Na CBOT, milho amplia perdas com as incertezas das relações comerciais entre EUA e México

Ao longo do pregão, os contratos futuros do milho ampliaram as perdas na Bolsa de Chicago (CBOT). Os principais vencimentos fecharam em baixa de 4,50 a 4,75 centavos. O contrato março/17 fechou cotado a US$ 3,57 ¾, enquanto o maio/17 fechou a US$ 3,65 o bushel.

Anderson Galvão, analista da Celeres, vê essas oscilações como uma correção, principalmente após os preços do farelo de soja terem subido muito em decorrência de uma especulação climática. Ele lembra que, “tirando problemas pontuais, sobra soja no mundo”.

Para ele, o fator Trump ainda é uma grande incógnita, mas, “a julgar pelas decisões recentes, a situação é favorável para a agricultura brasileira”. A saída dos Estados Unidos do Acordo Transpacífico (TPP) também pode ser benéfica para o Brasil, que poderá ter condições de participar de forma mais ativa neste novo acordo comercial.

Segundo as agências internacionais, os investidores estão atentos as ações do novo presidente dos EUA, Donald Trump. “Do ponto de vista da agricultura, o México é um grande comprador de milho, trigo e carne suína dos EUA e a medida da construção de um muro na fronteira entre os dois países também é observada pelo mercado”, destacou o site internacional Agrimoney.com.

“Se uma guerra comercial ocorresse, o setor agropecuário americano tem uma exposição significativa no México. Um abrandamento nas exportações dos EUA pode ser catastrófico”, disse Joe Lardy, da CHS Hedging.

“Durante o final de semana, o Peru e a Colômbia disseram que iriam apoiar o México caso uma guerra comercial estourasse entre os EUA e seu vizinho do sul. Os investidores estão preocupados com o impasse, pois poderá afetar os mercados de produtos americanos, incluindo milho, soja e trigo”, disse o Agriculture.com.

É importante destacar que o México é um grande importador de milho e trigo de origem americana. Ainda hoje, o USDA divulgou a venda de 105.000 toneladas de milho da safra 2016/17 para a Colômbia.

O USDA divulgou hoje o seu boletim de embarques semanais, importante indicador de demanda.

Os embarques do milho somaram 1.061.865 toneladas, e também superaram as expectativas do mercado de 740.000 a 940.000 toneladas. Em todo o ano comercial 2016/17, os EUA já embarcaram 20.890.943 toneladas, muito mais do que as 11.963.116 toneladas embarcadas no ano comercial anterior.

Mercado do milho

Anderson Galvão também acredita que o ano de 2016 “ensinou muito para o produtor”. No que diz respeito ao mercado do milho, ele lembra que o ano passado foi de bons preços após uma quebra de safra dramática, mas que muitos produtores não aproveitaram esses preços. Neste ano, o Brasil caminha para uma boa safra do cereal, mas com a demanda global e doméstica aquecida, os patamares de preços devem continuar remuneradores, mas longe desses preços excepcionais.

Em meio às notícias de que os Estados Unidos também devem plantar menos milho, dando preferência para a soja, também há uma movimentação positiva para o milho brasileiro. Galvão aponta que este será um ano de equilíbrio tanto para o produtor quanto para o consumidor de milho, com oportunidades aparecendo a partir do final de agosto, no segundo semestre.

Com isso, as exportações podem chegar a atingir o recorde histórico de 30 milhões de toneladas, contra 22 milhões de toneladas no ano passado.

Preços futuros e opções

Na última análise realizada pela Celeres, os preços para julho, agosto e setembro de 2017 devem ficar entre R$ 18,00 e R$19,00 na região da BR 63 (Lucas do Rio Verde e Sorriso – MT), R$ 26,00 e R$ 28,00 na região de Jataí (GO), R$30,00 e R$32,00 no oeste e no norte do Paraná e R$ 35,00 em Campinas (SP).

Os preços nas praças estão acima do preço mínimo, dentro de um cenário no qual se caminha para uma boa safrinha, com excelente produtividade e também muitos agricultores que não venderam seu milho, alguns até mesmo atravessando o ano com mais de 70.000 sacas de milho no estoque.

Ao mesmo tempo em que o analista recomenda que o plantio não seja realizado de forma muito tardia ou com baixo potencial de produtividade, há de se manter um equilíbrio entre produtividade e custo da lavoura. Com isso, uma ferramenta como o mercado de opções, que pode vir a reduzir o risco, é bem-vinda. “Opção é igual seguro de automóvel. Tem só que considerar se o prêmio cabe no seu bolso e está sendo razoável”, disse.

BM&F Bovespa

Os contratos futuros do milho negociados na BM&F Bovespa fecharam a sessão em forte queda. Os principais vencimentos registraram desvalorizações de 1,71% a 3,38%. O contrato março/17 fechou cotado a R$ 34,14/saca e o maio/17 a R$ 32,56/saca. O setembro/17 fechou a R$ 30,47/saca.

O mercado foi pressionado pela queda mais expressiva registrada na Bolsa de Chicago (CBOT). Além disso, a queda do dólar também ajudou na composição do cenário.

Mercado Brasileiro

No mercado brasileiro, o início da semana foi de calmaria para os preços do cereal. Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, nas principais praças a segunda-feira foi de estabilidade. Em Ponta Grossa (PR), a saca subiu 3,45%, cotada a R$ 30,00.

No Porto de Paranaguá, a saca caiu 1,64% e o preço futuro, para entrega em setembro/17, ficou em R$ 30,00. Contudo, o Cepea reportou nesse início de semana que os preços estão fechando o mês de janeiro mais enfraquecidos.

 

Fonte: Notícias Agrícolas 

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