Milho dá o troco e ‘rouba’ área da soja

A quebra de safra provocada principalmente pelas perdas das áreas de sequeiros e em menor participação das áreas irrigadas também reduziu a rentabilidade dos produtores. Os dados foram levantados pelo Projeto Campo Futuro da Confederação de Estimativas da AgRural, de Curitiba, apontam para uma área de 33,5 milhões de hectares de soja nesta safra 2016/17 no País. Ainda é uma área recorde, mas com evolução de apenas 0,9% em relação à safra de 2015/16. Esta, por sua vez, havia crescido 3,5% em relação à de 2014/15.

Se a produtividade da soja obtida na safra 2016/17 for semelhante à da média histórica no País, a produção total deverá ultrapassar os 100 milhões de toneladas, ante 95,6 milhões em 2015/16.

O avanço da soja será tímido em regiões de novas fronteiras, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural. Essas áreas foram muito afetadas por fatores climáticos na safra que se encerrou. Além disso, há dificuldades na obtenção de crédito.

Já na região Sul, principalmente devido à demanda e preços elevados do milho, a soja devolve parte da área que havia tomado do cereal nos anos recentes.

A favor do milho pesam os preços bastante favoráveis neste ano e os mercados externos que o país conquistou, o que dá boas possibilidades de uma continuidade das vendas externas.

Na avaliação da AgRural, a área a ser dedicada ao milho será de 3,4 milhões de hectares. Com um cenário favorável, o milho deverá ganhar espaço não só da soja como também de feijão e pastagens. O cereal só não ocupa mais espaço porque a soja tem uma liquidez maior na hora da comercialização.

O avanço do milho ocorrerá principalmente no Sul, maior consumidor do cereal devido à produção de carnes nos três Estados.

 

BOM, MAS NEM TANTO

O ciclo de soja deste ano termina em bons patamares, mas com números inferiores ao recorde que se previa no início da safra. O clima adverso fez as estimativas iniciais, superiores a 100 milhões de toneladas, não se confirmarem.

É o que prevê a Abiove (associação da indústria de moagem). A produção brasileira deste ano fica em 96,6 milhões de toneladas, abaixo dos 97 milhões do ano anterior. Já as exportações, após terem atingido 54,3 milhões de toneladas em 2015, deverão ser de 53 milhões neste ano.

 

RECEITAS

O complexo soja deverá trazer US$ 25,6 bilhões para o país neste ano, um valor inferior aos US$ 28 bilhões de 2015. O valor fica ainda mais distante do recorde de 2014, quando as receitas atingiram US$ 31,4 bilhões, segundo a Abiove.

A qualidade da cana moída na primeira quinzena de julho, na região centro-sul, ficou abaixo das expectativas do setor. A quantidade de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) alcançou 125,40 kg por tonelada.

 

SAFRA MAIS DOCE

A produção de açúcar, iniciada em abril, cresceu 30% neste ano em relação a igual período do ano passado. Já a de etanol ficou 10% maior. A avaliação da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) indica produção acumulada de 13,8 milhões de toneladas de açúcar e de 10,8 bilhões de litros de etanol nesta safra 2016/17.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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