Mercado geral anda de lado, mas arroz superior recupera preços no RS

Os preços praticados pelo mercado geral do gaúcho do arroz em casca se mantêm lateralizados, com pequenas oscilações para baixo e para cima ao longo da semana, com os produtores concentrados na reta final de colheita do grão, nas operações de colheita da soja em várzea e com as indústrias abastecidas pelo cereal resultante dos contratos de financiamento direto.

A oferta do Sul do Brasil, mais os excedentes do MERCOSUL pressionam as cotações locais, enquanto a indústria tem ido pouco ao mercado, coberta pela entrega de produto em pagamento do custeio.

A exceção ocorre no caso das variedades nobres, ou superiores, com alto percentual de inteiros, que mostra reação nos polos de processamento de Camaquã, Pelotas e São Borja e também na Campanha Gaúcha. Variedades como Puitá Inta CL, Guri Inta CL, BRS Pampa e BR Irga 409 obtiveram valorização nas últimas semanas, alcançando cotações de até R$ 43,00 na Zona Sul e Planície Costeira Interna, além da Fronteira Oeste. Pico de valor chegou a R$ 42,75, realizado em Dom Pedrito.

A oferta da variedade BR Irga 409 praticamente se resume à produção dirigida a contratos de financiamento/custeio da indústria. Embora ainda abaixo dos custos de produção, estes valores demonstram que em pequenos volumes dirigidos a nichos de exportação de grão superior o mercado está um pouco mais aquecido. E também demonstra que realmente houve uma cisão no mercado entre as variedades chamadas nobres, ou superiores, e a variedade Irga 424 (convencional ou RI), cujos preços se mantêm de R$ 2,00 a R$ 5,00 abaixo dependendo da região e do percentual de inteiros.

O indicador de preços do arroz Esalq­Senar/RS registrou nesta quarta-­feira, dia 26, a média de R$ 38,96 por saca de 50 quilos, em casca, colocada na indústria gaúcha (referência 58×10). Em dólar, o menor preço do mês, equivalente a US$ 12,27. No mês, a queda acumulada representa 2,4%, confirmando uma relativa estabilidade. Apesar de ter alcançado R$ 38,72 no início da semana, os preços reagiram R$ 0,24 por causa do clima. Chuvas atrapalharam a colheita no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, faltando ainda entre 15% e 20% da área a ser colhida, o que reteve a oferta.

O frio, com temperaturas abaixo de 15 graus nas madrugadas gaúchas também trouxe relativa preocupação, embora a fase mais crítica das plantas já tenha passado. A expectativa é de que os preços se mantenham nestes patamares até o final da colheita, com reação paulatina a partir da segunda quinzena de maio, a depender da conjuntura cambial e da Balança Comercial, e da própria relação entre oferta e demanda no mercado interno.

Estados

Com a safra superando 80%, o arrozeiro do Mato Grosso viu a saca de 60 quilos do arroz em casca (referência AN Cambará, 55% acima) cair abaixo dos R$ 40,00 nas regiões produtivas por dois fatores: a pressão de oferta, uma vez que praticamente toda a safra é comercializada no mesmo momento por falta de armazéns, o produtor ainda precisa guardar soja e milho em muitos casos, e por conta da queda dos preços no Sul, que joga mais pressão sobre as cotações do Centro­ Oeste. A safra é considerada de boa qualidade e deverá abastecer o mercado estadual e alguns polos vizinhos.

Em 12 meses, segundo a Conab, os preços caíram 23%, até perto dos R$ 39,00. No Tocantins a queda é menor, 8,3% com média de R$ 47,60.

Em Santa Catarina os preços se mantiveram estáveis em R$ 40,00, com leves variações de acordo com o padrão do grão, a relação entre produtor e indústria e a necessidade de compra. A forte presença de cooperativas segurou uma queda maior, feito a que ocorre no RS, e as características do produtor: pequeno porte, proprietário e com baixo endividamento.

