Por Cleiton Evandro dos Santos/AgroDados
Com a certeza de que o Brasil vai consumir tudo o que produz de arroz em 2017/18 e ainda precisará importar o grão do Mercosul por conta das exportações em ascensão e dos baixos estoques desta temporada, o mercado começou a reagir com mais força em junho e a elevar os preços.
O indicador de preços da saca de 50 quilos do arroz em casca (58 x 10) no Rio Grande do Sul (Esalq-Senar/RS) bateu na casa dos R$ 39,69 nesta terça-feira, 19 de junho, acumulando 5,67% de valorização no mês. Em dólar, os preços também evoluíram e chegaram à equivalência de US$ 10,60 por saca. Ainda assim, o Brasil se mantém altamente competitivo no mercado externo.
No dia 1º de junho, o preço médio era de R$ 37,38 e US$ 9,93. Ou seja, em dólar houve uma valorização de R$ 0,67 e em reais de R$ 2,31 por saca. A média desta semana indica que há indústrias e exportadores pagando mais de R$ 40,00 pela saca de arroz.
Em algumas circunstâncias, o grão para exportação chega a ser negociado a R$ 43,00, colocado no porto. A expectativa é de que estes valores aumentem gradativamente. O Brasil também deverá importar mais arroz no segundo semestre por causa do ajuste entre oferta e demanda e das exportações.
A conjuntura só não é mais favorável porque o estabelecimento de uma tabela de fretes encareceu em até 50% o transporte de cargas de arroz entre Pelotas e Rio Grande, com destino à exportação. A tonelada subiu, por exemplo, de R$ 26,00 em média fora do pico da colheita, para R$ 38,00. Muitos transportadores, porém, estão aceitando preços de mercado e não cumprem a tabela.
Quem tranca o pé nos preços tabelados pelo governo/categoria, tem dificuldades de encontrar carga. E, enquanto o imbróglio não alcança resultado definitivo, algumas empresas já pensam em formar uma frota de caminhões e fazer o próprio transporte. Dizem que o custo é menor.
Na Depressão Central gaúcha, a queixa das indústrias é o aumento do frete com a nova tabela. Algumas cooperativas e indústrias tiveram que majorar em 35% o preço do fardo de 30 quilos do arroz beneficiado, branco, Tipo 1, valor que será repassado ao consumidor e ao produtor.
Quadro de oferta
Na semana que passou, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou os números de safra. A expectativa de produção voltou a crescer, e agora é de 11.74 milhões de toneladas, apenas 260.000 toneladas abaixo do consumo e perto de 500.000 da produção do ano passado.
Com estoque de apenas 447.000 toneladas, o segundo menor da década, e exportações em alta pela forte competitividade estabelecida com a apreciação do dólar, a tendência de um segundo semestre de preços firmes se confirma.
Preço ao consumidor
O repasse de valores da tabela de fretes para o arroz branco vai alcançar o produtor de arroz e o consumidor. Segundo as empresas, será necessário repassar aos consumidores e aos fornecedores o ônus da majoração do custo do transporte.
Com isso, o preço ao consumidor subiu desde a febre de compras estabelecida ainda no final de maio por conta da greve dos caminhoneiros. O quilo do arroz valorizou até R$ 1,50 nas gôndolas dos supermercados. A tendência é de que esses preços se mantenham firmes e subindo.
Da mesma maneira, os preços internacionais devem manter uma curva de valorização até, pelo menos, 2020. É o que consideram os analistas que estiveram em Punta Cana, na República Dominicana, para a Convenção de Mercados e Tecnologias de Arroz, realizada pela Associação de Produtores de Arroz dos Estados Unidos.
Mercado
A corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 39,00 para a saca de arroz em casca de 50 quilos (58 x 10) no Rio Grande do Sul, e R$ 79,00 para a saca de grão branco, beneficiado, tipo 1. O canjicão manteve os R$ 53,50 da última semana, o farelo de arroz bateu em R$ 450,00 por tonelada FOB e a quirera se manteve em R$ 43,00. A tendência é de valorização do grão pelo ajuste da oferta e da demanda.
Fonte: Planeta Arroz