Milho caro deve reduzir a oferta de aves e suínos

Diante da disparada das cotações do milho no mercado doméstico, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) cortou ontem as estimativas para a produção brasileira de carne de frango e de carne suína em 2016. Principal ingrediente da ração de aves e suínos, o cereal ficou mais escasso neste ano devido ao forte ritmo de exportações e à quebra da safra de inverno.

De acordo com ABPA, a produção de carne de frango do país totalizará cerca de 13 milhões de toneladas neste ano, 4,4% abaixo das 13.6 milhões de toneladas projetadas anteriormente pela entidade. Com isso, a produção pode cair 1% em relação a 2015, quando somou 13.136 milhões de toneladas.

 

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A redução da produção de carne de frango deve ser mais concentrada no segundo semestre. Até abril, os alojamentos de pintos de corte vinha crescendo, mas a persistente alta do milho levou as indústrias a cortarem a produção, sobretudo a partir de junho. Nesse movimento, as companhias optaram por conceder férias coletivas ou mesmo paralisar abatedouros.

A alta do milho também afetará a produção de carne suína este ano. A ABPA agora projeta que a produção brasileira ficará em 3.64 milhões de toneladas, mesmo volume de 2015. A estimativa anterior era de uma produção de 3.76 milhões de toneladas de carne suína.

Mesmo com a menor oferta no segundo semestre, as exportações de carnes de frango e suína devem registrar forte alta em 2016. Conforme a ABPA, os embarques de frango deverão subir 8%, alcançando 4.6 milhões de toneladas. A estimativa inicial era de um aumento de 3% a 5%.

De acordo com o vice-presidente de mercados da ABPA, Ricardo Santin, a demanda chinesa é a principal responsável pelo crescimento. “Essa demanda se dá pelo aumento de renda dos chineses”, afirmou. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango. Além da China, Oriente Médio, Japão e Coreia do Sul também devem contribuir para o avanço dos embarques.

Para Santin, nem mesmo a retomada das vendas de carne de frango pelos EUA, segundo maior exportador, vão ameaçar o crescimento dos embarques do Brasil. Segundo ele, os EUA continuam proibidos de vender à China devido ao surto de gripe aviária que sofreram em 2015.

No caso da carne suína, é também a demanda chinesa e, sobretudo, a recuperação da Rússia que devem levar ao crescimento dos embarques. Pelas estimativas da ABPA, as exportações do produto crescerão 28% na comparação com 2015, atingindo cerca de 700.000 toneladas.

A retomada das vendas à Rússia, que em 2015 sofreu com as queda dos cotações do petróleo, passa por uma melhora no relacionamento historicamente conturbado com os importadores russos. Em troca de estabilidade nas vendas, os exportadores brasileiros de carne suína aceitaram reduzir o preço do produto vendido à Rússia, disse o vice-presidente técnico da ABPA, Rui Vargas.

O comércio com a Rússia é marcado por idas e vidas, com habilitações e embargos de unidades, o que frequentemente provoca crises na suinocultura brasileira, uma vez que Moscou já chegou a responder por quase 50% dos embarques brasileiros. Com o crescimento das vendas a Hong Kong e China, a dependência da Rússia se reduziu. Ainda assim, os russos lideram o ranking dos compradores, com uma fatia de 34% das exportações brasileiras de carne suína.

 

 

Fonte: Valor Econômico

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