A melhora nos prêmios pagos deve levar o sojicultor de Mato Grosso a plantar mais variedades convencionais (não-transgênicas) na safra 2017/2018. A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja-MT) acredita na possibilidade do próximo plantio alcançar pelo menos 15% de área com o grão que não é geneticamente modificado. Na safra atual, a proporção foi estimada em 10% da área.
Com ao avanço da biotecnologia no campo, a soja convencional se tornou um nicho de mercado. Estimativas apontam que, no Brasil mais de 96% das lavouras são plantadas com soja transgênica. Em período de demanda mais aquecida, quem cultiva o grão convencional pode obter bons diferenciais de preço pelo produto.
Na safra atual, esses prêmios chegaram a variar de R$ 7,00 a R$ 18,00 a saca de 60 quilos em relação à transgênica, diz Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja de Mato Grosso. A demanda por esse tipo de grão está bastante aquecida.
“A gente vê a soja convencional mostrando rentabilidade acima do mercado de soja transgênica”, disse o presidente da Aprosoja-MT, para quem os prêmios tem se mantido firmes também na venda de soja antecipada de soja convencional da safra 2017/2018. “Na semana passada, eu mesmo vendi a R$ 74,00 quando a soja transgênica estava a R$ 58,00.”
Endrigo Dalcin acredita que essa procura pela safra de soja não-transgênica que ainda não foi plantada acentua o interesse dos compradores, especialmente os europeus, de garantir os volumes e evitar problemas de abastecimento.
Incerteza
Em que pese o otimismo em relação à soja convencional, o cenário ainda é de incerteza para a próxima safra mato-grossense. O presidente da Aprosoja-MT considera possível a manutenção ou até mesmo uma redução da área plantada no Estado.
Pesa sobre a decisão o atual nível de preços internacionais, disse Dalcin. Mais negociado na Bolsa de Chicago, o contrato para julho próximo fechou a US$ 9,48 por bushel em 24 de maio. Nesta quarta-feira (31/5), fechou cotado a US$ 9,16 o bushel.
Dalcin disse que as cotações estão condicionadas aos rumos da safra 2017/2018 dos Estados Unidos. Até o final da última semana, o plantio chegou a 67% de área reservada para a cultura com 37% de lavouras já emergindo. No relatório de oferta e demanda de maio, o USDA estimou a área de 36.22 milhões de hectares (89.5 milhões de acres). Do total, 35.86 milhões devem estar aptos para a colheita, podendo resultar em uma safra de 115.8 milhões de toneladas de soja.
“Se o clima colaborar e eles colherem acima de 120 milhões de toneladas, vamos ver preços mais baixos. Áreas mais arenosas, de menos potencial produtivo em Mato Grosso, vão ser deixadas de lado, cultivadas com outra coisa, não soja”, disse Endrigo Dalcin.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) acredita em uma leve aumento de 0,22% na área de soja na safra 2017/2018. Deve passar de 9.39 milhões para 9.41 milhões de hectares. Mas a produtividade deve cair, resultando em uma produção de 30.58 milhões de toneladas (-2,08%).
Números do instituto, divulgados no início desta semana, mostram um ritmo maior de compra de insumos para o próximo plantio. Até o final de abril, 67,36% do volume necessário já tinham sido adquiridos. No mesmo mês em 2016, essa proporção estava em 55,76% do total.
O presidente da Aprosoja-MT disse que há diferenças de ritmo de demanda por insumos a depender da região. Agricultores que pretendem iniciar o plantio logo depois do vazio sanitário e enfrentaram menos problemas nas últimas safras compraram mais.
“Em regiões que tiveram problemas de endividamento no ano passado, com a queda nos preços de Chicago, esses produtores estão na incerteza”, disse Endrigo Dalcin, que esteve em São Paulo onde participou de em evento realizado pela multinacional Monsanto.
Milho
Com a colheita do milho safrinha no início em Mato Grosso, a expectativa é de bons níveis de produtividade e uma colheita superior a 30 milhões de toneladas. “As últimas chuvas trouxeram uma produtividade maior nos últimos milhos plantados, que eram sempre os que derrubavam a produtividade. O problema é o preço, que diminuiu muito”, disse Dalcin.
Até o final da última semana, as máquinas haviam colhido 1,06% dos 4.7 milhões de hectares plantados, de acordo com os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. Só na semana passada, o milho teve uma desvalorização superior a 3%, cotado a R$ 15,63 a saca, em média.
Para dar sustentação aos preços, o governo entrou no mercado leiloando contratos de opção de venda e prêmios de escoamento e de equalização para o cereal de Mato Grosso. Endrigo Dalcin ressalta que o apoio vai possibilitar o escoamento do cereal a R$ 16,50 a saca de 60 quilos.
“Não remunera, mas não deixa o produtor em uma situação tão difícil quando tinha antes de vender a R$ 12,00/R$ 11,50 em algumas regiões de Mato Grosso”, disse.
Fonte: Globo Rural