Embora não seja ainda uma franca concorrente à pecuária tradicional, a bubalinocultura tem se mostrado rentável, principalmente por causa da expansão comercial do mercado da carne de búfalo, além do queijo e do leite, itens mais conhecidos e já apreciados por muitos consumidores no Brasil. O animal se adapta facilmente a diferentes climas e regiões do país, porém, é no Norte onde há maior concentração da espécie: 720 mil, com destaque para o estado do Pará com mais de 460 mil cabeças. Em todo o país são mais de 1,2 milhão de cabeças. Além disto, o custo da criação chega a ser 20% menor que a de bovinos, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB).
Especialistas afirmam que, fora os valores nutritivos do queijo e do leite, a carne traz benefícios à saúde por ter índices mais baixos de sólidos em relação à bovina. Conforme pesquisa recente do European Journal of Clinique Nutrition, são 55% menos calorias, 40% menos colesterol, 11% mais proteínas e 10% mais minerais e 12 vezes menos gordura em comparação à carne de boi e de vaca.
O produtor ainda tem maiores ganhos com o leite de búfala, porque conta com elevado teor de sólidos, o que significa um rendimento industrial de 50% a 80% superior ao do leite bovino. Uma fêmea bem saudável consegue produzir aproximadamente dois mil litros de leite por lactação; alguns animais selecionados já alcançaram a marca dos cinco mil litros, de acordo com a Associação.
Secretário da Federação Americana dos Criadores de Búfalos e vice-presidente para Assuntos Institucionais da ABCB, Otávio Bernardes destaca que nas regiões onde ocorre a pecuária de corte, o crescimento da bubalinocultura gira em torno de 2% ao ano. “A pecuária de corte, hoje em dia, já é responsável por 85% da criação deste animal no país; o restante se refere à produção de leite e derivados”, informa.
Ele ainda aponta que a demanda nacional por derivados de leite de búfala (manteiga, mussarelas em barra e em bola, queijo frescal, ricota, requeijão, entre outros itens) tem crescido quase 20% ao ano. Sem dados formais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima que a produção nacional esteja em 92 milhões de litros anuais e que 150 estabelecimentos industriais estejam envolvidos com o processamento do produto e seus derivados.
HISTÓRIA
Filho de Wanderley Bernardes, um dos pioneiros da bubalinocultura no Brasil, Otávio Bernardes tem orgulho de ter dado continuidade à criação do pai. Passados 40 anos, ele acredita na popularização ainda maior da produção e que este mercado só tende a crescer. “Carne, queijo e leite de búfala têm competitividade em todos os países do mundo. No Brasil, o preconceito vem sendo quebrado”, ressalta.
Ele lembra que o pai tinha uma propriedade em uma região não muito propícia para a criação bovina, no Vale do Ribeira, no sudoeste do estado de São Paulo. “As regiões eram muito alagadas, úmidas para a criação de gado. Por isso, meu pai optou pela criação de búfalos, porque eles se adaptam melhor a qualquer localidade, temperatura, solo”, destaca Bernardes.
Levando em conta o cenário dos últimos anos, ele ainda vê na geografia o maior entrave para um crescimento maior da bubalinocultura no país. Isto porque a maior parte da criação de búfalos fica na região Norte do país, que ainda mantém a exploração com característica extrativista; mas pondera a situação ao citar que o Sudeste conseguiu se estabelecer como maior cadeia produtiva de leite e derivados, enquanto no Sul o crescimento foi da carne.
DADOS DO IBGE
Um levantamento recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – a Pesquisa da Pecuária Municipal 2012 (PPM) – revelou que o rebanho de bubalinos no país contava com 1.261.922 cabeças no ano passado. A região Norte aparece em primeiro lugar com 808.883 búfalos, seguido por Sudeste (144.986), Nordeste (122.263), Sul (113.192) e Centro-Oeste (72.598).
Entre 2011 e 2012, houve queda em todos os rebanhos animais: -0,8% para os de grande porte, -3,2% para os de médio porte e -1,7% para os de pequeno porte. E com a criação de búfalos não foi diferente: sofreu redução de 1,3% no mesmo período. Mesmo assim, especialistas do setor defendem a criação destes animais, principalmente após certa popularização do leite e do queijo de búfala.
Por Equipe SNA/RJ