Os produtores de melão amarelo da região Jaguaribe-Açu, o principal polo produtor brasileiro da fruta, têm motivos de sobra para comemorar. Pesquisa realizada pela Embrapa apurou que a fruta deixa na atmosfera a metade da quantidade de gases de efeito estufa liberados por demais área de cultivo no mundo. Além disso, o modelo verde adotado aqui garante maior rentabilidade.
Uma das comparações foi feita com o melão do tipo italiano cultivado na região da Sicília, Itália. O resultado mostrou que a emissão do cultivo no Brasil é quase a metade do da fruta naquela região da Europa. Outros importantes produtores mundiais apresentam quantidades similares ou até mais emissões que as registradas no Sul da Itália.
“A pesquisa atende a uma necessidade dos produtores. Eles desejavam mensurar a eficiência ambiental para garantir espaço em mercados mais exigentes, que buscam produtos com certificados ambientais”, explica a pesquisadora Maria Clea Brito de Figueiredo, da Embrapa Agroindústria Tropical (CE).
Os dados foram calculados durante um amplo estudo de eficiência ambiental da cultura, realizado dentro de fazendas produtoras do polo Jaguaribe-Açu, pela rede Repensa Melão – um consórcio que reuniu instituições de pesquisa e representantes do setor produtivo.
Além de calcular a pegada de carbono, o estudo incluiu a pegada de escassez hídrica. Foram avaliados 24 diferentes sistemas de produção e chegou a uma proposta de modelos mais eficientes dos pontos de vista ambiental e econômico.
Os pesquisadores buscaram sistemas que pudessem ampliar o estoque de carbono no solo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, reduzir a pegada de carbono no melão brasileiro.
“É um estudo para o setor tomar como referência. Com base nos dados, cada exportador pode calcular sua própria eficiência e atuar para melhorá-la”, salienta Clea Figueiredo.
O polo Jaguaribe-Açu é responsável por cerca de três quartos da área colhida, mais de 80% da produção e a quase totalidade das exportações brasileiras.
Modelo mais lucrativo
Os pesquisadores não só avaliaram a eficiência ambiental do modelo tradicional de produção, mas também buscaram alternativas para reduzir a pegada de carbono e aumentar receitas. Para isso, foram comparados ao sistema tradicional vários modelos alternativos de cultivo. A surpresa do estudo é que o sistema ambientalmente mais eficiente em sequestro de carbono mostrou-se também o mais lucrativo economicamente.
Esse campeão ambiental e econômico foi o sistema de rotação com milho e braquiária, com a incorporação da matéria orgânica no solo, e cultivo do meloeiro com utilização de filme de polietileno.
A avaliação econômica mostrou que esse sistema de cultivo oferece um aumento de mais de 100% na rentabilidade se comparado ao sistema tradicional, em um cenário considerado favorável (chuvas regulares garantindo água para irrigação e quebra do ciclo das principais pragas). Nesse cenário, o sistema de rotação de milho e braquiária apresenta rentabilidade de 117,90 % e o tradicional, de 59,69%.
Equipe SNA/Rio