Na abertura do 12º Congresso de Agribusiness da SNA a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que o Brasil irá desempenhar posição de destaque nas áreas de segurança (climática, alimentar, energética e hídrica), bem como nos setores de biodiversidade, e questionou o posicionamento do país diante do desenvolvimento sustentável e da chamada Economia Verde. “O Brasil tem 44 milhões de hectares de áreas degradáveis. O que vamos fazer? Existem muitas áreas protegidas sem nenhum uso econômico e social. Temos de reposicionar o debate sobre agricultura e meio ambiente” – alertou Izabella.
“É preciso mudar o patamar das ações e políticas públicas, pois o meio ambiente é um ativo da economia que não se pode desprezar, é um fator que gera competitividade no país. Temos o dever de repensar uma nova discussão que possa, por exemplo, incentivar a agricultura de baixo carbono, e a Rio + 20 vai colocar todas essas questões no cent ro dos debates”.
No Congresso, que aborda o tema “Oportunidades de Investimentos no Agronegócio”, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, traçou um panorama geral do agronegócio brasileiro, com destaque para a Balança Comrcial do setor e a safra recorde de 2011. Afirmou que há muitos recursos para investimento no setor, “mas que é preciso afastar as incertezas para que os investidores tenham mais segurança”. Ele mostrou-se preocupado com as questões relativas ao Meio Ambiente. “Todos dão opinião sobre preservação ambiental, há muita desinformação, e algumas pessoas embarcam numa onda pseudoconservacionista” – alertou Alvarenga, que antecedeu o posicionamento assumido à ocasião pela ministra Izabella Teixeira: “Chegou a hora de acabar com o preconceito na relação agricultura-meio ambiente.É preciso que haja políticas ambientais que possam promover a sustentabilidade da agricultura brasileira”.
Abrindo o primeiro painel, sobre “As Perspectivas do Agronegócio Brasileiro e Oportunidades do Mercado Internacional”, o ex-ministro Roberto Rodrigues criticou a falta de uma liderança global consistente que ofereça para o planeta um projeto de sustentabilidade. Além disso, reafirmou que o Brasil tem todas as condições para assumir a liderança mundial no âmbito da Economia Verde, mas lamentou a falta de estratégia e de políticas públicas. “Se não tivermos programas de renda, logística, defesa sanitária e política ambiental, não teremos estratégia para avançar” – alertou, afirmando que o país é capaz de liderar um projeto que mude a geopolítica mundial, apoiado no trinômio sustentabilidade, segurança energética e recursos naturais.
O segundo palestrante do painel foi o ex-ministro Pratini de Moraes. Depois de traçar um panorama geral do cenário agrícola brasileiro, situou o país no quadro das exportações dos principais produtos agrícolas, como soja, carne e milho. Pratini defendeu ainda firmeza na negociação do Brasil com a Rússia, após o recente embargo à importação de carne bovina, suína e ovina brasileira. “Comércio é toma lá, dá cá. Se os russos não querem comprar a carne, não vamos comprar o avião deles”, afirmou o ex-ministro, acrescentando: “O Brasil é muito bonzinho. O país precisa ter mais firmeza nas negociações comerciais”. Para pontuar os desafios globais do setor, o ex-ministro destacou questões como segurança jurídica, marketing, logística, tarifas, protecionismo sanitário, câmbio e competitividade.
No painel “Políticas Públicas voltadas para o Agronegócio”, Christino Áureo da Silva, Secretário de Estado de Agricultura e Pecuária do Rio de Janeiro, disse que o Rio de Janeiro está se preparando para tornar-se o polo de agricultura sustentável do país. Segundo ele, “um grande passo para o alcance desta meta foi a ampliação do empréstimo do Banco Mundial para o Programa Rio Rural. “Na ocasião, ouvimos da diretoria do BIRD que o Rio Rural é o seu melhor case latinoamericano de desenvolvimento rural sustentável”.
Christino Áureo também ressaltou a produção de alimentos ecoamigáveis, orgânicos e a chamada agricultura de baixo carbono, como resultados deste modelo. Ele concluiu sua participação acrescentando que a definição final sobre o Código Florestal será importante para balizar esse processo e que o estado não está paralisado com este debate.
Já o Secretário de Estado de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia, Eduardo Seixas de Salles, chamou a atenção para a necessidade da produção com sustentabilidade, detacando a sintonia que existe na Bahia entre agricultura e meio ambiente. Em sua palestra mostrou as políticas públicas voltadas para o agronegócio familiar e empresarial e enfatizou que o Brasil não pode se dar ao luxo de perder investimentos internacionais por causa da restrição à venda de terras a estrangeiros, defendendo que nessa questão haja mais flexibilização.
O secretário propôs que os empresários estrangeiros interessados em investir no Brasil implantando fábricas para agroindustrializar a produção tenham o direito de comprar terras com áreas suficientes para produzir o equivalente à capacidade instalada de processamento, garantindo assim a matéria prima para funcionamento do empreendimento.
De acordo com o secretário, o instrumento legal a ser aprovado pelo Congresso deverá também estabelecer prazos para o início da plantação. “Nós somos terminantemente contra a especulação imobiliária, mas devemos criar as oportunidades para quem quer investir e gerar renda no Brasil”, ressaltou. Usando uma figura de linguagem, o secretário disse que “devemos aproveitar um momento único em que o cavalo está passando selado à nossa frente para agregar valor aos nossos produtos e gerar milhares de emprego”.
Encerrando a sessão da manhã, Rita de Cássia Milagres Teixeira, coordenadora geral de Agronegócios da Secretaria de Desenvolvimento e Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), traçou um breve painel da balança comercial do agronegócio, destacando que o setor foi o responsável pelo recente saldo positivo de US$ 63 bilhões. “Estamos aumentando nossa produção sem expandir área” – frisou.
Destacando a atuação do MDIC, Rita de Cássia abordou a Política de Desenvolvimento Produtivo, instituída no final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, um esforço para favorecer negociações no âmbito do agronegócio, que envolveu um conjunto de metas e desafios em 25 setores. A partir de 120 reivindicações de variados segmentos, o MDIC adotou 80 ações e obteve 65 avanços em favor do desenvolvimento da agroindústria, com o propósito de solucionar diversos gargalos na produção.
À tarde, especialistas debateram no auditório da Confederação Nacional do Comércio (CNC), no centro do Rio, temas de interesse como “Ensino, Pesquisa, Tecnologia e Inovação”, “Investimentos em Pequenos, Médios e Grandes Empreendimentos”, “Indústria de insumos e equipamentos”, “Seguro Agrícola” e “Logística”.