Missão de compradores asiáticos quer conhecer melhor o algodão brasileiro

A intenção do grupo é ampliar as importações da pluma produzida no Brasil
Visita à fazenda Encantado, em Sapezal (MT): a intenção do grupo é ampliar as importações da pluma produzida no Brasil  FOTO – Divulgação/Ampa

 

Sun Liang é diretor executivo e gerente geral de St. Meer, grupo industrial estabelecido na Zona Franca de Qingdao, na China, o que lhe permite utilizar 100% de algodão importado. Ele é um dos integrantes da missão de compradores de algodão que visitou Mato Grosso e outros estados produtores da fibra (Bahia e Goiás) esta semana – uma iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em parceira com quatro tradings, e apoio da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e outras estaduais.

Sun Liang, que participa da missão juntamente com seu supervisor de negócios, informou que o objetivo da vinda ao Brasil é conhecer melhor como a pluma é produzida e também os produtores de algodão. “Nossa indústria importa cerca de 25 mil toneladas de pluma por ano e queremos aumentar essa quantidade para 40 mil t”, comentou o chinês. A St. Meer é uma indústria têxtil relativamente nova (tem três anos) e com maquinário muito moderno, o que confere grande eficiência à confecção de uma gama variada de produtos, como artigos de vestuário em jeans e cortinas. “Compramos parte da matéria-prima dos Estados Unidos e também de países da África. Queremos comprar mais algodão brasileiro e estamos nesta missão para conhecer a qualidade do algodão produzido em Mato Grosso e outros estados, suas especificações, para vermos qual fibra é mais adequada ao nosso maquinário e quem oferece o preço mais competitivo”, acrescentou.

Considerando as empresas envolvidas na missão de compradores, os representantes das tradings estimam que elas tenham um potencial para importação de 1,8 milhão de toneladas de pluma por ano. O perfil das empresas representadas pelos 13 integrantes da missão de compradores, sediadas na China, Coreia do Sul e Tailândia (alguns dos principais importadores da pluma brasileira), revela que muitas já importam a pluma brasileira e têm planos (e fôlego) para aumentar as importações do Brasil.

Desde segunda-feira, o grupo de compradores cumpriu uma extensa programação em Mato Grosso, Bahia e Goiás, estados que lideram a produção de fibra no Brasil (somente Mato Grosso responde por 57% do total produzido no País), em companhia do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen Rodrigues, e o vice-presidente Arlindo Moura, e dos representantes das quatro tradings envolvidas na missão (ECOM, Cargill, Louis Dreyfus e Reinhart).

Em Mato Grosso, primeiro estado a ser visitado, os compradores conheceram Sapezal (cerca de 500 km a noroeste de Cuiabá) e Primavera do Leste (300 km a leste da capital), em voo fretado, e foram ciceroneados pelo presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Gustavo Piccoli, e diretores da entidade. Em Sapezal, município que tem a maior área de cultivo de algodoeiro de Mato Grosso, visitaram lavouras e uma algodoeira. O agente tailandês Nudhanai Lunchaprasith, da Emerald World Co., ficou muito impressionado com a visita à usina de beneficiamento da fazenda Três Lagoas, do Grupo Scheffer, com capacidade para processar 60 fardos por hora. “Estamos habituados a ver a pluma no fardo e achei muito interessante conhecer de perto a primeira etapa do processo de beneficiamento nas fazendas e a velocidade com que as máquinas trabalham”, disse.

Na terça-feira, o grupo foi recebido em audiência no Palácio Paiaguás, onde o governador Pedro Taques, o vice-governador Carlos Fávaro e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Seneri Paludo, falaram sobre o potencial econômico do estado e as iniciativas para superar os gargalos inseridas no programa “Transforma MT”. De Cuiabá, a comitiva seguiu para Primavera do Leste, onde visitou o Laboratório de Classificação Tecnológica da Unicotton, a Unidade Experimental do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) e teve a oportunidade de conferir uma colheita feita com tecnologia de ponta. Depois da visita a fazendas de algodão na Bahia e Goiás, a missão será concluída em Brasília, nesta sexta-feira, com uma visita à sede da Abrapa.

Perfil dos compradores

O grupo da trading ECOM que participa da missão de compradores é liderado pelo inglês Richard Pollar e integrado por três chineses: Chunliang Zhan do grupo Texhong Textile, Jiquan Zhang do grupo Shandong Ruyi Technology e Jingbiao Shan da empresa Zibo Yinshilai Textile.

