Nery Ribas, da Aprosoja: ‘Transgênicos, sozinhos, não resolvem o problema’

Por Equipe SNA

Há dez anos ocorreu a liberação oficial do cultivo de transgênicos no Brasil. Em 2013, o plantio de culturas geneticamente modificadas deve superar as convencionais, com 55% da área. A previsão é da consultoria Céleres, que projeta em 37,1 milhões de hectares a área plantada com essas culturas, de um total estimado pelo IBGE em 67,7 milhões de hectares.

Nery Ribas, diretor técnico da Aprosoja. Divulgação.

De acordo com o diretor técnico da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja), Nery Ribas, os transgênicos transformaram a agricultura, mas, sozinhos, não resolvem o problema do mundo. “Os 10 anos de liberação dos transgênicos no Brasil mostram a importância dessa ferramenta para o desenvolvimento do setor, mas não descartam as culturas convencionais”, observa ele, que estima o total da lavoura transgênica brasileira em 80% a 85%.

Na opinião do chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Amélio Dall’Agnol, a evolução da cultura, acompanhada de aumentos de produtividade e, consequentemente, da produção, deve-se ao fato de que a soja transgênica sofre menos com as ervas daninhas. Ribas acrescenta que as variedades transgênicas de soja proporcionaram o uso intensivo da tecnologia, além da otimização de maquinário e do tempo. E lembra que a soja convencional está se tornando um nicho de mercado e, hoje, é valorizada em U$ 2 a U$ 4 por saco, com contratos pré-fixados.

O diretor técnico da Aprosoja considera o futuro da transgenia muito promissor. “A biotecnologia está buscando produção, produtividade e renda. Novos eventos estão chegando (herbicidas, resistência à seca e outros), mais empresas trazendo alternativas”, anuncia.

O milho
O milho transgênico foi comercializado oficialmente pela primeira vez na safra de 2008/2009, (com a disponibilização de 19 híbridos transgênicos Bt). Na temporada 2012/2013, 70% da área plantada com o grão no país utilizou transgênicos (Celeres, 2012). “A expansão deve-se à eficiência e à facilidade de controle de pragas, além da redução da dependência de inseticidas químicos para o controle das principais pragas da cultura”, afirma José Carlos Cruz, pesquisador da Embrapa Soja.

Segundo Cruz, na safra 2013/2014, houve um significativo aumento do número de cultivares transgênicas de milho disponíveis. “Enquanto 62 novas cultivares substituirão 40 que serão retiradas do mercado, apenas 3 cultivares novas convencionais ocuparão o lugar de 57 que deixarão de ser comercializadas”, informa.

Algodão
Atualmente, o Brasil está entre os 13 países que plantam algodão Bt no mundo. Nesses 10 anos, foram registradas 50 novas cultivares, 12 das quais geneticamente modificadas. Segundo Gilson Pinesso, presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), entre essas, estão o algodão TwinLink, MON 88913, GlyTol x TwinLink, GlyTol x LibertyLink (GTxLL) e MON 15985 x MON 88913. “Estes eventos foram importantes para os recordes de produtividade em sequeiro e o aumento da produção: em 2011/2012 foram produzidas 1.900.100 toneladas em uma área de 1.393.739 hectares”, destaca.

Gilson Pinesso, presidente da Abrapa. Foto: Edy Belitardo

A principal vantagem da transgenia no algodão é a adoção de tecnologias com tolerância a herbicidas e resistência a insetos. “Mas o Brasil ainda está muito atrás na utilização dessas tecnologias”, diz Pinesso, lembrado que, nesta safra, o ataque da lagarta Helicoverpa armigera poderia ser facilmente combatido com a tecnologia Bolgard II, ainda não liberada no país. “Essa praga é controlada na Austrália há mais de cinco anos, com a utilização do Bolgard II”, enfatiza.

Pinesso afirma que é grande a expectativa em relação ao evento para o controle do bicudo-do-algodoeiro, cujos ensaios estão em fase de teste. “Despertam curiosidade as pesquisas sobre qualidade da fibra para atender à demanda da indústria com melhor absorção de tinta, fibra com resistência a fogo e tecidos que não amassem”, diz ele sobre algumas novidades que estão por vir.

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