Milho puxa mais uma colheita recorde de grãos

Em seu último relatório sobre a safra 2018/19, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fez poucos ajustes em suas estimativas e confirmou mais uma colheita recorde de grãos no país. A maior correção foi na safrinha de milho, que passou a ser estimada em 73.8 milhões de toneladas, acima das 73.07 milhões de toneladas previstas no mês passado e também a maior da história.

Segundo a Conab, a utilização plena da janela climática, possibilitada pela antecipação do plantio de verão, permitiu aos produtores semearem uma área recorde com milho no inverno, de 12.6 milhões hectares.

Somada à colheita da safra de verão do cereal, finalizada em 26.2 milhões de toneladas, segundo a Conab, a produção nacional totaliza 100 milhões de toneladas na temporada 2018/19 – 23,90% mais que em 2017/18, quando problemas climáticos prejudicaram a colheita.

No que diz respeito à soja, carro-chefe do agronegócio nacional do ponto de vista das exportações e receita total, a Conab manteve a estimativa de produção em 115 milhões de toneladas, 3,60% menos que no ciclo passado, quando o país registrou recorde para a oleaginosa.

Somados todos os grãos e fibras, a estimativa é de que o Brasil tenha produzido 242.14 milhões de toneladas em 2018/19 – 6,40% mais que no ciclo anterior. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também divulgou ontem um novo levantamento de safra, calcula o volume total em 239.8 milhões de toneladas – 5,90% mais que a colheita do ano passado.

Ainda que vá entrar para a história pelos recordes alcançados, a safra 2018/19 de grãos também confirma um movimento que, para alguns observadores, é preocupante: a queda da produção de alimentos básicos, que têm perdido espaço no campo para soja e milho, de maior liquidez e normalmente mais rentáveis.

Segundo a Conab, a colheita de feijão deverá recuar 7,50% em relação à temporada 2017/18, para 2.9 milhões de toneladas, e a queda para o arroz é estimada em 13,90%, para 1.7 milhão de toneladas. E, no caso do arroz, a tendência deverá ser aprofundada no ciclo atual.

Levantamento divulgado ontem pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), mostra que o cultivo do cereal vai perder terreno no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do País, pela décima safra seguida em 2019/20. Segundo a entidade, a área ficará em 946.280 hectares – 3,80% menor que os 984.080 hectares cultivados em 2018/19.

O levantamento do Irga comprovou que, assim como vêm ocorrendo nos últimos anos, os gaúchos darão mais espaço para o cultivo de soja na rotação com o arroz. A oleaginosa será plantada em 322.430 hectares de rotação, contra 332.790 hectares em 2018/19 (aumento de 3,20%).

 

Valor Econômico

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