A missão técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) que visitou a Austrália e a Nova Zelândia durante 10 dias trouxe na bagagem experiências e conhecimentos para implementar em futuros projetos da entidade. O grupo conheceu propriedades rurais, empresas e entidades que são referência em produção e tecnologia, além de experiências exitosas na área de capacitação de produtores e trabalhadores rurais.
Representando o Estado de Goiás, o superintendente do Senar Goiás, Eurípedes Bassamurfo da Costa, trouxe em sua bagagem, pontos importantes para serem implantados e discutidos no que diz respeito à produção animal.
“Goiás precisa entender que tem uma potencialidade imensa de crescimento. Apesar disso, o que precisa ser feito, é levar motivação aos produtores para que eles enxerguem as oportunidades que têm nas mãos”, ressalta.
Segundo o superintendente, para que isso aconteça é necessário investir em assistência técnica e gerencial.
“O modelo que implantaremos em Goiás será voltado para a melhoria na assistência ao produtor rural, ou seja, faremos com que a terra desenvolva melhorias tanto para a produção quanto para os animais. Além de gerenciar seus custos para que seja feito o equilíbrio econômico e financeiro da propriedade”, explica Bassamurfo.
DIFERENCIAIS
Na opinião do coordenador da missão e superintendente do Senar no Rio Grande do Sul, Gilmar Tietböhl, além de ter contato com técnicas de produção diferentes, a viagem permitiu conhecer o conceito que os produtores rurais da Austrália e Nova Zelândia têm sobre a sua missão, o seu papel e a organização das cadeias produtivas.
“Essas relações já estão bem amarradas entre eles e a indústria compradora. O funcionamento dessas cadeias é bastante harmônico, o que não acontece no Brasil. Eles têm foco em produzir aquilo que o mercado quer comprar, principalmente nas carnes”.
Beretta também salienta a consciência dos produtores rurais da região sobre a importância da qualidade do produto oferecido no mercado. O superintendente do Senar de Mato Grosso do Sul revela que todos os detalhes são observados – como a espessura da lã e os índices de controle do leite – para que o produto possa ser oferecido em qualidade e quantidade e assim alcançar o preço máximo.
“Eles conseguem ser competitivos porque são grandes produtores. O que não é o caso da maioria no Brasil, que teriam que se associar para ter condições de sobreviver no mercado. A viagem me mostrou que o Senar deve incentivar cada vez mais o associativismo e o cooperativismo entre os produtores brasileiros”, declara.
Outro ponto que impressionou os integrantes da delegação foi a qualidade da alimentação oferecida aos animais permanentemente. Segundo Tietböhl, na Nova Zelândia, as pastagens (principalmente de azevém e de trevo branco) são tratadas como lavoura, recebem adubação, correção de solo e irrigação.
“Pode dar enchente, seca ou qualquer outra intempérie que nunca os bichos sofrem. Sempre tem comida”, revela. Ele destaca ainda a importante vinculação que existe entre as instituições de pesquisa e os produtores, que aplicam os resultados quase que de forma imediata e isso reflete diretamente na produção.
RECURSOS HÍDRICOS
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Viriato de Saboya Neto, reforça a posição. Conforme ele, em algumas regiões dos dois países os recursos hídricos e a pluviosidade são semelhantes ou até menores (média anual de 500 mm) do que as encontradas nos Estados do Nordeste brasileiro. A diferença, aponta, é a postura dos produtores de lá, que investem em cisternas para reserva hídrica e em silagem e feno para a alimentação animal ao longo de todo o ano.
“O grande diferencial é a consciência do homem. Essa é uma ação rotineira na vida dos criadores porque eles sabem que é uma questão de sobrevivência. Acredito que o Nordeste ainda poderá se tornar um grande produtor de leite no futuro, só depende de alimento e do homem”, alerta Flávio.
A VIAGEM
Na Austrália, a deleção visitou a Sydney Royal Easter Show e fazendas dedicadas à criação de ovinos e bovinos de corte. A programação prosseguiu em Auckland, na Nova Zelândia, com encontros na empresa QCONZ – Quality Consultants of New Zealand, responsável por 80% das auditorias de qualidade na produção de leite das fazendas.
Na sequência, o grupo seguiu para a região de Waikato onde conheceu uma propriedade de pecuária de leite – acompanhado por uma representante da Livestock Improvent (LIC), responsável pelo melhoramento do gado – e um haras que lidera a criação da raça Puro-Sangue Inglês, na região de Australásia. Em Hamilton ocorreu um encontro com o Waikato Institute of Technology (Wintec), responsável pela área de ciências e indústrias primárias, e com a LearningWorks, que realiza capacitação profissional de produtores e trabalhadores rurais e treinamento de professores em sua metodologia de ensino.
O roteiro também incluiu a área de North Canterbury, no leste da Nova Zelândia, onde visitaram a Grasslands Innovation, empresa de pesquisa em melhoramento de pastagens. Em Mid-Canterbury, o grupo visitou uma propriedade especializada na produção de cordeiro prime. A programação foi encerrada com uma visita a Pannetts Dairies Ltd, um laticínio de alta tecnologia e à fazenda da Lincoln University Dairy Farm, em Christchurch.
DELEGAÇÃO
Também fizeram parte da delegação os superintendentes do Senar no Pará, Walter Cardoso; no Espírito Santo, Neuzedino Alves Victor de Assis; e em Santa Catarina, Gilmar Antônio Zanluchi. Pela parte da entidade estiveram presentes ainda o chefe Departamento de Inovação e Conhecimento (DIC) do Senar, Luis Tadeu Prudente Santos, a coordenadora de Capacitação Técnica do programa de Assistência Técnica e Gerencial do Senar, Janete Lacerda de Almeida; e o superintendente adjunto do SENAR da Bahia, Humberto Miranda Oliveira. O Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento (Mapa) foi representado pela chefe da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE), Tânia Mara Garib.
Fonte: Senar Goiás com informações do Senar Central