Nova plataforma deverá solucionar problemas da cadeia produtiva do leite

Pecuária leiteira: novas tecnologias estão focadas no equilíbrio ambiental e na sustentabilidade da cadeia. Foto: Diogo Zanata/Embrapa

A Embrapa Gado de Leite lançou recentemente, em parceria com a iniciativa privada, a plataforma Silo – Inovação Aberta. O projeto reúne 12 startups e pesquisadores de 17 universidades com o objetivo de solucionar problemas relativos à cadeia produtiva do leite, como biossegurança, conforto animal e redução das emissões de carbono.

O chefe geral da Embrapa, Paulo Martins, afirma que a iniciativa levará a pesquisa voltada para a cadeia leiteira e  setores correlacionados a um novo patamar. “O movimento também pretende mostrar aos consumidores que é possível produzir leite de forma humanizada”, ressalta o pesquisador.

“O lançamento da plataforma lança sobre a cadeia produtiva do leite novas esperanças de produção e difusão de conhecimentos, principalmente ao encontro do anseio da sociedade brasileira e mundial, relativamente aos processos de produção que se desenvolvam visando ao melhor equilíbrio ambiental, e permitindo produções cada vez mais sustentáveis, o que irá resultar em um ambiente de vacas e pessoas felizes”, destaca o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Alberto Figueiredo.

Suporte

O projeto de inovação conta com apoio da aceleradora Neo Ventures, responsável pela seleção das startups que irão se dedicar à solução de problemas das apoiadoras do programa (Microsoft, TIM Brasil, Nestlé do Brasil, Belgo Bekaert, IS Brasil e Organização das Cooperativas Brasileiras/OCB).

Na primeira fase do projeto, a meta é desenvolver três soluções tecnológicas, que poderão ser adquiridas pelas instituições parceiras. Além disso, o hub também dará suporte às startups na captação de investimento. No entanto, explica Martins, “a Embrapa não estabelecerá obrigatoriamente sociedade com as agtechs.”

Outro avanço trazido pelo hub é a melhoria da conectividade para o uso de tecnologias de Internet das Coisas (IoT). A Embrapa pretende ainda elevar o nível de biosseguridade do gado leiteiro e criar novas agtechs por meio de parcerias.

Uma dessa parcerias envolve a Universidade Federal de Juiz de Fora. Estudantes de engenharia da computação e pesquisadores da estatal deverão trabalhar juntos no desenvolvimento de uma tecnologia mais barata de monitoramento da saúde dos animais, com o uso da inteligência artificial.

Descontinuidade

Porém, para o diretor da SNA, as tecnologias desenvolvidas por academias ou empresas públicas de pesquisa, principalmente a Embrapa, apesar de abrangerem quase todos os campos do conhecimento, “não estão organizadas de forma suficiente por temas e sofrem um processo de descontinuidade entre a academia, as instituições de pesquisa e os produtores, por deficiência de um sistema de assistência técnica e extensão rural organizado por cadeias produtivas, com profissionais especializados”.

Dessa forma, conclui Figueiredo, “é grande o volume de tecnologias disponíveis nos ‘escaninhos’ da pesquisa, mas que não chegam à porteira das fazendas dos produtores.”

Assistência técnica

O especialista afirma ainda que faltam programas de assistência técnica para os médios produtores de leite, com informações adequadas à sua realidade, e, principalmente com o auxílio de profissionais “capazes de desenvolver empatia com eles, a fim de entender as dificuldades para a tomada de decisões, visando à implementação de novas tecnologias.”

Para Figueiredo, é no grupo dos médios produtores que está o maior percentual de insolvência pela dificuldade de equilíbrio entre receitas e despesas. “Para esse grupo é que devem se direcionar os programas governamentais de pesquisa e assistência técnica, uma vez que possuem o potencial necessário para, por meio do incremento da produtividade, ampliarem a produção e, por via de consequência, a renda”, ressalta o diretor da SNA.

Em matéria de pesquisas, complementa Figueiredo, “será útil a consolidação dos conhecimentos acadêmicos já existentes em torno de sistemas de produção que promovam o necessário equilíbrio econômico-financeiro dos interessados”.

Pequenos e grandes

Com relação à agricultura familiar, o especialista reconhece que os produtores de leite têm potencial para o crescimento da produção, da produtividade e da renda, mas admite a necessidade da implementação de ações sociais por parte dos poderes públicos, principalmente a partir de programas coletivos de extensão rural.

Além disso, o diretor da SNA chama a atenção para o atual cenário envolvendo os grandes produtores. “Com os valores dos insumos, principalmente os relativos à alimentação do rebanho, além de máquinas equipamentos e peças de reposição, que proporcionam um incremento superior à correção do preço pago pelo litro de leite para as indústrias, a margem do produtor diminuiu, aumentando o risco do negócio e diminuindo também a remuneração do capital investido.”

 

 

Fontes: Embrapa/Valor

Equipe SNA

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