A nanotecnologia está presente em vários produtos já utilizados no dia a dia dos consumidores de todo o planeta: telefones celulares, calçados, protetores solares, medicamentos, entre outros. O mercado mundial de produtos com nanotecnologias deve atingir valores próximos a US$ 3,3 trilhões, em 2018.
O setor químico, por exemplo, é o que ocupa atualmente a maior fatia deste mercado, seguido pelos semicondutores. Neste moderno cenário, a agricultura não poderia ficar de fora: vários setores da agropecuária já estão empregando a nanotecnologia para alcançar maior produção e produtividade no campo.
Para ter uma ideia do potencial deste segmento, somente no Brasil, entre os anos 2000 e 2007, foram investidos aproximadamente R$ 320 milhões em nano, já contabilizando os investimentos do setor privado e de pesquisas. Nos próximos dois anos, o País pretende alcançar 1% do mercado mundial, de acordo com o Sistema de Inteligência Setorial do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (SIS/Sebrae).
“A palavra nanotecnologia tem origem da palavra nano, que significa “anão”, “nanico”, “pessoa pequena”. Seu sentido tem relação com a escala nanométrica, que representa a bilionésima parte de um metro, portanto, invisível a olho nu”, salienta a analista de informação do SIS/Sebrae, Luana Carla de Moura dos Santos.
Ela ressalta que, com os avanços desta técnica, muitos setores começaram a utilizá-la, inclusive a agricultura. “Na produção agrícola, a nanotecnologia pode ser utilizada para a dosagem no uso de fertilizantes e também na liberação controlada de pesticidas, ocasionando, assim, maior eficiência”, destaca Luana.
A analista também comenta que existem benefícios na conservação do solo e danos ambientais; no fornecimento de nutrientes e medicamentos para veterinária; na agricultura de precisão; rastreabilidade dos produtos certificação; indústria de alimentos e agroindústria; produção de biocombustíveis; vigilância sanitária; entre outros.
VALOR AGREGADO
“A nanotecnologia vem para agregar valor às tecnologias já existentes, otimizando processos e beneficiando a toda uma cadeia. O aprimoramento pode acontecer por meio de dispositivos sensores, pelo uso de produtos produzidos, processados ou conservados com o apoio de nanotecnologias, ou pelo auxílio dos sensores no monitoramento da produção agrícola”, explica Luana.
Na cadeia de lácteos, por exemplo, a analista do SIS/Sebrae ressalta que, assim como na agricultura em geral, a nanotecnologia pode beneficiar inúmeras atividades e ajudar a resolver alguns problemas, principalmente relacionados ao desenvolvimento sustentável, ao manejo, à sanidade animal e no monitoramento de produtos e produção.
“Não é possível ainda fazermos comparativos com números, por ser uma ‘revolução invisível’, mas a introdução destas aplicações está aí para minimizar o trabalho do homem, principalmente em tarefas que demandam bastante tempo, esforço físico ou até conhecimento técnico. A nanotecnologia trabalha em conjunto com outras medidas”, afirma.
SANIDADE ANIMAL
De acordo com Luana, a sanidade animal é uma das áreas produtivas que terá bastante impacto das nanotecnologias, por meio dos nanobiossensores: “Com eles é possível ter diagnósticos de doenças que são constantes nos rebanhos de gado de leite, como brucelose, tuberculose, ou até mesmo a mastite, que é uma inflamação que ataca as glândulas mamárias e pode reduzir a produção e qualidade do leite, tendo um recuo de até 25% no faturamento das propriedades”.
Os nanobiossensores, explica a analista do SIS/Sebrae, trazem a possibilidade de um diagnóstico rápido e preciso, para que os produtores possam intervir de forma mais ágil diante de um problema. “Além disto, com a identificação das doenças, é possível também dispor de amostras de análise e, assim, desenvolver soros e medicamentos que sejam eficientes no controle das doenças.”
CUSTOS AO PRODUTOR
Ao contrário do que se imagina, nem sempre o emprego da nanotecnologia no campo pode ser dispendioso: “Algumas aplicações podem ser relativamente baixas, frente às técnicas disponíveis no mercado, porém são relacionadas, principalmente, a migrações indiretas, já presentes em produtos e insumos agrícolas, embalagens e equipamentos”.
Segundo Luana, a construção de sensores ou biossensores para monitoramento, manejo e produção, por exemplo, pode ter um custo adicional aos produtores, que é o que limita o uso da tecnologia. “Mas diante da redução de custos que a nanotecnologia oferece a longo prazo, vale a pena considerar e calcular sua aplicação.”
“Muitas vezes, o produtor tem prejuízos na colheita, na contaminação das lavouras, na infecção de animais. Então, vale a pena ele se programar e evitar tais prejuízos; é desejável investir do que continuar tendo perdas significativas”, orienta.
Por equipe SNA/RJ