Mercado de nozes e castanhas crescerá 53%

Produtores de castanhas e nozes do Brasil articulam a criação de uma associação para fomentar a produção nacional. A safra 2017/2018 deve totalizar 38.800 toneladas de castanha do Brasil (do Pará), de caju e macadâmia, um aumento de 53% em relação ao ciclo anterior.

Apesar da perspectiva de crescimento nesta safra, o país responde por apenas 0,92% da produção mundial, que deverá atingir a 4.2 milhões de toneladas neste ciclo.

“O Brasil tem um potencial enorme para crescimento neste segmento, seja como cultura complementar ou principal”, disse o presidente da Datagro, Plínio Nastari, durante o segundo encontro Latino Americano de Nozes e Castanhas, realizado ontem, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital.

Ele atribui a previsão de clima favorável para a cultura, considerando a produção de junho deste ano a julho do ano que vem. Na safra colhida no começo deste ano, as castanhas foram afetadas pela falta de chuva e a produção, no caso da castanha do Brasil, recuou em torno de 70%.

Entre as culturas que registraram crescimento também está a noz-pecã. Com 80% da produção concentrada no Rio Grande do Sul, os produtores gaúchos cultivam 3.500 hectares e produziram cinco mil toneladas contra as 3.300 toneladas obtidas na safra passada. “O clima foi muito favorável e tivemos uma produção acima da média”, disse o diretor da Pecanita, Claiton Wallauer.

A produção de noz-pecã se concentra do Sul do país, enquanto a da castanha do Pará está na região Norte; a castanha de caju, no Nordeste; a castanha de baru, no Centro-Oeste, e a noz macadâmia, no Sudeste.

Associação

Apesar da perspectiva de produção crescente, há ainda muitos fatores contrários à produção brasileira de nozes e castanhas, disse o diretor da divisão de Nozes e Castanhas do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp e proprietário da QueenNut, José Eduardo Mendes Camargo, um dos pioneiros na produção de macadâmia.

Ele defende a criação de uma associação que concentre as entidades que já atuam no segmento em busca de melhorias para o setor. “Faltam dados consolidados sobre a produção brasileira, assim como pesquisas sobre novas variedades e sobre opções de controle biológico de pragas”, afirmou.

Para Camargo, a falta de linhas de crédito adequadas ao setor é outro entrave. Enquanto a produção de castanhas do Brasil (Pará) e de caju é feita de forma extrativista, a macadâmia e a castanha de baru são cultivadas, e levam em torno de cinco anos para começar a produzir. “É preciso um crédito de longo prazo para atender a esse produtor que vai demorar a ter retorno”, defende o empresário.

O encontro, realizado em São Paulo, contou com representantes de produtores da América Latina, entre os quais o presidente do ChileNut, entidade que agrega os produtores locais, Siegfried Von Gehr.

O país é considerado referência no segmento, e dobrou as exportações em 15 anos. Segundo Gehr, o crescimento está ligado ao investimento em pesquisas para o desenvolvimento de cultivares adaptadas ao clima e solo das regiões produtoras. “Houve um investimento muito grande nessa produção, que hoje é a segunda maior do Chile, atrás apenas das uvas de mesa”, disse Gehr. O país tem 45 mil hectares e pretende dobrar a área até 2025.

Nos primeiros nove meses deste ano, o Brasil exportou 12.700 toneladas de nozes e castanhas, com receita de US$ 98.8 milhões. Em todo o ano de 2016, as exportações chegaram a 24.600 toneladas e US$ 149.5 milhões em receita. O mercado mundial movimentou US$ 35 bilhões no ano.

 

Fonte: DCI – Diário do Comércio & Indústria

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