Margens polpudas tendem a estimular plantio de algodão

Mesmo com a recente queda dos preços do algodão no mercado internacional, provocada pela crise financeira na Turquia, a rentabilidade da pluma deve permanecer em alta para o produtor brasileiro, estimulando o avanço da área na safra 2018/19. As primeiras estimativas indicam aumento entre 14% e 19% na área semeada.

“Temos um cenário, pelo terceiro ano seguido, de redução de estoques. Então, estamos muito confortáveis com as perspectivas de mantermos preços entre 80 e 90 centavos a libra-peso nos próximos 12 meses”, disse Aurélio Pavinato, presidente da SLC Agrícola, uma das maiores do setor de grãos do país, em teleconferência com analistas na primeira quinzena de agosto.

“A perspectiva de demanda superior à produção é resultado da menor área plantada na China, Índia e Austrália”, afirmou Pavinato. Além disso, há previsão de quebra da safra nos EUA.

Para Stefan Vogel, gerente global da área de commodities agrícolas do holandês Rabobank, a cotação do algodão tende a cair um pouco. “Com o colapso na Turquia, os preços podem cair nos próximos seis meses para perto de US$ 0,75 a libra-peso e voltar para algo em torno de US$ 0,78”, disse Vogel. “Ainda num patamar muito bom”, acrescentou.

A forte desvalorização da lira turca na primeira quinzena deste mês provocou turbulência nos mercados e um efeito dominó, afetando outros emergentes como o Brasil. No caso do algodão, pesa o fato de a Turquia ser um destino importante da fibra exportada por produtores brasileiros. Em 2017, segundo o Ministério da Agricultura, o país foi o destino de 14% do algodão embarcado pelo Brasil.

“Se por um lado a crise na Turquia provoca uma dúvida sobre o consumo no país, por outro, eleva a competitividade das exportações brasileiras, porque enfraquece o real”, observou Vitor Adrioli, consultor da INTL FCStone.

Nesse cenário, avaliou Victor Ikeda, analista do Rabobank, a expectativa é que o Brasil semeie cerca de 1.4 milhão de hectares no ciclo 2018/19, cujo plantio começa em novembro. “Estive em Sapezal, oeste de Mato Grosso, e há muitos fazendeiros aumentando área entre 30% e 40% na região”.

O oeste de Mato Grosso é responsável por 35,5% da colheita do estado, que é o maior produtor de algodão do país. “Só um cliente aqui do banco deve aumentar a área em 10.000 hectares”, afirmou Ikeda.

A projeção da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é que a área com a cultura alcance 1.330 milhão de hectares no novo ciclo, com alta de 14% em relação aos 1.176 milhão de hectares estimados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2017/18.

Segundo a primeira projeção da consultoria Céleres, a área semeada com algodão no país deve chegar a 1.347 milhão de hectares, com produção inicialmente estimada em 2.145 milhões de toneladas.

 

Fonte: Valor Econômico

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