Mercado do arroz está mais parado

Com meia dúzia de lavouras ainda sendo colhidas e o clima instável esta semana, o arrozeiro gaúcho se concentra em fazer as contas e colocar nas planilhas o custo e a expectativa de faturamento da temporada.

As chuvas atrapalharam a etapa final da colheita de lavouras bastante atrasadas, com baixa produtividade. Além disso, afetaram a fase mais avançada do preparo antecipado das lavouras colhidas pelos agricultores mais capitalizados e que adotam a rotação com soja e pecuária com o desmanche das taipas e o acompanhamento da evolução das pastagens de inverno.

No momento, parte destes agricultores faz também os cálculos para a aquisição do gado de reposição para invernar em remates que são realizados por todo o Rio Grande do Sul.

Com as indústrias abastecidas, o mercado do arroz se arrasta em compasso de espera, sem grandes movimentações, e de olho no comportamento cambial. Nas últimas semanas foi registrada uma retração nos preços do arroz paraguaio e argentino, acompanhando a queda de preços da matéria-prima no mercado doméstico.

Em Foz do Iguaçu, no Paraná, há grão colocado em valor equivalente a R$ 35,00 a saca, por parte do fornecedor paraguaio. Já o produto argentino chega a R$ 37,50 em São Paulo.

Com essa forte disputa por espaço, a comercialização gaúcha segue movimento rotineiro sem expectativa de recuperação forte de preços ainda em maio, contrariando as estimativas mais otimistas. Em geral, acredita-se que as cotações em 2017/18 permanecerão abaixo das registradas em 2016, seja pelo aumento do volume de produção no Brasil e no Mercosul ou a situação cambial.

Outro fator que poderia afetar a relação de negócios é a estimativa ventilada de uma quebra de 100 mil toneladas no Paraguai por causa das enchentes e temporais que alcançaram as regiões de Itapúa e Ñeembucú, centros orizícolas. No entanto, como a área e a produção aumentou nestas regiões, o que pode ocorrer é uma neutralização do avanço. As perdas ainda não foram oficialmente contabilizadas.

Enquanto isso há uma expectativa de novo carregamento de arroz em casca em Rio Grande. Aquisições do produto em R$ 40,00 colocado no porto são mantidas por algumas empresas.

Cepea

O indicador de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul, Esalq-Senar/RS alcançou preço médio de R$ 38,88 na terça-feira, dia 23 de maio, acumulando  leve alta de 0,7% no mês. Em dólar, a saca de arroz (58 x 10, colocado na indústria, à vista) corresponde a US$ 11,92 pela cotação do dia.

O valor da moeda americana segue estabilizado entre R$ 3,25 e R$ 3,30, desde que estourou o escândalo de corrupção envolvendo o presidente da República, Michel Temer, entre outros políticos de sua base governista.

No mercado livre gaúcho, a referência de preços se mantém entre R$ 38,00 e R$ 39,00 para variedades comuns, inclusive Irga 424 e Irga 424 RI, e alcança até R$ 44,00 para variedades nobres (BR Irga 409, Irga 417, Puitá Inta CL e Guri Inta CL).

As variedades japonesas (cateto, sassanishiki, etc…) se mantêm na faixa dos R$ 80,00 a saca, mas com baixa demanda, considerando que a indústria que atende a estes nichos já tem compra contratada de forma antecipada, ou está abastecida neste momento.

No Mato Grosso os preços finalmente estabilizaram na casa de R$ 39,00 a R$ 40,00 por saca, por conta da reta final de colheita e das indústrias já abastecidas. A expectativa é de recuperação gradual dos preços acompanhando o Rio Grande do Sul a partir de junho.

Em Santa Catarina os preços estabilizaram, com muitas praças operando abaixo dos R$ 40,00 referenciais de boa parte do período de safra. A expectativa é de uma gradual recuperação de preços a partir de junho, com a retomada das compras por parte das pequenas e médias empresas cuja capacidade de estocagem é menor.

CPRs

A notícia que chamou mais atenção esta semana no mercado gaúcho do arroz foi a de que os tribunais estão dando ganho de causa para produtores que ingressam com ações pedindo a revisão de contratos de CPRs.

Este é o sistema que vem assegurando crédito para um terço da área cultivada no Rio Grande do Sul. Se por um lado estabelece uma vantagem ao agricultor que contratou o crédito direto nas indústrias nas últimas safras, por outro pode gerar uma alteração profunda no sistema de financiamento.

Sob o risco de processo, as empresas podem passar também a restringir o crédito direto aos agricultores, estabelecer uma seletividade ainda mais rigorosa e excluir de forma ainda mais rápida muitos arrozeiros, descapitalizados do setor. É a famosa faca de dois gumes.

 

Fonte: Planeta Arroz

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