Melhoramento genético produz leite que gera menos alergia

Estudos de melhoramento genético da Embrapa Gado de Leite em parceria com as associações de criadores das raças Gir Leiteiro e Girolando buscam reduzir a alergia às beta-caseínas, que correspondem a 30% das proteínas do leite. Uma nova característica genética, adquirida por meio de testes de progênie das ração e usados na fertilização das vacas, permite a produção do leite chamado de A2.

De acordo com pesquisadores da Embrapa, há evidências de que a beta-caseína do leite A2 não causa reações em humanos que são alérgicos a essa proteína.

No Brasil, cerca de 350 mil pessoas têm alergia à proteína do leite da vaca. Os alérgicos precisam eliminar o alimento das suas dietas e buscar os nutrientes em produtos alternativos. Apesar de não ser indicado para todas as pessoas, o leite A2, segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Antônio Sundfeld Gama, será benéfico para muita gente.

“O leite A2 pode evitar esses transtornos, pois quando digerido pelo ser humano, não forma a substância chamada beta-casomorfina-7 (BCM-7), responsável por desencadear o processo alérgico”, disse o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinicius G. Barbosa da Silva.

Segundo alguns estudos, há cerca de oito mil anos produzia-se apenas o leite A2, mas uma mutação genética nos bovinos levou ao surgimento de animais com o gene para produção de leite A1. Nas raças holandesa e pardo-suíça, há uma chance de 50% de produzir leite A2. Já na Jersey a probabilidade chega a 75%.

Por meio da subespécie taurus, todos os animais são capazes de produzir a variedade. Por outro lado, 98% dos indivíduos da raça Zebu têm genética positiva para produção de leite A2.

“A alta frequência do alelo A2 na pecuária brasileira é uma vantagem competitiva para nossos produtores explorarem o nicho de mercado que está se formando em torno do produto”, afirmou Silva. Ainda de acordo com os pesquisadores da Embrapa, a informação dos sumários dos touros facilitará o processo de melhoramento genético dos rebanhos, mas, segundo eles, as vacas precisam ser genotipadas.

“Se uma vaca tem o genótipo A2A2, é garantido que ela passará para a progênie o alelo A2. Similarmente, uma vaca A1A1 passará o alelo A1. Para uma vaca A1A2, há 50% de chances de passar para a progênie qualquer um dos alelos”, explicou o pesquisador João Cláudio do Carmo Panetto.

“A genotipagem da vaca é feita com a coleta de tecido biológico do animal, que pode ser uma amostra de sangue ou de pelo. A amostra é enviada para um laboratório especializado que apresentará o resultado ao produtor de acordo com o tipo: A1A1, A1A2 e A2A2. Depois, basta escolher o sêmen adequado, cujas informações estão presentes nos sumários dos touros gir leiteiro e girolando”, disse o especialista.

 

Fonte: Agrolink

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