Mais Soja: SNA defende plano logístico para ferrovias e programa de contingência para o agro

O Brasil necessita, em caráter de urgência, de uma política de transportes voltada para ampliação da rede de ferrovias existentes, no âmbito de um plano logístico nacional, para diminuir o Custo Brasil . A afirmação é do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e presidente da Associação Brasileira de Sistemas Inteligentes de Transportes, Chequer Jabour Chequer.

Ele defende ainda a elaboração de um plano de contingência para o agronegócio, com ênfase em logística e suprimento, para determinadas atividades que o setor desenvolve. O objetivo é contornar as eventualidades que possam ocorrer (como, por exemplo, a recente greve dos caminhoneiros) e que demandam tempo imprevisível para solução.

Neste caso, o plano poderá contemplar situações emergenciais no agro, que colocam em risco serviços em áreas de extrema vulnerabilidade, como a movimentação de cargas vivas e o fornecimento de ração para a sobrevivência de aves e animais.

Hélio Sirimarco, vice-presidente da SNA, concorda com a iniciativa e acrescenta que “é de interesse comum de diversos agentes da agroindústria a busca pela redução das perdas logísticas que ocorrem nos diversos procedimentos realizados em sua cadeia produtiva”.

“Problemas de transporte e armazenagem são alguns dos fatores que levam profissionais a procurar soluções que diminuam as perdas e, claro, aumentem os resultados positivos. Porém, dados como déficit econômico de mais de R$ 2 bilhões no ano de 2015, causados por gastos desnecessários no mercado de grãos, trazem preocupações ao setor”, ressalta Sirimarco.

Estudos realizados no setor logístico indicam os valores das perdas na produção de grãos em diversos estados, como em Goiás (0,93%); Rio Grande do Sul (1,73%), no caso da soja, e Mato Grosso (1,76%), em referência ao milho. As pesquisas revelam também que a atividade logística que mais apresenta déficit econômico é a armazenagem, responsável por 67,2% na perda da produção.

GRANDES EIXOS

Em relação à malha ferroviária, Chequer ressalta que o País “precisa sair dos 20,7% da matriz correspondente às linhas férreas” (conforme os dados da Confederação Nacional do Transporte/ CNT), “para buscar um patamar próximo a 40%, observado nos países de grandes extensões territoriais e grande movimentação de commodities”.

Segundo o diretor da SNA, é necessário implantar grandes eixos ferroviários, estudados e planejados, como forma de evitar os descompassos da matriz atual. “Paralelo a estes eixos, a construção de ferrovias de curta distância, no desenho de uma espinha de peixe, poderia dar apoio à rede, distribuindo e captando cargas de centros urbanos, dentro de um considerável limite de alcance”.

Chequer afirma que atualmente a competitividade do País, em termos de custos da produção agropecuária, é atingida pela oneração dos produtos transportados pelo modal rodoviário, “que implica em custos bem superiores ao ferroviário, da ordem de 300%”.

O diretor lembra que, de acordo com a logística ferroviária, um vagão corresponde a três caminhões e meio, e que um trem com 80 vagões equivale a 280 caminhões.

HIDROVIAS

Além da importância do sistema ferroviário, Chequer considera que as autoridades das agências reguladoras e órgãos federais encarregados da concepção de planos logísticos, dentre eles a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) do governo federal, deveriam investir no modal hidroviário.

De acordo com dados da CNT de 2014, o País contempla 8.000 km de costas e mais de 40.000 km de vias passíveis de navegação, que hoje representam somente 13,6% da carga transportada no Brasil, por vias marítima e fluvial.

“Esta modalidade oferece o menor custo de transporte. É importante que se faça um estudo das vias navegáveis com indicação do potencial de utilização, e que permitam seu pleno aproveitamento, mesmo que para isto sejam realizadas intervenções fluviais pontuais, a fim de permitir a navegação de barcos para o escoamento das safras agrícolas, notadamente das regiões Centro-Oeste e Norte do País”, destaca o diretor da SNA.

TRANSPORTE E ARQUITETURA

Em linhas gerais, iniciativas como o novo Plano Nacional de Logística, da estatal EPL, que está em fase de finalização, prometem alavancar o setor, na visão de Chequer.

“Este projeto caminha na mesma direção do Plano Nacional de Logística de Transporte, ou seja, busca uma matriz que responda, de forma eficaz, à construção de uma logística firme e consistente, para o atendimento das múltiplas demandas brasileiras, em todas as áreas de negócios internos e externos”. Para o diretor da SNA, um plano desse gênero deve levar em consideração aspectos da logística em níveis governamental, setorial e internacional.

“Transporte, por excelência o de longa distância, e arquitetura logística aplicada ao escoamento de produtos em tempo hábil para atendimento de demandas globalizadas, são vetores essenciais à elevação de nossos níveis de desempenho”, conclui Chequer.

GREVE DOS CAMINHONEIROS

Ao comentar os efeitos posteriores à paralisação dos caminhoneiros, Chequer observa “a falta de um critério na evolução específica do preço do diesel, considerando que o combustível é utilizado para a movimentação de mais de 61% das cargas transportadas no País”.

“Nos meses precedentes à paralisação, foram aumentos praticamente diários, o que afeta a programação de despesas por parte dos caminhoneiros autônomos e empresas transportadoras”.

Já em relação ao preço do frete, o diretor da SNA considera duvidosa a Política de Preços Mínimos de Transporte Rodoviário de Cargas (Medida Provisória 832/2018).

“Seria insuportável para o agronegócio a elevação nos custos de transporte. Fala-se em aumento de até 150%, o que seria de imediato repassado aos produtos, gerando uma reação em cadeia, em todos os segmentos da engrenagem produtiva, com reflexo imediato na economia nacional e no bolso do consumidor”.

 

Fonte:  + Soja

 

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