Consumidor

Os preços ao consumidor se mantêm levemente menores neste primeiro quadrimestre do ano, com retrações entre 1% e 3%, dependendo da praça, das relações comerciais entre varejo e indústrias, dos custos e da estratégia de vendas. No entanto, em Santa Cruz do Sul (RS) a rede Walmart ofertava esta semana pacotes de cinco quilos de uma marca gaúcha não tão conhecida a R$ 9,98. A média de preços, porém, fica entre R$ 12,48 e R$ 16,00 em Porto Alegre, e entre R$ 13,00 e R$ 18,00 em São Paulo e Rio de Janeiro. Em Campina Grande, na Paraíba, e em Recife, Pernambuco, marca uruguaia era comercializada por redes regionais, me promoção, a R$ 11,99, também em pacotes de cinco quilos, branco, tipo 1, segundo encartes promocionais.

Uruguai

A boa notícia da semana para o MERCOSUL vem do Uruguai, que venceu uma concorrência de fornecimento de 60.000 toneladas (base casca) de arroz longo-fino, beneficiado, de qualidade superior para o Iraque. O acordo cobriu a compra de 30.000 toneladas ao preço de US$ 545,00 a tonelada, e as mais 30.000 a US$ 541,00 a tonelada, em ambos os casos, incluindo o embarque. Produto a carregar em maio e junho.

Também participaram do leilão representantes da Argentina (US$ 540,00 a tonelada), Brasil (US$ 553,00 a tonelada), Tailândia (US$ 408,00 – US$ 435,00 a tonelada), Índia (US$ 550,75 e US$ 517,06 a tonelada – FOB) e Estados Unidos (US$ 589,50 a tonelada).

O mercado altamente remunerador do Oriente Médio, em especial do Iraque e do Irã, tem sido atendido principalmente pelo Uruguai, Argentina, Estados Unidos e Tailândia, no que se refere a grão longo ­fino. Índia e Paquistão dominam o mercado de aromáticos. A vitória uruguaia é importante, pois ajuda a retirar do MERCOSUL perto de 10% do volume em base casca disponível para exportação por aquele país, o que não é muito, mas num momento de cotações muito pressionadas por causa da oferta de safra se configura numa boa notícia que trará efeitos a longo prazo.

Outra notícia importante é a prática de preços mais elevados pelos Estados Unidos, tanto para a concorrência do Brasil no mercado das Américas quanto para evitar pressão de grão estadunidense no próprio mercado brasileiro.

O Brasil não tem boa relação comercial com o Iraque desde que, há pouco mais de dois anos, venceu uma licitação e entregou um produto fora das especificações de qualidade contratadas. Mesmo que eventualmente ofereça um preço abaixo da concorrência, especialmente do MERCOSUL, não costuma levar o certame.

Atualmente, a relação cambial e dos preços internos não tem permitido a exportação do beneficiado, exceto em nichos de mercado. As saídas são dirigidas, como grão superior em contêineres para o Peru, e quebrados de arroz para a África. Porém, há informações de negociações para dois embarques de 15.000 toneladas, cada, no final de maio e no final de junho para a América Central.

O mercado altamente remunerador do Oriente Médio, em especial do Iraque e do Irã, tem sido atendido principalmente pelo Uruguai, Argentina, Estados Unidos e Tailândia, no que se refere a grão longo-­fino. Índia e Paquistão dominam o mercado de aromáticos. A vitória uruguaia é importante, pois ajuda a retirar do MERCOSUL perto de 10% do volume em base casca disponível para exportação por aquele país, o que não é muito, mas num momento de cotações muito pressionadas por causa da oferta de safra se configura numa boa notícia que trará efeitos a longo prazo.

Mercado

Com a expectativa de uma safra recorde de milho e a entrada da segunda safra, o mercado de farelo de arroz para rações despencou R$ 70,00 por tonelada (de R$ 420,00 para R$ 350,00 FOB) nas duas últimas semanas dirigido a Arroio do Meio/RS, polo de produção de rações e avicultura e suinocultura no Rio Grande do Sul. O mercado de quebrados de arroz continua equilibrado graças à oferta para a África e alguma demanda pontual, com o canjicão cotado a R$ 48,00 por saca de 60 quilos e a quirera, também em 60 quilos, alcançando média de R$ 45,00. A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios no território gaúcho em R$ 38,60 para a saca de 50 quilos de arroz em casca (58×10) e de R$ 80,00 para a saca de arroz branco, beneficiado, tipo 1, em 60 quilos, sem ICMS (FOB).

 

Fonte: Planeta Arroz

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