Desde 17 de maio que as cotações do arroz gaúcho não estavam tão altos em dólar quanto nesta segunda-feira, 10 de julho, em US$ 12,29, segundo o indicador EsalqSenar/RS de preços da saca de 50 quilos de arroz em casca (58×10) no Rio Grande do Sul. Em reais os preços caíram e retroagiram ao patamar da última semana de junho: R$ 40,05. Além da expectativa do mercado em reduzir a tensão gerada pelo vencimento da primeira parcela de custeio em julho, com a prorrogação proposta pelo setor produtivo, a oscilação do câmbio em relação à moeda dos Estados Unidos colabora nesta desvalorização em reais.
O indicador aponta para R$ 40,05 de preços médios nesta segunda-feira (10 de julho), o equivalente a US$ 12,29. Ao mesmo tempo, sinaliza uma queda acumulada de 1,1% no mês, depois de encerrar junho com média de R$ 40,49. Ou seja, as cotações perderam R$ 0,40 em valor em apenas duas semanas. O mercado vinha apostando no aumento da oferta por parte dos arrozeiros com a chegada do vencimento da primeira parcela de custeio de quem tem acesso ao crédito oficial e a retração nos preços ainda refletem essa leitura.
Essa configuração não ajuda nem aos produtores, que não vêm uma recuperação mais significativa nos preços rumo aos custos de produção, nem aos exportadores, que perdem um pouco do fôlego alcançado em maio/junho quando, em moeda norte-americana, chegou a equivalência de US$ 11,94 por saca. O câmbio acima de R$ 3,35 = US$ 1,00 seria mais favorável aos embarques, ao mesmo tempo em que seguraria as compras junto ao Mercosul que vêm pressionando ainda mais o mercado interno.
A semana também foi de queda nos preços na Ásia, com a Tailândia indicando problemas na observância de prazos de entrega por causa da política de restrição à mão de obra estrangeira nos portos. Isso fez com que alguns dos importadores tradicionais daquele país suspendessem as compras. Nota-se também que alguns clientes estão testando o mercado que vem registrando alta nos últimos meses.
No mercado livre, mantém-se a polêmica envolvendo a variedade IRGA 424 RI. Enquanto dirigentes do IRGA asseguram as características agronômicas, de produtividade e resistência a doenças e mesmo à fitotoxicidade por defensivos, e que as lavouras das indústrias adotam a variedade em larga escala, muitos industriais continuam criticando a qualidade do grão e “desvalorizando-a” na hora do pagamento. A variedade chega a valer R$ 3,00 abaixo de concorrentes como o Puitá Inta CL em alguns mercados.
No entanto, na Zona Sul, um produtor reportou esta semana a venda de 12.000 sacas de arroz IRGA 424 RI a preço médio de R$ 43,25 para pagamento em 30 dias. Segundo ele, a cultivar alcançou média de 64% de grãos inteiros e reflete a sua primeira venda nesta temporada, realizada para fazer frente à parcela de custeio e compromissos com o preparo antecipado do solo. O IRGA vem defendendo a variedade, argumentando que a base por trás das críticas não são defeitos como barriga branca e gesso, mas o volume disponível. Juntas, as duas variedades 424 do IRGA alcançam mais de 50% da lavoura gaúcha e registram algumas das maiores produtividades médias.
Nesta terça-feira a Conab divulgará os números oficiais da colheita brasileira. A expectativa é de que mantenha números muito próximos ao último levantamento, sem alterar o perfil da comercialização.
Estados
No mercado de Santa Catarina os preços médios da saca de arroz em casca com 50 quilos (58×10) estão entre R$ 40,00, na maioria das regiões produtoras, e R$ 41,00. Enquanto isso, o mercado do Mato Grosso é que registra uma queda mais expressiva nos preços (em torno de 25%, para R$ 41,00) por 60 quilos (55%). No Tocantins, com vendas registrando a média de preços de R$ 51,00 a R$ 53,00, perto da metade da safra já foi comercializada e a expectativa é de que a partir de agora os preços evoluam de forma mais acentuada.
Mercado Externo
Os números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), por meio da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que o Brasil teve o quarto mês do ano safra (junho) registrando retração nos embarques. Em junho foram 42.850 toneladas (base casca) com queda 28% no volume registrado no mesmo período de 2016. A queda frente ao mês de maio/17 foi maior ainda: 45%. Entre março e junho, primeiro quadrimestre do ano comercial, a queda nas vendas internacionais do arroz brasileiro supera 53%. Foram 205.000 toneladas de arroz comercializadas com o exterior, enquanto as aquisições bateram em 433.000 toneladas. O déficit é de 235.000 toneladas.
Uruguai
No Uruguai, os arrozeiros capitaneados pela Associação Nacional de Cultivadores de Arroz se encontrarão com o presidente Tabaré Vasquez para debater a viabilidade dos cultivos e apresentar sugestões de medidas. Além da queda nos preços da gasolina, já atendida parcialmente, os produtores vão pedir mais crédito, renegociação de dívidas e mecanismos de incentivo à comercialização e exportação. A negociação anual entre produtores, moinhos e governo fixou em US$ 9,30 (R$ 30,25, pelo dólar desta segunda-feira, 10 de julho). Os arrozeiros alegam que o custo de produção no país não baixa de US$ 10,00, ou seja, R$ 32,50 por saca. E vem subindo, em especial pelo valor dos combustíveis, da energia elétrica, da terra e dos insumos.
Estima-se que pelo menos 50% da área cultivada no Uruguai com arroz é arrendada. A ACA anunciou, em nota, que a situação do setor é de crise, perda da rentabilidade e aumento das dívidas arrozeiras. Este ano o país lançou mão do Fundo de Apoio Arrozeiro para socorrer produtores endividados e com perdas nas lavouras, mas a medida não foi suficiente. Pelo menos 15% dos produtores já não tem mais acesso ao crédito oficial, representando perto de 25% da lavoura.
Manejo de Inverno
Apesar de tantas informações negativas, os analistas de mercado mantêm a expectativa de valorização dos preços do arroz nas próximas semanas, mas especialmente a partir do final de julho.
A Federarroz espera para os próximos dias a confirmação de que haverá a prorrogação do vencimento das primeiras parcelas do custeio (julho e agosto) para, pelo menos, novembro e dezembro. E também centra as atenções em uma legislação que permitirá a renegociação das dívidas arrozeiras e de outros segmentos agrícolas.
O tempo seco e quente dos últimos dias no Sul do Brasil vem permitindo o avanço do manejo antecipado do solo e uma intensa atividade também dos segmentos de pesquisa, que pregam o manejo o ano inteiro nas áreas de várzea para obter altos rendimentos produtivos e integrar lavoura e pecuária.
Mercado
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica que os preços médios do arroz no Rio Grande do Sul se mantêm praticamente inalterados. A saca de arroz de 50 quilos, em casca, 58×10, alcança R$ 40,00, enquanto a saca de 60 quilos, beneficiada, do arroz branco, tipo 1, bate na casa dos R$ 83,00. Entre os derivados se mantêm os preços em R$ 50,00 para o canjicão e R$ 45,00 para a quirera, ambos em sacos de 60 quilos. A tonelada do farelo de arroz alcança R$ 400,00, tendo como referência Arroio do Meio, região produtora de rações, frangos e suínos.
Fonte: Planeta Arroz