Mesmo com as más notícias, preços do arroz seguem estabilizados

Muito embora tenha sido uma péssima notícia para os produtores que já haviam semeado o arroz para a temporada 2016/17 ou estavam preparados para tal operação nesta segunda quinzena de outubro, as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul, e danos pontuais nas lavouras catarinenses, geraram expectativa de alta nos preços do cereal, que está na mão dos agricultores e poderia entrar no mercado. Ruim para uns, bom para outros. No entanto, essa não é a realidade registrada no mercado neste período.

A baixa disponibilidade de grão ainda em poder dos rizicultores, indicadores de processamento e vendas muito similares aos do ano passado e um mês cheio de contas a pagar – do custeio passado, de entrada de renegociações e de insumos, serviços e mão de obra para o plantio e irrigação – mantiveram os preços estabilizados mesmo com o anúncio da necessidade de replantio de algumas áreas – ainda sendo contabilizadas – e a redução do potencial produtivo das lavouras atingidas.

Mas, há outro fator muito mais preocupante para o comportamento dos preços no mercado brasileiro ao longo deste terço final do ano comercial e na próxima temporada: o câmbio. Além da demanda crescente por arroz do Mercosul – pela frustração na safra passada brasileira e as vantagens cambiais – a retração dos preços internacionais mantêm a baixa competitividade – nenhuma no caso do grão em casca – do arroz nacional e a alta demanda por arroz importado.

Com o dólar na casa de R$ 3,12 a R$ 3,15, o Brasil perde ainda mais competitividade para exportar, e fica muito mais fácil – e barato – importar. Ou seja, ainda que o estoque público esteja praticamente zerado, o estoque privado pode alcançar o novo ano comercial mais alto.

A boa notícia da semana – para os preços internos – é o fato de o Mercosul projetar redução de sua área cultivada. Na Argentina, a expectativa é de uma redução de 2 mil a 4 mil hectares; no Uruguai, outros 2 mil hectares. No Paraguai deve ocorrer pequeno aumento, apesar das dificuldades de crédito. A produtividade, porém, deve ser maior gerando uma disponibilidade exportável de 2 a 2.2 milhões de toneladas nestes três países.

Preços

Diante do cenário atual, os preços ao produtor têm se comportado com estabilidade e mínimas oscilações, entre alta 0,3% e queda de 1,19% no acumulado do mês, segundo o indicador de preços à vista do arroz em casca (50kg/58 x 10) Esalq-Senar/RS. Na terça-feira (25), o indicador fechou com preços médios de R$ 49,32 por saca, o equivalente a US$ 15,87 (o de maior cotação em moeda americana no mês), acumulando desvalorização de 0,68%. Em reais, é o quarto menor preço de outubro, mas vale lembrar que as cotações já andaram a R$ 49,07, muito próximas de baixar a linha dos R$ 49, por causa de uma pressão de oferta.

No mercado livre, a comercialização continua bastante justa, com algumas indústrias se retirando do mercado para forçar um pouco mais a oferta. Preços médios entre R$ 49 e R$ 50. Com a circulação de informações de que a próxima safra deve ser maior no Brasil e no mundo, e com a competitividade dos preços do Mercosul, a indústria vem enfrentando dificuldades para repassar altas, e sofre pressão por ajustar os preços para baixo. Até o final do mês, os preços devem manter uma pequena oscilação e o equilíbrio entre R$ 49 e R$ 49,50.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, dá como referência de preços ao arroz e subprodutos (ou derivados) as cotações de R$ 49 para a saca de 50 quilos, em casca, à vista; R$ 98 para a saca de arroz branco (Tipo 1) de 60 quilos, sem ICMS, e R$ 55 e R$ 53 para a saca de 60 quilos de canjicão e quirera, respectivamente. O farelo de arroz colocado em Arroio do Meio (RS) é cotado em R$ 690 (CIF).

 

Fonte: Planeta Arroz

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