O ciclo 2018/19 brasileiro de cana-de-açúcar deve totalizar moagem de 590.7 milhões de toneladas, 1% abaixo do previsto para o ciclo que se encerra (2017/18) e o menor volume desde a safra 2014/15, quando uma forte seca prejudicou os canaviais paulistas.
É o que mostra a revisão da estimativa de safra da consultoria INTL FCStone. “A elevação na idade dos canaviais e a falta de rigor com os tratos culturais em grande parte das plantações continuam sendo os principais fatores de alerta para o setor”, disse o analista de mercado do grupo, João Paulo Botelho.
Segundo ele, esses indicadores superam fatores que influenciaram positivamente a safra, como o ligeiro aumento da área disponível para colheita e a disponibilidade hídrica.
Além da safra mais enxuta, a INTL FCStone espera uma queda da concentração de açúcares na cana, resultando em Açúcar Total Recuperável (ATR) médio em 135,0 Kg/t, o que também representa uma queda de 1% na comparação com 2017/18, e ATR total 2% menor em relação à safra que se encerra.
Em relação ao mix produtivo, o grupo espera um direcionamento maior para o etanol, que nesta revisão representou aumento de 5% em relação à safra passada, em 58,5%.
É preciso destacar que a maior parte do aumento no mix do etanol será direcionada para o hidratado, levando a produção da variedade a crescer 10,2%, para 17.2 bilhões de litros.
“O principal motivo para este movimento é a alta competitividade esperada em relação à gasolina C, que deve impulsionar a demanda e ser retroalimentada pela elevada produção”, disse João Paulo Botelho, em relatório.
A produção de anidro deve atingir 11 bilhões de litros, um aumento de 5,5%. Desta forma, apenas 41,5% da cana-de-açúcar deve ser destinada à produção de açúcar, estimada pela INTL FCStone em 31.5 milhões de toneladas – 12,5% abaixo de 2017/18.
Etanol de milho
A participação do etanol de milho na produção da safra 2018/19 deve aumentar de 2% para 3,1%, em 883.3 milhões de litros, de acordo com a INTLFCStone. Este volume representa um crescimento de 66,3% na comparação com o projetado pelo grupo em 2017/18.
Com o preço sustentado do etanol hidratado e cotações do milho abaixo do registrado no ano passado, o diferencial entre o produto e o insumo neste começo de 2018 está em torno de R$ 0,30/L superior ao mesmo período de 2017 em Mato Grosso e Goiás.
Além disso, a maturação de investimentos realizados nos últimos anos deve levar a novo incremento na capacidade produtiva de etanol de milho no Centro-Oeste brasileiro. Os fatores ganham ainda mais peso junto à expectativa de forte demanda por etanol hidratado e aos preços do milho ainda abaixo do ano passado nas principais áreas produtoras.
Fonte: INTL FCStone