Melão brasileiro emite 50% menos de carbono que o cultivado no exterior

A pesquisa mostrou que a pegada de carbono no cultivo da fruta no Brasil é quase a metade frente ao melão do Sul da Itália. 

Os produtores de melão amarelo da região Jaguaribe-Açu, o principal polo produtor brasileiro da fruta, têm motivos de sobra para comemorar. Pesquisa realizada pela Embrapa apurou que a fruta deixa na atmosfera a metade da quantidade de gases de efeito estufa liberados por demais área de cultivo no mundo. Além disso, o modelo verde adotado aqui garante maior rentabilidade.

Uma das comparações foi feita com o melão do tipo italiano cultivado na região da Sicília, Itália. O resultado mostrou que a emissão do cultivo no Brasil é quase a metade do da fruta naquela região da Europa. Outros importantes produtores mundiais apresentam quantidades similares ou até mais emissões que as registradas no Sul da Itália.

“A pesquisa atende a uma necessidade dos produtores. Eles desejavam mensurar a eficiência ambiental para garantir espaço em mercados mais exigentes, que buscam produtos com certificados ambientais”, explica a pesquisadora Maria Clea Brito de Figueiredo, da Embrapa Agroindústria Tropical (CE).

Os maiores emissores de carbono. Fonte: Embrapa.

Os dados foram calculados durante um amplo estudo de eficiência ambiental da cultura, realizado dentro de fazendas produtoras do polo Jaguaribe-Açu, pela rede Repensa Melão – um consórcio que reuniu instituições de pesquisa e representantes do setor produtivo.

Além de calcular a pegada de carbono, o estudo incluiu a pegada de escassez hídrica. Foram avaliados 24 diferentes sistemas de produção e chegou a uma proposta de modelos mais eficientes dos pontos de vista ambiental e econômico.

Os pesquisadores buscaram sistemas que pudessem ampliar o estoque de carbono no solo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, reduzir a pegada de carbono no melão brasileiro.

“É um estudo para o setor tomar como referência. Com base nos dados, cada exportador pode calcular sua própria eficiência e atuar para melhorá-la”, salienta Clea Figueiredo.

O polo Jaguaribe-Açu é responsável por cerca de três quartos da área colhida, mais de 80% da produção e a quase totalidade das exportações brasileiras.

Modelo mais lucrativo

Os pesquisadores não só avaliaram a eficiência ambiental do modelo tradicional de produção, mas também buscaram alternativas para reduzir a pegada de carbono e aumentar receitas. Para isso, foram comparados ao sistema tradicional vários modelos alternativos de cultivo. A surpresa do estudo é que o sistema ambientalmente mais eficiente em sequestro de carbono mostrou-se também o mais lucrativo economicamente.

Esse campeão ambiental e econômico foi o sistema de rotação com milho e braquiária, com a incorporação da matéria orgânica no solo, e cultivo do meloeiro com utilização de filme de polietileno.

A avaliação econômica mostrou que esse sistema de cultivo oferece um aumento de mais de 100% na rentabilidade se comparado ao sistema tradicional, em um cenário considerado favorável (chuvas regulares garantindo água para irrigação e quebra do ciclo das principais pragas). Nesse cenário, o sistema de rotação de milho e braquiária apresenta rentabilidade de 117,90 % e o tradicional, de 59,69%.

Equipe SNA/Rio

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