O Nordeste brasileiro deverá “importar” 33 por cento a mais de etanol da região centro-sul na temporada 2013/14, devido a um maior consumo e uma menor produção do biocombustível na região, estimou nesta quarta-feira a consultoria Datagro.
A safra 2013/14 da cana no Nordeste começou em 1º de setembro, diferentemente da do centro-sul, que já passa da metade.
As transferências de etanol deverão subir para 1,86 bilhão de litros de etanol em 2013/14, contra 1,4 bilhão em 2012/13.
Cerca de 80 por cento do etanol comprado pelo Nordeste do centro-sul é anidro, usado na mistura da gasolina (na proporção de 25 por cento) –combustível cujo consumo tem crescido fortemente na região.
A média do consumo de gasolina C (já com adição de etanol anidro) subiu 84 por cento no Nordeste entre 2009 e 2013, devido principalmente ao aumento da frota de veículos, disse a Datagro, citando dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Segundo a consultoria, a produção de etanol no Norte/Nordeste deverá ser de 1,59 bilhão de litros na temporada que está começando, contra 1,84 bilhão no período anterior.
“Quando a gente faz balanço de safra, dá um rombo no Nordeste. Está tendo mais transferência”, disse a jornalistas o presidente da Datagro, Plinio Nastari.
Com esse déficit de etanol no Nordeste, as maiores beneficiadas são usinas de Goiás, Mato Grosso e norte de Minas Gerais.
“Essas usinas que antes estavam mal localizadas agora começaram a ter um mercado preferencial para locais como São Luís (MA), Belém (PA), Manaus (AM) e Rondônia”, afirmou Nastari.
Também existe um fluxo de açúcar do centro-sul para o Nordeste, ressaltou o pesquisador.
Todos esses fatores tornam os preços do etanol no Nordeste mais elevado do que em São Paulo, por exemplo.
Enquanto a média dos preços do anidro em São Paulo ficou em 1,23 real por litro em agosto, a média em Alagoas foi de 1,60 real e 1,62 real por litro em Pernambuco, de acordo com indicadores do Cepea.
IMPACTO DO AÇÚCAR
Segundo Nastari, o impacto sobre os preços no Nordeste serão imediatos caso ocorra elevação dos preços do açúcar no mercado internacional.
“O produto que é transferido, se o preço internacional subir, também vai ficar mais caro. Se a base no centro-sul não for mais 16,5 (centavos de dólar por libra-peso de açúcar) e sim 20 (centavos), por exemplo”, disse o presidente da Datagro.
Atualmente o açúcar negociado na bolsa de Nova York (ICE) está no patamar de 17 centavos por libra-peso, tendo registrado a mínima de três anos em julho, a 16 centavos.
Fonte: Reuters