Ministério da Agricultura lança o mais detalhado mapa de solos do País

Uma plataforma virtual que reúne inúmeras informações sobre os solos do Brasil será lançada nesta quinta-feira pelo Ministério da Agricultura.

Na ferramenta interativa, é possível observar os variados tipos de solo que compõem o território nacional com nível inédito de detalhamento, sua condição hídrica, os minerais, dados sobre erosão e até mesmo o armazenamento de carbono. Também é possível sobrepor uma informação com outra, comparar sua evolução ao longo do tempo e obter detalhes por regiões, biomas e estados, entre outros recursos.

O mapa, que pode ser acessado no link https://geoportal.cprm.gov.br/pronasolos/, é uma das iniciativas do Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos), instituído pelo governo federal em 2018 e com duração de 30 anos, para mapear os solos de 1.3 milhão de quilômetros quadrados que compõem o território nacional.

A iniciativa surgiu para sanar a carência de informações detalhadas sobre os solos brasileiros, contou com exclusividade ao Broadcast Agro a diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Mariane Crespolini.

Para abastecer este mapa interativo, o Ministério da Agricultura reuniu, na primeira etapa do programa, informações que já estavam disponíveis, porém dispersas, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, no Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e em outras estatais e em várias universidades do País.

Somente na segunda fase do PronaSolos o levantamento será in loco, para captar informações que ainda não foram inseridas no mapa. “Aí os pedólogos vão a campo para coletar solo, fazer a análise e aplicar na plataforma”, disse Mariane.

Detalhamento

“O PronaSolos é um programa de 30 anos, mas tínhamos de começar de algum modo esse grande desafio que é mapear, identificar os solos brasileiros e centralizar todas as informações. Antes de sair cavando buracos no território nacional, preferimos reunir o que já existia de dados e inserir tudo num lugar só. Foi uma forma de adiantar os trabalhos e poupar recursos públicos”, explicou a diretora.

“Chamamos todos os envolvidos com o tema para colaborar e o resultado é esta plataforma única. É uma entrega de vários parceiros”, afirmou Mariane, acrescentando que gestores públicos, engenheiros agrônomos, produtores rurais, professores, pesquisadores, profissionais ligados a mineração, gestão de recursos hídricos, comunicações, meio ambiente e inúmeros outros interessados terão, a partir de agora, uma ferramenta que concentra informações que antes estavam dispersas e nem sempre acessíveis.

Visão geral dos solos do País na escala de 1:250.000 

                                                                               Foto: Captura de tela do Pronasolos

Por enquanto, o nível de detalhamento dos mapas está numa escala de 1 para 250.000, que é a mesma do Mapa de Solos do Brasil, lançado no ano passado pelo IBGE. Isso significa que cada 1 centímetro quadrado do mapa equivale a 2,5 quilômetros quadrados de área real.

Ao longo dos anos, porém, Mariane disse que o objetivo do PronaSolos é melhorar a escala para 1:50.000. “Menos de 5% do território brasileiro conta com mapas de solos com escalas de 1 para 100.000. Nos Estados Unidos, como comparação, o território é quase integralmente mapeado com escalas de 1 para 20.000 e de 1 para 40.000”.

Porém, a coordenadora-geral de Conservação de Solo e Água do Ministério da Agricultura, Soraya Araújo, afirmou ao Broadcast Agro, que, para solos tropicais, trata-se de uma “plataforma inédita no mundo”. “E, com este nível de detalhamento, consigo fazer interpretações que antes não eram possíveis”, disse.

“Por exemplo, se eu sobreponho as informações sobre estoque de carbono no solo com o de água e o de erosão, é possível observar a eficiência de programas de conservação de solo e água e sua relação com o maior nível de estoque de carbono no solo. Ou, de outro modo, tomar iniciativas urgentes para conter sérias degradações de solo”.

Integração

Políticas públicas também serão facilitadas a partir da nova ferramenta, garantem Mariane e Soraya. “Se quero fazer um projeto de irrigação regional, consulto o mapa hídrico e a disponibilidade de água”, afirmou Soraya. “Este tipo de integração e interpretações múltiplas a gente não tinha como fazer antes em nenhum outro local em âmbito nacional e, agora, com o PronaSolos, será possível e online”.

Mariane disse que não só a agricultura brasileira se beneficiará da ferramenta, como também o setor de zoneamento de risco agroclimático, por exemplo, que é muito usado por produtores rurais para verificar as épocas ideais de plantio de cada cultura e também por políticas públicas e bancos para contratação de apólices de seguro rural.

“O mapa traz também todas as jazidas minerais do País”, destacou a diretora. “As informações relativas a isso, e que são do Ministério das Minas e Energia, vão estar na ferramenta.”

Outro recurso, como o estoque de carbono no solo, também estará disponível para interessados em conservação ambiental. “O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por sua vez, terá condições de identificar, conforme o tipo de solo, áreas onde é possível ou não instalar torres de celular”, afirmou Mariane.

“A questão de condutividade elétrica do solo é igualmente importante para o setor de comunicações”. Além disso, acrescentou a especialista, “o potencial de erosão é utilizado para definir a construção de barragens e pontes. Há ainda questões de defesa do território e o deslocamento de tropas, e a proteção de fronteiras, onde conhecer o tipo de solo que é essencial… Os usos são múltiplos”.

Mariane informou que no Comitê Estratégico do PronaSolos estão, além do Ministério da Agricultura, os ministérios do Meio Ambiente; de Minas e Energia; de Ciência e Tecnologia; da Economia e o Ministério do Desenvolvimento Rural, que compõem a governança do programa.

Desenvolvimento sustentável

Para rodar um programa dessa magnitude, Soraya disse que todo o sistema computacional fica instalado no Serviço Geológico do Brasil, ou CPRM, estatal ligada ao Ministério das Minas e Energia. “Também foi uma maneira de economizar recursos públicos porque o sistema está hospedado em uma estrutura que já existia e tinha capacidade de comportar o programa”.

Mariane garantiu, ainda, que o PronaSolos vai “promover o desenvolvimento sustentável” do País, porque garantirá “o melhor uso dos recursos naturais”. “O solo não é renovável e é nele que produzimos 25% do PIB brasileiro”, disse ela, se referindo ao setor agropecuário. “Então, ter o máximo de informações possíveis sobre solos do País é essencial.”

Adicionalmente, serão lançados levantamentos inéditos sobre erosão ao longo do tempo e de recursos hídricos, ambos inseridos na ferramenta.

 

Fonte: Broadcast Agro

Equipe SNA

 

 

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