O cenário da apicultura evoluiu exponencialmente nos últimos anos, com destaque para o município de Quilombro, em Santa Catarina, que teve um salto de 100% tanto em produtividade quanto em qualidade.
Os apicultores da região aperfeiçoaram seus processos produtivos, aplicaram tecnologias, padronizaram colmeias, buscaram qualificação e valorizam o associativismo. Desde 2011, os produtores de Quilombo têm o suporte de um projeto do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/SC), em parceria com o poder público municipal.
Ainda conta com a liderança da Associação de Apicultores e Meliponicultores de Quilombo (AAMQ), da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri), entre outras instituições.
Segundo o consultor credenciado ao Sebrae/SC Neuri Riboli, responsável pela assistência técnica aos 39 apicultores associados à AAMQ, hoje são 1,1 mil colmeias com expectativa, para a safra de 2018, superior a 30 mil quilos de mel por safra.
“Antes, os apicultores não possuíam confiança para melhorar e investir na atividade. Hoje, percebemos grande avanço graças à parceria. Todos são beneficiados com assistência técnica direcionada à individualidade de cada família. A principal mudanças foi o melhoramento no processo produtivo”, observa Riboli.
O técnico oferece suporte em manejo de produção, melhoramento genético, formulação de novos apiários, revisões pontuais, alimentação, entre outros processos produtivos.
Após a extração, o mel é envasado na Casa de Extração e Envase do Mel que foi construída e equipada com recursos do Governo do Estado.
TIPOS DE ABELHAS
As abelhas produzidas em Quilombo são as apismeliferas africanizadas. Responsáveis pela produção de mel, própolis, geleia real, pólen e cera, elas também servem como importantes polinizadoras em pomares de frutas cultivadas comercialmente, contribuindo para obter maior produtividade.
Também exercem um papel significativo na preservação dos ecossistemas existentes, além de proporcionar produtos saudáveis à população.
CONQUISTAS
O médico veterinário da Inspeção municipal de Quilombo, Victor Garcia Gato, realça que uma das grandes conquistas foi legalizar a produção e aderir ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi) que autoriza a comercialização em todo o território brasileiro. Fora isto, destaca o rigoroso controle na análise do produto e da água, controles internos de produção, procedimentos sanitários, entre outros aspectos.
“Conseguimos agregar valor na produção e hoje os apicultores sentem-se confiantes no trabalho e na busca de mercado”, comenta Riboli, destacando que as parcerias foram estratégicas para os bons resultados na apicultura.
PARCERIAS
Presidente da AAMQ, Julcemar Toazza complementa que a associação trabalhou forte a questão do associativismo e depois focou na legalização do produto. Para isso, segundo ele, foram essenciais as parcerias com o Sebrae/SC, Epagri, além do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Meio Ambiente (Cidema), Associação dos Municipios do Oeste de Santa Catarina (Amosc), Secretaria Municipal de Agricultura e Instituto Saga.
“Agora, buscamos aumentar a competitividade no mercado. Temos um produto com marca, possuímos qualidade e regularidade na entrega aos mercados onde já atuamos. Possuímos excelentes resultados e desejamos que associados melhorem a qualidade de vida e a renda, além de salvar as abelhas que têm fator preponderante na autossustentabilidade do planeta”, relata Toazza.
A engenheira de alimentos Elisangela Wolski presta assistência técnica para a associação por meio do convênio que o Instituto Saga tem com o município de Quilombo.
MAIS ORIENTAÇÕES
“Procuramos cumprir a legislação vigente para que a agroindústria atenda o mercado de forma legalizada. Desde o início, orientamos sobre a estrutura física de acordo com a legislação, a questão da elaboração dos programas de controle de qualidade, materiais técnicos e documentos, além de treinamentos sobre os métodos e orientações durante visitas semanais, sempre verificando o processo tecnológico de produção e também o controle sanitário que está sendo feito, monitorado e que não ofereça risco ao consumidor”, destaca Elisangela.
Ela também ressalta que há forte atenção em relação à legislação sanitária, trabalhando as práticas higiênicas dos funcionários, análises de limpeza e laboratoriais.
“Dessa forma, por meio de um cronograma, coletamos amostras junto com o veterinário da inspeção municipal e encaminhamos para o laboratório credenciado. Com isso, obtemos um laudo para verificar se está dentro dos parâmetros exigidos pela legislação e, após, o produto é liberado pela expedição para ser comercializado.”
ASSISTÊNCIA
O apicultor Jaime Espedito Veber ressalta a expressiva evolução no trabalho, após o início do projeto.
“Hoje é tudo padronizado e com o Sebrae/SC aprendemos a aproveitar melhor a época da florada e outros requisitos que resultaram em melhoria da qualidade do produto e da renda. A safra passada foi muito boa e estamos nas expectativas para a próxima”, diz o produtor.
O coordenador regional oeste do Sebrae/SC, Enio Albérto Parmeggiani, enfatiza que o desafio só foi superado e o processo evoluiu graças à integração dos esforços dos parceiros (governo municipal, Cidema, Saga, Epagri e Senar). Agora, a consultoria tecnológica aplicada pelo Sebrae/SC na melhoria do processo produtivo, processamento e envase, leva ao novo desafio, o de acesso ao mercado.
“Já obtivemos bons resultados de vendas e estamos apoiando a revitalização de plataforma comercial integrada ao território da Amosc, também em parceria, pois os resultados são consistentes e há espaço para crescer”, comenta.
Fonte: Assessoria de Comunicação com edição d’A Lavoura