O marketing e a comunicação, associados às estratégias que a agroindústria ou processadoras utilizam para conquistar seus clientes, em um mundo cada vez mais globalizado, estão presentes em tudo que se compra e vende. E no meio rural não deve ser diferente: tanto os grandes e médios como os pequenos produtores podem adotar essas estratégias para alavancar seus negócios.
“Sob o ponto de vista de marketing, em algumas ocasiões, pode até parecer difícil para empresários rurais entenderem como a comunicação pode agregar valor aos seus produtos, que são considerados commodities. Porém, quando mercados importadores e consumidores passam a exigir cada vez mais transparência e acesso à origem daquilo que foi produzido, o marketing passa a ser muito mais necessário”, relata Ricardo Campo, especialista em marketing e comunicação do agronegócio.
Nesse contexto, segundo ele, surge o branding, que dentro desse universo corresponde à gestão de marcas. “Um fato curioso é que branding tem origem na pecuária, do verbo “to brand”, e na forma como os criadores marcavam seus rebanhos para identificá-los e atribuir valor. Saber que o branding tem raízes no agro é, no mínimo, inspirador para colocá-lo em prática no meio rural”, diz ele, em entrevista à equipe SNA/RJ.
De acordo com Campo, “se o branding já está presente entre os principais agentes do agronegócio, antes e depois da porteira, por que não colocá-lo em prática também entre os produtores, dentro de suas porteiras?”.
CONSOLIDANDO OS NEGÓCIOS
Integrando a equipe de comunicação do Rabobank, o também especialista em Marketing de Varejo e MBA em Marketing afirma que existem muitos exemplos de como o marketing tem ajudado a consolidar negócios na produção de alimentos, biocombustíveis e fibras.
“As processadoras de alimentos sempre foram referências na forma como desenvolvem marcas e promovem seus produtos. No entanto, também devemos destacar o excelente trabalho de marketing que as cooperativas agrícolas fazem para estabelecer suas conexões com o mercado e os consumidores, mas principalmente pelo desafio de manter um nível de comunicação e relacionamento com suas bases de produtores cooperados.”
Na opinião de Campo, iniciativas como essas, aliadas às boas práticas do agronegócio brasileiro, devem estar na pauta de todo comunicador, seja ele do campo e da cidade. “Devemos dar a devida importância ao setor agropecuário nacional, que impulsiona nossa economia e, ao mesmo tempo, aumentar o nível de conhecimento dos consumidores sobre como o agro está presente diariamente em nossas vidas.”
Segundo o especialista, “da mesma forma, se todos os agentes do agro brasileiro passarem a ter consciência de que o marketing e a comunicação podem trazer benefícios para toda a cadeia, passando a considerá-lo na gestão de seus negócios, para posicionar suas marcas e produtos no Brasil e lá fora, já teremos uma grande conquista”.
ESTRATÉGIA PARA TODOS
Estratégias de marketing e comunicação podem ser implementadas por todos os tipos de empresas rurais, sejam elas de grande ou pequeno porte, independentemente do setor. “E aqui vale desmitificar que o marketing, assim como a gestão de comunicação e marcas, não são privilégios de grandes empresas ou corporações, e estão acessíveis a todos os empreendedores, inclusive aos produtores rurais, tanto agricultores como criadores”, garante Campo.
Um plano de marketing eficiente deve levar em conta uma série de fatores: o mercado e o segmento em que atua; e o nível de concorrência e a capacidade de investimento. “Mas certamente poderá ser adaptado ao porte e ao momento de gestão de cada empreendedor. Isso porque é possível planejar um cronograma para ações criativas e com ótimo custo benefício sob o ponto de vista de investimento”, afirma.
Mais do que apenas fazer uma campanha de propaganda, o marketing deve estar integrado a outras ferramentas de comunicação, tais como eventos e experiências, promoção de vendas, marketing direto, comunicação digital, assessoria de imprensa e um bom relacionamento com a mídia e com a comunidade em que se atua.
“Até mesmo dentro da organização, com o endomarketing, o marketing favorece a gestão de pessoas engajando, retendo e criando a cultura da marca junto aos funcionários.”
EMPRESAS RURAIS
Aspectos como ganhos de escala, controle de custos, gestão e governança fazem parte do dia-a-dia das empresas rurais bem sucedidas.
“Outro ponto de destaque é a cooperação, que sempre esteve presente no meio agrícola e contribui bastante para o marketing rural. Com cooperação e parcerias estratégicas é possível obter sinergia e ganhos para as marcas rurais, antes, dentro e depois da porteira.”
Um exemplo disso, continua Campo, “é como grandes players já se associam a produtores para poderem promover ‘vitrines’ em suas fazendas com Dias de Campo e Road shows. “Mas o caminho inverso também é possível, quando cooperativas agrícolas ou produtores, individualmente, podem realizar ações cooperadas com as grandes corporações, para alavancar suas marcas e promover seus produtos.”
Por equipe SNA/RJ