Segundo a ECOM, o grupo Texhong Textile é um dos maiores fabricantes têxteis na China, focado na fabricação de produtos de alto valor agregado. Desde 1997, o grupo vem crescendo em ritmo acelerado e possui mais de 3 mil clientes na China e no exterior, com a sua cadeia de clientes abrangendo países como Brasil, China, Turquia, Bangladesh, Japão e Coreia do Sul. O grupo compra algodão brasileiro há 15 anos e consome 15 mil toneladas/mês de pluma do Brasil, EUA, Austrália e China.

O grupo Shandong Ruyi Technology é uma joint-venture conhecida na China como um empreendimento de alta tecnologia, estando entre as 10 maiores empresas da indústria têxtil de seu país. Seus negócios englobam têxteis e vestuário, impressão em algodão, tingimento, malharia, fibras e jeans. A empresa consome mais de 100 mil t de pluma/ano do Brasil, China, EUA, Índia e Austrália. A maior compra de pluma brasileira foi registrada em 2012: 13 mil toneladas.

Fundada em 1999, a Zibo Yinshilai é uma empresa participante do mercado de ações de Hong Kong e consome cerca de 1.500 toneladas de pluma/mês de países como Brasil e EUA. A empresa compra algodão brasileiro desde 2005 e é membro da Better Cotton Initiative (BCI) – uma iniciativa que conta com a adesão de muitas fazendas produtoras de algodão de Mato Grosso e outros estados produtores de fibra.

O grupo da trading Cargill, liderado pelo mexicano Roberto Ferrer, é formado por dois compradores da Tailândia – Chalat Buranatrakul da S.R. Spinnig e Nudhanai Lunchaprasit da Emerald World Co., empresa instalada em Bangkok – e um da Coreia do Sul: Byoungse Jang da SAE-A Trading, fabricante global de roupas com plantas na Guatemala, Nicarágua, Indonésia, Vietnã, Camboja, Haiti e Costa Rica. A SAE-A S.R.L Spinning, sediada na Costa Rica, que faz parte do grupo, usa 100% de algodão como matéria-prima e consome cerca de 11.700 toneladas de pluma/ano, tendo planos de utilizar a fibra brasileira em 2016.

A tailandesa S.R. Spinning Co. fabrica algodão de alta qualidade e fios sintéticos. Criada em 1997, a empresa consome em média 800 toneladas/mês de pluma do Brasil, EUA e Austrália. O consumo atual de pluma brasileira é de 2 mil t/ano, mas a empresa planeja aumentar esse consumo.

O grupo da Reinhart, sob a liderança do suíço Daniel Ballestrin, é integrado pelos chineses Sun Liang e Sam Wei da St. Meer, empresa instalada na Zona Franca de Qingdao, que pretende aumentar a importação de pluma brasileira. Os outros membros do grupo são os tailandeses Kumjorn Chuenchoochit e Boonthong Kongpakpaisarn, respectivamente diretores das empresas Thai Textile Industry Public e Thai Kurabo.

A Thai Textile Industry Public está estabelecida desde 1970 e tem grande experiência em fiação e tinturaria, entre outras atividades. Consome 1500 toneladas de pluma/mês e seu consumo de algodão brasileiro vem crescendo, segundo informações da Reinhart. O produto importado do Brasil vem substituindo parte das importações de Austrália e dos EUA.

A Thai Kurabo, por sua vez, é uma tradicional empresa do setor têxtil (foi criada em 1888) e vem incorporando novas tecnologias nos setores de fiação, tinturaria e acabamento. A empresa consome 1000 toneladas de pluma/mês e começou a consumir algodão brasileiro na safra 2013/14.

O grupo também incluía o tailandês Duladharm Darakananda, da Union Textile Industries Public. Esta empresa consome aproximadamente 800 toneladas/mês de algodão e iniciou a compra de pluma brasileira há dois anos. O grupo iniciou as operações em 1961 como fabricante e distribuidor de zíper e, mais tarde, expandiu para outras empresas têxteis, sendo agora fabricante e distribuidor líder de produtos têxteis integrados.

O grupo da Louis Dreyfus é liderado pelo norte-americano Charles Christie e trouxe ao Brasil dois compradores da Coreia do Sul: Kwonyeon Cho da Taekwang Industrial Co. e Jay, Song da Chonganb Co.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação/Ampa

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