Mortalidade de bovinos pode cair 50% com suplementação mineral das águas

 

Sergio Raposo, da Embrapa, afirma que a mineralização das águas é um passo a mais na busca pelo sucesso da pecuária de corte. Foto: Dalizia Aguiar
Sergio Raposo, da Embrapa, afirma que a mineralização das águas é um passo a mais na busca pelo sucesso da pecuária de corte. Foto: Dalizia Aguiar

 

Pesquisas variadas sobre suplementação mineral das águas apontam para uma redução de 12 vezes na ocorrência de abortos de bovinos, de metade da mortalidade até a desmama deste tipo de animal e a duplicação do peso do bezerro desmamado por vaca por ano, dependendo do grau de pastagem. A informação é de Sergio Raposo de Medeiros, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Corte – Nutrição Animal, localizada no Mato Grosso do Sul.

De acordo com ele, a suplementação mineral das águas é muito importante para que apareçam os bons resultados na pecuária de corte. Sua participação no sistema imunológico reforça a proteção do gado contra doenças.

“Aqui, deve-se lembrar que nem sempre problemas de saúde se expressam claramente e os animais podem ter pior desempenho sem demonstrar sintomas visíveis de alguma doença”, explica.

“Quando o sistema imune é desafiado, ele demanda mais nutrientes. O cobre é um dos minerais que tem exigências maiores em animais sob desafios imunológicos. Portanto, um animal melhor nutrido em minerais pode ter maior desempenho que outro mal nutrido”, explica Medeiros.

O pesquisador salienta que “os minerais, por si só, não fazem o animal ganhar peso”. No entanto, continua ele, são fundamentais para o correto funcionamento do animal e exigidos na deposição de tecidos. Assim, apesar de a presença deles não garantir o ganho, “a deficiência de qualquer um deles limita o desempenho”.

“Desta forma, mesmo que a pastagem tenha proteína e energia suficientes para o animal ganhar 900 gramas por cabeça ao dia, se o teor de fósforo nessa dieta permitir apenas 600 gramas por cabeça ao dia, o desempenho será limitado pela falta de fósforo”, exemplifica.

“Se houver zinco suficiente apenas para ganho de peso de 500 gramas por cabeça ao dia, será ganho apenas esse meio quilo e assim por diante. Enfim, o nutriente mais limitante é o que define o desempenho”, ressalta o pesquisador da Embrapa.

Segundo Medeiros, em qualquer fase da vida do gado, a suplementação deve ser priorizada.

“Qualquer bovino, de mamando a caducando, que esteja sendo produzido em pastagem, deve ser suplementado com minerais. Isto porque as nossas forrageiras são deficientes em minerais, especialmente em sódio, zinco, cobre, fósforo e cálcio. Costuma-se suplementar também com iodo, cobalto e selênio”, informa.

De acordo com ele, animais produzidos em pastagem representam mais de 90% do rebanho brasileiro, sendo que os demais, encerrados em confinamento, também são suplementados. No entanto, explica o especialista, as formulações variam conforme a alimentação fornecida.

“A dieta dos animais, portanto, seria a forragem e o sal mineral. Isto deve ser fornecido nas águas. No período da seca, devem ser fornecidos outros suplementos, ricos em proteína, que passa a ser o fator mais limitante”, destaca.

 

Bovinos no cocho de sal: mineralização da água é um bom caminho para sucesso na produção da pecuária de corte
Bovinos no cocho de sal: mineralização da água é um bom caminho para sucesso na produção da pecuária de corte

 

Medeiros dá algumas dicas fundamentais para quem deseja elevar a chance de sucesso na suplementação mineral:

* Manter os cochos sempre abastecidos;

* Disponibilizar área suficiente de cocho por animal. Recomenda-se 6 cm/UA (uma Unidade Animal = animal de 450 quilos) de área linear de cocho, que é um valor mínimo e, à medida do possível, deve ser aumentada;

* Se possível, colocar mais de um cocho de sal, para dar aos animais submissos a chance de lamber o sal do cocho em que os animais de que eles tenham medo não estejam usando. A dica é colocar os cochos de forma a ter, pelo menos, a distância equivalente a dois corpos entre os cochos. “Um corpo” é a distância de fuga dos bovinos, ou seja, aquele que tem medo evita ficar a menos do que um corpo de distância do animal que ele teme;

* Evitar a formação de poças d’água em frente e ao redor do cocho, o que dificulta o acesso dos animais ao mineral. A dica vale para qualquer outro imprevisto que afete o acesso dos animais ao sal mineralizado;

* Evitar a formação de torrões ou placas endurecidas do sal mineralizado no cocho, porque eles reduzem o consumo do produto pelos animais;

* Valorizar e treinar o salgador para que ele entenda a importância do seu trabalho e o porquê de ter que fazê-lo bem feito, incumbindo-o de monitorar o consumo de cada lote;

* Usar o valor obtido do monitoramento de consumo para fazer correções no fornecimento, seja pelo aumento da oferta em locais onde o consumo esteja abaixo do recomendado pelo fabricante (ou seu técnico de confiança) ou pela redução, onde estiver ocorrendo consumo acima do previsto. É importante destacar que o maior prejuízo é quando há consumo abaixo do previsto, porque existe grande chance de se perder desempenho potencial das pastagens;

* Mesmo se o consumo estiver dentro do esperado, pode haver animais que não estejam consumindo. Uma atenta observação pelo salgador e os resultados de desempenho podem comprovar isso. Se isso ocorrer, aumente a área de cocho, de preferência com a instalação de cochos adicionais.

 

Por equipe SNA/RJ

 

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