Moderfrota deverá ter juros maiores na safra 2019/20

Com demanda aquecida e desembolsos que, depois de uma nova injeção de recursos, vão se aproximar de R$ 10 bilhões nesta safra 2018/19, o Moderfrota, principal linha de crédito com juros subsidiados para a compra de máquinas agrícolas do país, deverá ter taxas de juros até um ponto percentual maiores no próximo Plano Safra, que entrará em vigor no dia 1º de julho.

Neste ciclo, as taxas variam de 7,5% a 9,5% ao ano, o prazo de pagamento é de sete anos, com 11 meses de carência, mas é quase consenso na equipe econômica do governo e no Ministério da Agricultura que o patamar será elevado. O dinheiro sai dos cofres do BNDES e o Moderfrota é a principal linha de crédito rural com juros subsidiados do país.

“O governo deve mexer na taxa de juros do Moderfrota. Isso está praticamente certo, e a ideia é subir um pouco, para 8% ou 8,5% ao ano, em média”, disse ao Valor o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio, durante a Agrishow, maior feira agropecuária do país.

No evento que acontece esta semana em Ribeirão Preto (SP), a previsão é alcançar R$ 3 bilhões em negócios, a maior parte envolvendo a vendas de máquinas.

Sampaio afirmou que há um esforço no governo para manter ou até elevar o volume global de recursos do Moderfrota em 2019/20. Para a safra atual, foram reservados inicialmente R$ 8.9 bilhões, que acabaram. Na terça-feira, porém, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou um reforço de R$ 536 milhões para a linha.

Para o próximo ciclo, o governo também estuda reduzir de 90% para 85% o valor da máquina que o produtor pode financiar no âmbito do Moderfrota. Ou seja, deverá crescer a parte do produtor na aquisição.

As novas condições que estão sendo discutidas causam alguma preocupação entre os principais fabricantes de máquinas que atuam no país.

João Carlos Marchesan, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas Agrícolas (Abimaq), diz que as conversas com a Agricultura estão intensas. As empresas querem a manutenção dos juros e R$ 15 bilhões para 2019/20.

Embora reconheça vantagens no ideário liberal pregado pelo Ministério da Economia, Rodrigo Bonato, diretor de vendas da John Deere Brasil, disse que a distância entre as taxas livres à disposição no mercado (entre 10% e 11% ao ano, em média) e as do Moderfrota é considerada grande. Bonato está entre os que defendem que as mudanças estruturais no Plano Safra não sejam bruscas.

“A perspectiva para a próxima safra é muito boa. Existe uma demanda por máquinas e a indústria segue em recuperação, mas o produtor está numa ansiedade grande se vai realmente ter aumento de juros. O que a gente precisa é de uma ponte para a próxima safra. Reduzir recursos é complicado”, afirmou o diretor.

Caso o governo confirme a elevação dos juros do Moderfrota, haverá uma janela maior de oportunidades para os bancos privados, que atuam com taxas livres e sem limites de recursos, lembrou Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander.

“Se aumentar as taxas, o governo abre o mercado para a concorrência”, disse. “É muito melhor ter uma competição em taxa livre e o produtor poder comprar uma máquina mais barata”.

 

Valor Econômico

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