Apesar de ter sido deixada de ser aplicada por alguns produtores, devido ao avanço do plantio mecanizado, o sistema de plantio de cana-de-açúcar por Meiosi (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente) voltou a ser utilizado, recentemente. Muitas usinas têm adotado essa prática a fim de acelerar a adoção de novas variedades mais produtivas e modernas, resultando no aumento de produtividade.
O método consiste em intercalar lavouras de interesse econômico e agronômico (amendoim e soja, principalmente) com o canavial para reduzir custos de implantação, melhorar o sistema de logística e o local de cultivo (condições químicas, físicas, biota e microbiota do solo). Além disso, o sistema protege o solo contra erosão no período de renovação do canavial A técnica, que vem sendo utilizada por algumas usinas de processamento de cana-de-açúcar em diversas regiões do Brasil, também pode ser usada por produtores para viabilizar a implantação do canavial.
Uma das empresas que aderiu à tecnologia do Meiosi foi a Usina Santa Isabel, localizada em Novo Horizonte, no interior de São Paulo, onde a técnica vem sendo aplicada e tem se mostrado eficiente não só na redução de custos como na assertividade de planejamento. “O sistema de Meiosi utilizado Santa Isabel vem demostrando ser um aliado poderoso para acelerar a multiplicação de cultivares, além de proporcionar alto retorno produtivo”, afirma o diretor comercial do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Luis Gustavo Dollevedo.
Segundo o diretor do CTC, a técnica também é uma boa alternativa para ser aplicada juntamente com o plantio mecanizado, mas, neste caso, é preciso ficar atento para alguns fatores. “É importante que o produtor observe à janela de plantio; além disso, o planejamento para plantar a muda na época certa é fundamental (a muda deve estar com 4 a 6 meses para que possa ser replantada corretamente) e influencia também na escolha da variedade e na quantidade necessária de mudas para a área”, explica.
Dollevedo afirma que a escolha da variedade para o sistema de Meiosi deve atender aos quesitos técnicos que se espera da área de canavial. Os critérios mais utilizados são a proteção do terreno contra erosões; produção de palhada (diminuindo a germinação de plantas daninhas e a evaporação de água do solo); melhoria da disponibilidade de nutrientes (aumenta a quantidade de matéria orgânica) e das condições físicas do solo (melhorando a aeração e penetração de água), redução do tráfego de veículos e implementos pesados nas áreas de canaviais (reduzindo custos com aquisição e transporte de mudas) além da minimização dos custos com a adubação no canavial (principalmente dos insumos nitrogenados).
Ainda segundo o diretor do CTC, é preciso ter alguns cuidados ao se optar pelo Meiosi nas propriedades. “É importante que a usina ou o fornecedor que escolha esse método de plantio opte pela rotação de culturas, o que favorece a otimização de insumos e contribui para a fertilidade do solo e controle de erosão – pontos importantes para a manutenção da sustentabilidade da lavoura”, recomenda.
“Atualmente, a área destinada ao Meiosi tem sido muito utilizada em viveiros, com uma participação pequena em área comercial, porém, a tendência é que esse processo cresça, inclusive sendo feita de forma mecanizada”, prevê Dollevedo.
DECISÃO ASSERTIVA
O supervisor agrícola Jorge Palota, à frente projeto na Santa Isabel, resolveu apostar nesse sistema e garantiu não só um rendimento maior, mas principalmente o atingiu as metas de prazo de plantio. “Começamos esse projeto em setembro de 2013 e conseguimos contabilizar ganhos de produtividade, otimização de mão de obra, além de finalmente conseguirmos cumprir o as metas de planejamento de plantio para a safra”, explica o agrônomo.
Hoje o Meiosi já representa 44% da área de cana usina em relação aos outros métodos de plantio. “Queremos ocupar cerca de 50% da nossa área com plantio de cana pelo sistema Meiosi, pois esse sistema permite plantar mais em menos tempo”, planeja Palota.
Por equipe SNA/SP