Monitoramento da Helicoverpa é tema de duas publicações da Embrapa

Dois trabalhos realizados por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e Embrapa Gestão Territorial (Campinas, SP), priorizaram regiões do País para o monitoramento de Helicoverpa armigera em cultivos hospedeiros, localizados no Bioma Cerrado.

O primeiro trabalho – “Priorização de regiões do Cerrado brasileiro para o monitoramento de Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae)” de Maria Conceição Pessoa, Jeanne Marinho-Prado, Luiz Alexandre Sá, Rafael Mingoti, Wilson Holler e Claudio Spadotto – foi publicado na edição especial “Ameaças Sanitárias”, do periódico indexado Pesquisa Agropecuária Brasileira de maio de 2016.

Considerou também as áreas esparsas desse bioma encontradas no território nacional, para o monitoramento de H. armigera, analisando os municípios brasileiros com alta produção de culturas hospedeiras anuais de algodão, soja, milho, tomate e feijão, bem como de hospedeiros secundários como os perenes de café e laranja e florestais de pinus e eucalipto, com potencial para atuarem como barreiras físicas em voos migratórios do inseto-praga.

Foram analisados dados base dos cultivos para 2012, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essas informações foram espacializadas e cruzadas em Sistema de Informação Geográfica ArcGis, resultando em imagens com a localização das áreas a serem priorizadas no território nacional, que contemplam 141 municípios, localizados nos Estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, São Paulo e Tocantins e no Distrito Federal.

 

SEGUNDO TRABALHO

O segundo trabalho, “Avaliação da potencial migração de Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) por massas de ar para áreas produtoras de cultivos hospedeiros do Estado de São Paulo”, de autoria de Maria Conceição Pessoa, Luiz Alexandre Sá, Rafael Mingoti, Wilson Holler, Jeanne Marinho-Prado e Claudio Spadotto, foi publicado como Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa (nº 66) em junho 2016.

Acompanhou a evolução das áreas paulistas com grande produção e de suas áreas plantadas com os cultivos hospedeiros de soja, milho, algodão, tomate e feijão considerando os anos de 2008, 2012 e 2014, fazendo uso de dados do IBGE.

Desse modo, foi possível identificar o deslocamento das áreas desses cultivos hospedeiros preferenciais e secundários de H. armigera, ocorrida no período de seis anos. O trabalho também analisou dados dos municípios paulistas para priorizar aqueles com maior potencial de ataque em áreas de Cerrado paulista, considerando dados de 2014 das áreas plantadas de soja, milho, algodão, tomate, feijão, eucalipto, pinus, laranja e café.

Igualmente considerou informações de áreas plantadas em diferentes Estados brasileiros em 2014 com os mesmos cultivos anuais (algodão, soja, milho, feijão e tomate). Atentou para a influência das principais massas de ar brasileiras, de inverno e de verão, como facilitadoras nas dispersões do inseto, de áreas atacadas de estados do entorno de São Paulo para o seu interior, onde considerou a localização do bioma Cerrado e a localização dos cultivos perenes (laranja e café) e florestais (eucalipto e pinus) como prováveis barreiras físicas ao inseto.

 

AÇÕES REGULARES

Como resultados, priorizou ações regulares de monitoramentos para 52 municípios paulistas, que estão localizados em dez mesorregiões do Estado de São Paulo, a saber: Araraquara, Assis, Bauru, Campinas, Itapetininga, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

A provável localização das áreas municipais com maior potencial às infestações e reinfestações de H. armigera, estas últimas favorecidas por massas de ar, é fundamental para garantir ações de vigilância, monitoramento e controle do inseto. São igualmente importantes para a definição de níveis de ação e de controle, indicadores fundamentais para que o manejo integrado desse inseto-praga faça uso correto de métodos de controles químico e biológico.

 

A PRAGA

Helicoverpa armigera é um inseto exótico e polífago, detectado no Brasil em 2013, que causou sérios danos em cultivos de soja, milho e algodão, nas regiões Nordeste e Centro-Oeste com a presença do bioma Cerrado. Após um ano de sua detecção, foi identificado em várias regiões do País. Por essa razão, a Embrapa concentrou esforços para conhecer melhor o inseto, as áreas atacadas e para propor alternativas imediatas para o controle, as quais fundamentaram, posteriormente, a organização de uma programação de pesquisa específica e direcionada para estudos mais específicos desse inseto e para ações de controle no âmbito de propostas de manejo integrado. Igualmente operacionalizaram a “Caravana Embrapa”, que levou informações sobre o inseto para os produtores de todo o País, de modo a favorecer a sua correta identificação, entre outras práticas e estratégias de controle.

Em 2014 a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo confirmou a presença de H. armigera em Assis, Adolfo, Cândido Mota, Cruzália, Icem, Itaí, Matão, Mirassol, Palestina, Palmital, Paranapanema, Pedrinhas, Trabijú e São Carlos, municípios localizados na faixa longitudinal, em sua grande maioria na faixa central do Estado em área de bioma Cerrado e de presença de cultivos perenes hospedeiros do inseto (café e laranja) e de porte alto (eucalipto), presentes em área de influência da massa polar de inverno; priorizada nos trabalhos expeditos iniciais de áreas para monitoramento realizados e disponibilizados pelos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente em 2013 e 2014.

O Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 66 está disponível na página da Embrapa.

 

Fonte: Embrapa Meio Ambiente

 

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