lavoura e deverá ter um boa produção”.
Por equipe SNA/SP